A compactação física do solo é um dos principais fatores responsáveis por limitar o crescimento vegetal. Normalmente, solos compactados tendem a apresentam uma baixa fração de macroporos, e consequentemente maior densidade e menor espaço aéreo, condições essas, limitantes ao crescimento de raízes e propício ao desenvolvimento de alguns patógenos de solo. Atrelado a isso, solos compactados tendem a apresentar uma baixa capacidade de infiltração de água, o que favorece o escoamento superficial e erosões, e reduz o armazenamento de água no perfil do solo.
Além disso, estudos demonstram que a redução do volume de raízes em função da compactação do solo pode limitar a absorção de água e nutrientes, reduzindo a produtividade da cultura, resultando em uma menor tolerância das plantas a períodos de déficit hídrico. Conforme demonstrado por Floss (2022), a densidade aparente do solo apresenta relação direta com a absorção de nutrientes pelas plantas de soja (tabela 1), sendo possível observar redução de mais de 50% da absorção de nitrogênio em solos com maior densidade aparente.
Tabela 1. Efeito da compactação do solo sobre a absorção de nutrientes pela cultura da soja.

A consequência da compactação do solo na produtividade da soja é evidenciada por diversos estudos científicos, ambos corroborando a relação negativa entre a compactação do solo e a produtividade da soja. Ao avaliar os parâmetros vegetativos e rendimento de grãos de soja em diferentes níveis de compactação de solo, Savioli et al. (2021) constataram que valores de densidade do solo de 1,3 g cm-3 ou superiores, limitaram o desenvolvimento geral da cultura.
Esses níveis de compactação do solo, também impactaram os níveis de rendimento de grãos da soja, evidenciando as implicações negativas de camadas compactadas no perfil do solo. Em termos gerais, a medida em que há o aumento da resistência do solo a penetração (variável utilizada para mensurar a compactação), há uma redução do rendimento da soja.
Figura 1. Produtividade da cultura da soja em função da resistência da penetração, determinada após o manejo da cultura de cobertura e classificada de acordo com Arshad et al. (1996), em Latossolo Vermelho na safra de 2008/09, muito alta.

Em comparação a plantas cultivadas em solos bem estruturados e sem compactação física (Figura 2), aquelas estabelecidas em solos compactados apresentam menor tolerância a períodos de estresse hídrico, menor capacidade de absorver nutrientes nas camadas mais profundas, redução no crescimento vegetativo e, consequentemente, menor produtividade. Além disso, tornam-se mais suscetíveis a patógenos de solo.
Figura 2. Efeito da compactação do solo (à esquerda) e de solo sem compactação (à direita) no crescimento e desenvolvimento de plantas de soja.

Sendo assim, adotar medidas de manejo integradas que possibilitem o manejo e redução da compactação do solo é determinante não só para a obtenção de boas produtividade em lavouras agrícolas, como também para uma maior estabilidade produtiva, reduzindo os efeitos do déficit hídrico e também contribuindo para a conservação do solo, através de uma melhor infiltração de água no perfil.
Veja mais: Entressafra é momento oportuno para manejo da compactação do solo
Referências:
FALKER. APLICAÇÕES: COMPACTAÇÃO DO SOLO. FALKER, s. d. Disponível em: < https://www.falker.com.br/br/compactacao_do_solo >, acesso em: 30/12/2025.
FLOSS, E. L. MAXIMIZANDO O RENDIMENTO DA SOJA “ECOFISIOLOGIA, NUTRIÇÃO E MANEJO”. Passo Fundo, Passografic, ed. 2, 2022.
SAVIOLI, M. R. et al. COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA SOB DIFERENTES NÍVEIS DE COMPACTAÇÃO DO SOLO. Acta Uguazu, v. 10, n. 2, p. 1-12. Cascavel – PR, 2021. Disponível em: < https://e-revista.unioeste.br/index.php/actaiguazu/article/download/26312/17560/104262 >, acesso em: 17/11/2023.





