A semana foi marcada por um mercado de trigo brasileiro pouco movimentado, com negociações pontuais e preços praticamente estáveis. No Rio Grande do Sul, a base de compra no mercado FOB interior se manteve em torno de R$ 1.300 por tonelada, enquanto no Paraná as indicações para o CIF moinhos oscilaram entre R$ 1.400 e R$ 1.450 por tonelada.
Segundo o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, a baixa liquidez está ligada à combinação de oferta interna limitada e forte concorrência do trigo importado. “Mesmo com pouca disponibilidade de trigo nacional, os vendedores enfrentam dificuldades para elevar suas pedidas, em razão da atratividade dos preços do cereal estrangeiro”, afirma. A continuidade dos desembarques externos, favorecidos pelo câmbio, mantém os moinhos abastecidos e reduz a urgência por compras no mercado doméstico.
O levantamento de julho consolidou os números da temporada 2024/25, mostrando importações totais de 7,22 milhões de toneladas (alta de 32% sobre o ciclo anterior) e exportações de apenas 2 milhões de toneladas (queda de 29%). “O déficit na balança comercial do trigo cresceu para 98%, chegando a 5,214 milhões de toneladas”, destaca Bento.
No campo, o clima voltou ao radar com a previsão de uma frente fria trazendo geadas fortes para o Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul. Mais de 60% das lavouras paranaenses estão em fases críticas de desenvolvimento, o que aumenta o risco de perdas.