Os percevejos mais comuns na soja são o percevejo-marrom (Euschistus heros), percevejo-verde (Nezara viridula) e percevejo verde-pequeno (Piezodorus guildinii).

São pragas sugadoras que provocam distúrbios nas plantas e redução qualitativa e quantitativa dos grãos ou sementes. Para a produção de sementes, há sérios problemas com relação a redução do potencial germinativo e de vigor.

Neste texto vamos estudar a capacidade dos percevejos em interferir no estande de plantas e reduzir a produtividade da soja.

Figura 1. Ataque do percevejo-marrom (Euschistus heros).

Foto Percevejo – Marrom: Euschistus heros
Foto: Alessandro Tadeu.

Os percevejos atacam a cultura da soja, especialmente na fase reprodutiva e se estendem até a colheita. O percevejo mais frequente é o marrom, entretanto, os maiores danos são causados pelo verde-pequeno.

E. heros apresentam dois picos de infestação. O primeiro no final da fase vegetativa e o segundo no enchimento de grãos, causando injúrias diretas na qualidade do produto.

Figura 2. Flutuação de percevejos sugadores de grãos da soja com 2 aplicações de inseticidas (indicadas pelas setas).

Fonte: Guimarães (2014).

O nível de controle (NC) adotado para percevejos muda de acordo com o destino da produção. Se o objetivo é produção de grãos, o NC é de 2 percevejos.m-1, enquanto para sementes é de apenas 1 percevejo.m-1. Quando a produção é destinada para as sementes, o produtor deve atentar ainda mais com a presença de percevejos, visto a elevada capacidade da praga em reduzir a qualidade das sementes.

Alguns percevejos apresentam preferência por cultivares e ameaçam o rendimento dessas. A escolha da cultivar é um manejo que deve ser realizado com o intuito de reduzir as infestações dos sugadores e evitar custos com inseticidas.



A produtividade é afetada pelos sugadores. Dentre as cultivares observadas por Diniz Filho (2019), a BRS 7780IPRO e MSOY8349IPRO são as cultivares mais produtivas mesmo quando estão em contato com a praga (Figura 3).

A escolha da cultivar é extremamente importante, garantindo altas produtividades, quando a semeadura é realizada com genótipos mais resistentes (BRS 7780IPRO). Conforme observado por Diniz Filho (2019), quando comparamos genótipos mais suscetíveis (BRS 8581), encontramos rendimento próximos de 3.000 kg.ha-1.

Figura 3. Porcentagem de produtividade (Kg/ha) e número de vagens por planta de diferentes genótipos de soja.

Fonte: Diniz Filho (2019).

Os percevejos danificam os grãos, tornando-os chochos, pequenos e malformados. O resultado do seu ataque reflete na qualidade do produto final.

Como notamos na Figura 4, após 90 dias da semeadura, houve aumento da população de percevejos. Nitidamente, no trabalho conduzido por Diniz Filho (2019), a cultivar BRS 8581 apresenta a maior densidade de pragas. Considerou-se o Nível de Controle para produção de sementes (1 percevejo.m-1).

Figura 4. Densidade de percevejos durante o desenvolvimento da soja.

Fonte: Sousa (2016).

Em relação as sementes danificadas por percevejos, dentre as cultivares avaliadas por Diniz Filho (2019), destaca-se negativamente as cultivares BRS 8381, BRS 8581 e BRS 7680RR, sendo as mais atacadas pelas pragas, como mostra a Figura 5.

Figura 5. Porcentagem de injúrias por percevejos em cultivares de soja.

Fonte: Diniz Filho (2019).

Em uma pesquisa de Sousa (2016), intitulada “RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE SOJA-SEMENTE (Glycine max (L.) Merril) AO COMPLEXO DE PERCEVEJOS FITÓFAGOS”, testou-se a viabilidade de sementes quando atacadas por percevejos.

Observou-se maior porcentagem de sementes inviáveis quando utilizado cultivares como BRS 8381, BRS 8581 e BRS 8082 CV. Essas cultivares foram consideradas as mais sensíveis à presença da praga, resultando em danos nas sementes e baixas produções.

Conforme é possível observar na Tabela 1, BRS 7780 IPRO apresentou maior resistência ao ataque, não sendo considerada cultivar com preferência pelos percevejos. BRS 7680 RR apresenta grande preferência pelos sugadores, apresentando simultaneamente menores produtividades.

Ou seja, as baixas produtividades (kg.ha-1) estão diretamente relacionadas com a preferência pelo ataque dos percevejos.

Tabela 1. Viabilidade, vigor, porcentagem de sementes viáveis e não viáveis atacadas por percevejos fitófagos.

Fonte: Sousa (2016).

A escolha de cultivares precoces é uma estratégia para reduzir a incidência de percevejos, pois cultivares tardias tendem a concentrar os percevejos das áreas já colhidas e aumentar as infestações justamente quando ocorre a fase crítica de sua presença (final da fase reprodutiva da soja).

Considerações finais.

Os sugadores são tratados preferencialmente por moléculas químicas. No entanto, o controle deve iniciar antes da semeadura, especificamente na escolha da cultivar mais adequada.

Fatores como produtividade e porcentagem de sementes viáveis mesmo sob ataque da praga, são garantias de melhor rentabilidade e segurança para o produtor, principalmente quando a lavoura é destinada para produção de sementes. Estes aspectos podem ser alterados quando os percevejos não são manejados de forma eficiente.

Como vimos anteriormente, algumas cultivares apresentem maior suscetibilidade ao ataque da praga, com redução da produção. Cultivares mais resistentes e com maior produtividade são vistas com BRS 7780IPRO e MSOY8349IPRO.

Genótipos BRS 7380RR, BRS 7680RR, BRS 8381, BRS 8581 e BRS 713IPRO são os mais preferidos para ataque. Com exceção da primeira (BRS 7380RR) as demais apresentaram as mais baixas produtividades.


Veja também: Cultivares tolerantes ao ataque de percevejos: conheça a tecnologia Block


Referências

DINIZ FILHO, J. F. Resistência de genótipos de soja-semente [Glycine max (L.) Merril] a pentatomídeos fitófagos. Universidade de Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Dissertação, 2019. Disponível em: < https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/37173/1/2019_JefersonFernandesDinizFilho%2c.pdf >, acesso em: 02/12/2020.

GUIMARÃES, H. O. Dinâmica populacional e distribuição espacial de percevejos fitófagos em cultivos de soja [Glycine max (L.) Merril]. Universidade Federal de Goiás: Escola de Agronomia, Dissertação, 2014. Disponível em: < https://repositorio.bc.ufg.br/tede/bitstream/tede/5339/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20Humberto%20Oliveira%20Guimar%c3%a3es%20-%202014.pdf >, acesso em: 02/12/2020.

SOUSA, G. C. S. RESISTÊNCIA DE GENÓTIPOS DE SOJA-SEMENTE (Glycine max (L.) Merril) AO COMPLEXO DE PERCEVEJOS FITÓFAGOS. Universidade de Brasília: Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Monografia, 2016. Disponível em: < https://www.bdm.unb.br/bitstream/10483/16447/1/2016_GustavoCezarSousa_tcc.pdf >, acesso em: 02/12/2020.


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Redação: Equipe Mais Soja.

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