• Perdas por matocompetição em soja: 21% para 1 planta/m² de capim-amargoso
  • Casos de resistência: Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil
  • Resistencia a herbicidas no Brasil: EPSPs e ACCase
  • Baixa suscetibilidade aos herbicidas haloxyfop, clethodim e glyphosate

Uma das principais plantas daninhas do sistema de produção de grãos, o capim-amargoso (Digitaria insularis), é considerada uma espécie perene, pertencente a família Poaceae (gramínea), com capacidade em formar touceiras, além de se reproduzir por sementes e pequenos rizomas, o que contribui para sua persistência em áreas agrícolas.

A espécie ainda apresenta elevada habilidade competitiva e grande capacidade em causar danos. Estudos demonstram que o aumento da densidade populacional de capim-amargoso em áreas agrícolas eleva a perda de produtividade em função da matocompetição, ao ponto que, 1 planta daninha por metro quadrado, pode resultar em perdas de produtividade de até 21% em soja.

Figura 1. Perdas de produtividade em soja em função da matocompetição com capim-amargoso.

Além da elevada habilidade competitiva, em função da sua capacidade em formar touceiras, é comum observar em alguns casos, plantas de capim-amargoso com resistência a herbicidas que rebrotam após a dessecação, resultando em um controle ineficiente dessa planta daninha.

Até o momento, há registros de resistência do capim-amargoso a herbicidas na Argentina, Bolívia, Paraguai e Brasil. No Brasil, os primeiros casos datam de 2008, 2016 e 2020. Em 2008, registrou-se resistência ao glifosato (inibidor da EPSPs) em áreas de milho e soja. Em 2016, foi identificada resistência aos herbicidas fenoxaprop-etil e haloxifop-metil (inibidores da ACCase) em lavouras de soja. Já em 2020, os relatos apontam resistência múltipla, envolvendo fenoxaprop-etil, glifosato e haloxifop-metil, combinando mecanismos de resistência a inibidores da ACCase e da EPSPs (Heap, 2025).

Mais recentemente, um estudo conduzido por Oliveira Junior et al., (2025) monitorou a ocorrência de casos de resistência a herbicidas em biótipos de capim-amargoso provenientes de diferentes regiões agrícolas do Brasil. Os locais de coleta abrangeram os estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paraná.

De acordo com os resultados observados por Oliveira Junior et al. (2025), foram encontrados biótipos de capim-amargoso com suspeita de resistência para glyphosate, haloxyfop e clethodim, no entanto, apenas um biótipo de capim-amargoso foi considerado de baixa suscetibilidade (classe vermelha) ao haloxyfop e ao clethodim (simultaneamente), mas diversos biótipos apresentaram suscetibilidade baixa ao glyphosate.

Figura 2. Mapas da distribuição das amostras de Digitaria insularis (médias das quatros repetições). As cores indicam a classificação das amostras conforme metodologia proposta pelo HRAC após a interpretação dos resultados de controle visual (%) obtidos aos 28 dias após o tratamento, com o herbicida glyphosate nas doses 1080 e 2160 g e.a h-1 (A e B respectivamente), haloxyfop nas doses 124 e 248 g i.a h-1 (C e D respectivamente), clethodim nas doses 240 e 480 g i.a h-1 (E e F respectivamente). Maringá, PR, 2022.
Fonte: Oliveira Junior et al. (2025)

Considerando os casos de resistência já relatados e a baixa suscetibilidade de alguns bióticos do capim-amargoso a determinados herbicidas, adotar estratégias de manejo integradas que possibilitem a redução das infestações de capim-amargoso em áreas agrícolas é determinante para o obtenção de altas produtividades. Além disso, tanto os casos relatados de resistência quando a baixa suscetibilidade observada por Oliveira Junior et al. (2025) demonstram a dificuldade em se controlar o capim-amargoso na pós-emergência.

Portanto, ferramentas alternativas como o uso de herbicidas pré-emergentes, associadas a práticas integradas, devem ser adotadas em lavouras comerciais para reduzir a pressão de seleção de biótipos resistentes de capim-amargoso a herbicidas, bem como aumentar a eficiência no controle dessa espécie daninha.


Veja mais: Controle em pós emergência de capim amargoso: como manejar? Quais as dicas de utilização?


Referências:

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANTE WEED DATABASE, 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 24/11/2025.

OLIVEIRA JUNIOR, R. S. et al. MONITORAMENTO DE RESISTÊNCIA EM BIÓTIPOS DE Digitaria insularis E Eleusine indica NO BRASIL. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR, 2025. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1hPuAqt9_d1wnHW8-yPqOfHp6VGtKOrQi/view >, acesso em: 24/11/2025.

 

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