No mercado do trigo o quadro é diferente porque a realidade climática da América do Sul, no verão, não faz efeito, pelo menos por enquanto. Assim, em Chicago, o bushel do cereal ficou praticamente nos mesmos valores de meados de dezembro passado.
Ou seja, em 16/12 o valor era de US$ 7,70, enquanto no dia 10/02 o mesmo estava em US$ 7,71, tendo chegado mesmo a US$ 7,51 no início de fevereiro. O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no dia 09/02, pouco trouxe de novidades ao mercado do cereal. Para 2021/22 a safra dos EUA continua em 44,8 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais no país ficam em 17,6 milhões.
No Brasil, a produção foi mantida em 7,7 milhões, enquanto na Argentina a mesma fica em
20,5 milhões de toneladas. Em termos mundiais o volume foi levemente reduzido, agora para 776,4 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais ficariam em 278,2 milhões de toneladas, com um recuo de 1,7 milhão sobre o indicado em janeiro. Enfim, o preço médio ao produtor de trigo dos EUA, para o corrente ano comercial, ficaria em US$ 7,30/bushel.
Dito isso, na semana encerrada em 03/02 os EUA embarcaram 417.750 toneladas de trigo, ficando dentro das expectativas do mercado. No acumulado do ano comercial atual, os embarques estadunidenses chegam a 14 milhões de toneladas, ou seja, 18% abaixo do registrado em igual momento do ano anterior.
E no Brasil, os preços subiram mais um pouco entre dezembro e fevereiro. O saco do cereal, que estava na média gaúcha de R$ 83,09 em 16/12, passou a R$ 85,26 na média da corrente semana de fevereiro. No Paraná, no mesmo período, o produto se manteve entre R$ 88,00 e R$ 92,00/saco.
Na prática, a revalorização do Real nestes últimos dias, assim como a manutenção dos preços externos, pressionam para baixo os preços do trigo nacional. Todavia, a demanda continua firme, tanto interna quanto externa. Mesmo com a última safra resultando em 7,7 milhões de toneladas, há muito problema de qualidade em parte do produto colhido no país. Com isso, as importações brasileiras de trigo se mantêm elevadas, ultrapassando as 6 milhões de toneladas nos últimos 12 meses. Para o corrente ano o total a ser importado chegaria a 7 milhões de toneladas.
Enfim, nestas importações, a Argentina recuperou sua participação, tendo o vizinho país exportado 5,43 milhões de toneladas para o Brasil em 2021, com alta de 19% sobre 2020. Com isso, a Argentina representou 87,3% do volume total importado em trigo pelo Brasil. Essa participação não era observada desde 2006.
Lembrando que em 2014, devido a política de controle de exportação imposta pelo governo argentino, a participação do vizinho país nas importações brasileiras do cereal ficou em apenas 27%. Vale ainda destacar que no início do atual ano comercial 2021/22, o Brasil já
adquiriu quase 500.000 toneladas do produto argentino, contra 210.000 em igual momento do ano comercial anterior
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).