A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada é de 3.131 kg/ha. A cultura está em implantação, que já foi efetuada em 98% da área projetada.
Houve a ocorrência de chuvas na maior parte das regiões produtoras, concentradas nos dias 13 e 14/01, o que deu sobrevida a cultivos afetados pela insuficiência de umidade nos solos. Contudo, a Oeste e na faixa Central do Estado, as precipitações foram insignificantes ou nem ocorreram, prosseguindo o déficit hídrico e seus efeitos sobre as lavouras. A cultura apresenta grande variação de potencial produtivo em relação à época de plantio, à (má) distribuição das chuvas e às condições topográficas.
Observou–se lavouras com plantas de porte médio a elevado, coloração verde, mas com população adequada e sem qualquer sinal de estresse. Na mesma região, encontram–se lavouras com plantas amareladas, com desfolha, porte baixo, estande inadequado e até mesmo morte de plantas nos casos de estresse hídrico mais extremo. Mesmo com a capacidade de emissão de novos ramos, que podem compensar parcialmente os problemas de baixa população, as plantas não encontram condições ambientais favoráveis para expressar essa característica. A diferença de situação evidencia que o plantio em solos de textura arenosa e, principalmente, em rasos não é adequado em anos com previsões de restrição de chuvas.
Na Metade Sul, observa–se o ótimo desempenho de lavouras estabelecidas em áreas de várzeas. Houve ampliação do uso de irrigação por sulco–camalhão, considerando a grande quantidade de barragens disponíveis e o relevo plano característico da produção de arroz, que estão entrando na rotação com a oleaginosa, atualmente mais influenciada por condições de mercado do que pelas vantagens agronômicas.
Em termos regionais, as perdas no potencial de produtividade e as dificuldades no desenvolvimento são mais aparentes nas regiões Oeste e Central, mas acontecem pontualmente nas demais, com exceção da Nordeste, onde, nos Campos de Cima da Serra, a evolução dos plantios é considerada normal. Apesar dos levantamentos indicarem perdas municipais e regionais, é preciso cautela ao generalizar os dados em âmbito estadual, pois, numa eventual manutenção de umidade nos solos em teores adequados, e dependendo do nível de danos, as lavouras têm boa capacidade de recuperação. Mesmo que estejam em floração (18% da área plantada), elas podem se restabelecer, visto que a maior parte das cultivares são de crescimento indeterminado, ou seja, as plantas podem emitir novos pendões e ampliar a estrutura, compensando parte do potencial produtivo afetado.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, mesmo em condições de solo seco, alguns produtores avançaram com o plantio e replantio de lavouras, entre 09 e 12/01, para a conclusão das operações, considerando as previsões de chuvas para o final do período.
Na Fronteira Oeste, em Alegrete e em Maçambará, há relatos de lavouras que já estão no segundo replante, assim como as áreas irrigadas, onde a falta de umidade e o calor excessivo provocaram a perda da viabilidade das sementes ou o tombamento das plântulas recém-emergidas. As chuvas registradas foram de baixo volume, e a distribuição foi desuniforme, aumentando as chances de fracasso para essas novas semeaduras. Em São Borja, ainda restam cerca de 10% da área projetada a ser implantada, aproximadamente 10.000 hectares.
Os produtores em geral estão cautelosos, evitando a semeadura antes da ocorrência de chuvas mais expressivas. Na região da Campanha, em Aceguá, os produtores retomaram as aplicações de herbicidas, que estavam paralisadas devido ao nível insuficiente de umidade no solo. Em Hulha Negra, ocorreram ataques de ácaros, justificando a aplicação de inseticidas. As lavouras com porte mais baixo receberam aplicações de fertilizantes foliares para estimular o crescimento antes do início da fase reprodutiva. Para as lavouras que estão em fase de floração e início de formação das vagens, as chuvas registradas foram muito importantes para evitar o abortamento dessas estruturas.
Na de Caxias do Sul, as lavouras apresentam boa sanidade e vigor, e os produtores realizaram tratamentos fitossanitários preventivos. As precipitações, em algumas regiões, foram pouco abaixo da média, mas as condições das lavouras continuaram satisfatórias, mantendo-se a expectativa de bons rendimentos.
Na de Frederico Westphalen, restam 5% da área de cultivo a ser implantada, especialmente em sucessão a lavouras de milho. A cultura apresenta o desenvolvimento bastante lento, com baixa estatura e sintomas visíveis de déficit hídrico. O controle de plantas invasoras também foi prejudicado, e há elevação da infestação de plantas, como de leiteiro (Euphorbia heterophylla) e de caruru (Amaranthus spp), aumentando a competição por nutrientes e água.
Na de Pelotas, as chuvas ocorridas no período favoreceram a recuperação dos cultivos, que, em sua maior parte, estão em desenvolvimento vegetativo. Houve mudança no aspecto visual das lavouras e fechamento de entrelinhas, favorecendo a conservação de umidade nos solos. Os produtores também aproveitaram a reposição de umidade para encerrar o plantio.
Na de Porto Alegre, as chuvas favoreceram a retomada do desenvolvimento da cultura. Na Região Centro Sul, em Cerro Grande do Sul, em Dom Feliciano e em Chuvisca, as precipitações foram acompanhadas por granizos, ocasionando perdas; os agricultores solicitaram cobertura de Proagro.
Na de Santa Rosa, apesar das precipitações e melhoria do quadro na maior parte da região, persiste a perspectiva de redução de produtividade. Alguns municípios que decretaram situação de emergência pela estiagem apontam redução de até 20% sobre a expectativa inicial. A semeadura avançou pouco, apenas em regiões onde ocorreram chuvas em volume adequado. A área semeada passou de 94% para 97%, em especial nas áreas onde havia milho, que já foi colhido ou cortado para silagem. Na maior parte da Região Fronteira Noroeste, os volumes de chuvas foram adequados, e as lavouras do cedo, em áreas de solos profundos, cobriram as entrelinhas com o dossel. Entretanto, a situação é heterogênea, já que, em solos mais rasos, as lavouras foram mais prejudicadas. Na Região das Missões, o volume precipitado ainda foi insuficiente, e a maior parte das lavouras apresentam menor porte das plantas, encurtamento dos entrenós e aspecto mais amarelado. As lavouras semeadas em meados de novembro apresentam problemas de estande, e os produtores avaliam realizar a ressemeadura com cultivares de ciclo mais curto.
Na de Soledade, o déficit hídrico atingiu um número maior de lavouras em florescimento e, de forma pontual, provocou a queda de flores e vagens, afetando o seu potencial produtivo. No entanto, a ocorrência de chuvas proporcionou uma recuperação, ao menos temporária, e os impactos na produtividade ainda são pouco significativos.
Programa Monitora Ferrugem RS
Laudo da presença de esporos da ferrugem asiática O laudo apresenta os resultados do monitoramento de esporos do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem asiática da soja, em Unidades de Referência Técnica no Estado do Rio Grande do Sul.
Há ocorrência de esporos da ferrugem asiática da soja, na última semana, em municípios diversos do RS. Nesta safra, tem–se observado massas de esporos em diferentes regiões e datas, provavelmente em função das correntes de vento.
Recomendam–se cuidados redobrados, principalmente nas áreas com semeadura tardia, pois são mais propensas à ocorrência da doença em função da presença de esporos e de condições climáticas favoráveis.
Comercialização (saca de 60 quilos)
Segundo o levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS–Ascar no Estado, o valor médio apresentou elevação de +0,21%, passando de R$ 173,59 para R$ 173,96.
Fonte: Informativo Conjuntural n° 1746 – Soja – Emater/RS