O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana com liquidez extremamente reduzida, refletindo a postura defensiva de produtores, cooperativas e compradores diante da expectativa pelos leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira, a combinação de oferta abundante no cenário global e preços internos abaixo do mínimo oficial manteve o viés baixista.

“A expectativa em torno dos instrumentos de apoio, como PEP e Pepro, respaldados pelos R$ 67 milhões já destinados, funciona como o principal vetor de curto prazo”, afirmou. Até a definição de regras, volumes e prêmios, os agentes evitaram novas posições.

No mercado físico, as referências permaneceram essencialmente nominais. No Rio Grande do Sul, os preços FOB oscilaram entre R$ 1.000 e R$ 1.020 por tonelada, operando abaixo do preço mínimo e dependentes de intervenção para destravar o escoamento. No Paraná, as indicações variaram de R$ 1.160 a R$ 1.175 por tonelada FOB, com sustentação relativa maior, mas ainda insuficiente para estimular negócios no mercado spot.

No ambiente internacional, o trigo seguiu pressionado por fundamentos amplamente negativos. A safra global 2025/26 é estimada em 837,8 milhões de toneladas, crescimento anual de 4,6%, enquanto o consumo avança apenas 1,5%, gerando excedente próximo de 15 milhões de toneladas. “Esse descompasso gera um excedente significativo, elevando estoques e limitando qualquer reação consistente de preços”, avaliou Oliveira, destacando que até mesmo as tensões no Mar Negro tiveram impacto secundário diante da abundância de oferta.

No Brasil, apesar da redução de área plantada, a elevada produtividade compensou a retração e manteve a oferta confortável. O Paraná colheu cerca de 2,7 milhões de toneladas, com boa qualidade, mas segue deficitário frente à capacidade de moagem de 3,85 milhões de toneladas, preservando a necessidade de importações. O Cerrado (Minas Gerais e Goiás) e São Paulo registraram safras tecnicamente muito positivas.

Como fator atenuante, a valorização do dólar acima de R$ 5,50 ao longo da semana melhorou a competitividade do trigo nacional e tende a limitar a entrada do produto argentino nos próximos meses. Ainda assim, Oliveira ressalta que o cenário permanece estruturalmente pressionado. “Os leilões da Conab têm efeito paliativo, mais financeiro do que estrutural, sem alterar os fundamentos de oferta elevada e demanda limitada”, concluiu.

Os leilões de PEP e Pepro da Conab, programados para o dia 22 de dezembro, devem apoiar o escoamento de cerca de 198,53 mil toneladas de trigo da safra 2025/26 nos estados do Sul. Caso os volumes não sejam totalmente negociados, o saldo será reofertado no dia seguinte.

Fonte: Ritiele Rodrigues – Safras News



 

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Autor:Ritiele Rodrigues/Safras News

Site: Safras & Mercado

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