Na quinta-feira (21.08), a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) concluiu a série América Clima e Mercado com um balanço geral das visitas realizadas em 10 estados norte-americanos. Ao longo de mais de 5 mil quilômetros percorridos, a equipe conversou com produtores e agrônomos, observou as lavouras de perto e ouviu quem realmente vive a realidade do campo nos Estados Unidos da América (EUA). Compuseram a equipe o diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, e o consultor da entidade, Táimon Semler, que acompanharam de perto os cenários locais.

Ao fazer um resumo da experiência, o diretor Diego Bertuol destacou o propósito principal da missão.“Finalizando a América Clima e Mercado do ano de 2025, o intuito da Aprosoja Mato Grosso é trazer a realidade da safra norte-americana. Para isso, rodamos o Corn Belt americano e estados adjacentes. Vimos lavouras bem plantadas, bem conduzidas, em pleno enchimento de grão”, disse Bertuol.

O consultor Táimon Semler ressaltou que cada estado apresentou particularidades, desde problemas climáticos até ganhos produtivos. “Observamos particularidades em cada região. No estado de Iowa, por exemplo, houve bolsões de encharcamento causados pelo excesso de chuvas em julho, que trouxeram prejuízos parciais de produtividade. Já para as Dakotas, a regularidade das chuvas foi favorável. No Nebraska, o bom regime hídrico reduziu o uso de irrigação e as lavouras não irrigadas estão bem desenvolvidas. No Kansas, o desenvolvimento foi abaixo da média dos outros estados, mas ainda acima da média histórica local. Já no Missouri e em Illinois, as temperaturas acima da média geraram preocupação com o enchimento de grãos do milho. Em algumas áreas, o excesso de chuvas prejudicou a implantação das lavouras, mas o engalhamento das plantas compensou a perda de população. Hoje, essas lavouras estão em bom estado”, explicou Semler.

Ao detalhar pontos específicos, Diego Bertuol lembrou que Indiana apresentou dificuldades com chuvas irregulares. “No estado de Indiana, os produtores relataram perdas nos primeiros quinze dias de agosto devido à falta de chuva. Mas também choveu quando saímos de lá, o que deve amenizar a situação. Os produtores acreditam que não haverá recordes, mas, sim, uma boa produção para os Estados Unidos neste ano”, ressaltou Bertuol. Semler também destacou a influência da fertilidade natural do solo sobre os resultados de produtividade. “Observamos um ponto essencial: a formação dos solos. São solos de alto nível de matéria orgânica, com excelente potencial de desenvolvimento de plantas, aliado a um clima favorável. Muitas vezes, buscamos identificar qual manejo específico garante maiores produtividades, mas, na verdade, o que faz diferença é a condição de ambiente de produção. O uso de dejetos animais e o processamento primário de grãos também são pontos-chave. Aqui, há produtores que colhem muito e outros que ficam em média mais baixa, mas impressiona que em algumas lavouras nem se vê rastro de pulverizador, porque não aplicam fungicidas nem inseticidas”, explicou o consultor.

Na mesma linha, Bertuol observou que os poucos tratamentos aplicados se justificam pelo clima mais estável. “Os produtores conseguem essa redução devido às condições climáticas. A maioria relatou que, quando aplicam, é apenas em situações pontuais: uma única aplicação de inseticida ou fungicida, quando há um foco mais forte de doenças ou pragas”, disse o diretor.

A logística também foi apontada como um diferencial dos Estados Unidos. “O que chama atenção é o sistema logístico. Eles contam com hidrovias, ferrovias e rodovias. O produtor não precisa andar mais do que 80 km para chegar a um terminal. Isso dá segurança e incentiva a produzir mais”, pontuou Bertuol.

Já Semler ressaltou que a forte estrutura de processamento interno é outro ponto marcante. “O que também nos chamou atenção foi o processamento primário. Muitos caminhões de grãos que vimos estavam transportando DDG ou ração para dentro das propriedades. Cerca de 90% do milho fica dentro dos Estados Unidos, processado e consumido pelos produtores. Muitos investem em granjas de suínos, aves e bovinos, utilizando os dejetos como insumo agrícola. Isso reduz custos e eleva a eficiência. Já a soja, em grande parte, vai para exportação, e aí surgem os gargalos, principalmente por questões tarifárias que impactam a competitividade”, explicou o consultor.

Sobre a soja, Bertuol acrescentou que as tensões comerciais são motivo de alerta entre os produtores. “As esmagadoras e fábricas de ração já compraram seu volume e saíram do mercado. O excedente da soja preocupa os produtores, porque depende da exportação e está sujeito às tarifas impostas pelo governo americano contra seu principal comprador, a China. Em todos os estados, essa foi a principal preocupação relatada pelos produtores”, afirmou o diretor.

Por fim, Semler destacou um ponto comum entre brasileiros e norte-americanos: a preocupação com a rentabilidade. “O mesmo relato que ouvimos dos produtores brasileiros, ouvimos aqui também: margens muito baixas. Os custos estão altos, mesmo utilizando menos insumos químicos. A margem está apertada, tanto para eles quanto para nós”, finalizou o consultor. Assim, a Aprosoja MT encerrou a quarta edição da série América Clima e Mercado, trazendo um panorama completo da safra norte-americana, das particularidades regionais aos grandes desafios do setor e reforçando a importância de compreender os cenários internacionais para embasar estratégias da produção mato-grossense. A iniciativa já se consolidou como referência e, no próximo ano, terá uma nova edição com ainda mais análises e aprendizados.

Fonte: Aprosoja Mato Grosso

Autor: Fernanda Trindade – Assessoria de Comunicação

FONTE

Autor:Aprosoja Mato Grosso

Site: Aprosoja Mato Grosso

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