A velocidade de semeadura da soja é um dos principais fatores que influenciam a qualidade da semeadura. Embora a regulagem do fluxo de sementes na semeadora seja fundamental para alcançar o estande de plantas desejado, diversos outros fatores podem afetar esse resultado. A variação na velocidade de semeadura tem um impacto significativo na distribuição das sementes, e um aumento nessa velocidade geralmente leva a uma maior incidência de espaçamentos falhos e duplos (Martin et al., 2022).

Para garantir que os mecanismos da semeadora funcionem adequadamente, Balbinot Junior et al (2020) destacam que é fundamental manter a velocidade de deslocamento dentro dos limites recomendados pelo fabricante. Em geral, a faixa de velocidade adequada de deslocamento varia de 4 km/h a 6 km/h, dependendo das características da máquina e das condições do terreno.

A semeadura a uma velocidade excessiva não apenas compromete a uniformidade da distribuição horizontal e vertical de sementes e fertilizantes, mas também aumenta o revolvimento da superfície do solo, resultando em impactos negativos na conservação do solo, da água e no manejo de plantas daninhas.

Avaliando diferentes velocidades de semeadura (3 km/h, 5 km/h, 7 km/h e 9 km/h), Lenhardt et al. (2022) observaram que a velocidade de semeadura impacta a produtividade da soja. Conforme observado pelos autores, as maiores produtividade de soja foram obtidas com a velocidade de semeadura de 7 km/h (próximo ao recomendado para a maioria das semeadoras), corroborando a necessidade de seguir as orientações técnicas.

Figura 1. Rendimento de grãos em função da velocidade de deslocamento.
Fonte: Lenhardt et al. (2022).

Jasper et al. (2011) observaram que o aumento da velocidade de semeadura de 4 para 12 km/h não teve impacto na população de plantas de soja, porém, resultou em uma redução linear no número de espaçamentos aceitáveis, mesmo com o uso de uma semeadora pneumática. Além disso, Martin et al. (2022) destacam que as sementes podem não ser depositadas uniformemente na mesma profundidade, devido às variações nos mecanismos de abertura do sulco e deposição das sementes, bem como pelas irregularidades do terreno e ao acúmulo de palha.



De modo geral, são considerados aceitáveis os espaçamentos que variam entre 0,5 e 1,5 vezes o espaçamento teórico. Por exemplo, se a densidade de semeadura desejada é de 10 sementes por metro, o espaçamento entre as sementes deve ser de 10 cm. Assim, espaçamentos entre 5 cm e 15 cm são considerados aceitáveis. Espaçamentos menores que 5 cm são classificados como duplos, enquanto aqueles acima de 15 cm são considerados falhos (Dias & Cogo, 2020).

Em síntese, a velocidade de semeadura afeta a distribuição de sementes no solo, influenciando o estabelecimento do estande de plantas e uniformidade da lavoura, podendo impactar negativamente a produtividade da soja. Sendo assim, recomenda-se seguir as orientações técnicas pré-estabelecidas pelo fabricante da semeadora, respeitando a velocidade de trabalho estabelecida para a semeadora.


Veja mais: Importância da análise química de solo



Referências:

BALBINOT JUNIOR, A. A. et al. INSTALAÇÃO DA LAVOURA. Embrapa Soja, Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 4. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 28/03/2024.

DIAS, V. O.; COGO, V. B. QUAL A VELOCIDADE IDEAL PARA SEMEADURA. Revista Cultivar, Máquinas, Unipampa Alegrete, 2020. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/noticias/qual-a-velocidade-ideal-para-semeadura >, acesso em: 28/03/2024.

JASPER, R. et al. VELOCIDADE DE SEMEADURA DA SOJA. engenharia AGRÍCIOLA, v. 31, n. 1, p. 102-110. Jaboticabal – SP, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/eagri/a/bkYVHRb7Pgv8kwdrPsLx6vx/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 28/03/2024.

LENHARDT, E. R. et al. INFLUÊNCIA DE DIFERENTES VELOCIDADES DE SEMEADURA NA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Revista Inovação, Gestão e Tecnologia no Agronegócio, v. 1, 2022. Disponível em: < https://revistas.uceff.edu.br/inovacao/article/view/13/3 >, acesso em: 28/03/2024.

MARTIN, T. N. et al. TECNOLOGIAS APLICADAS PARA O MANEJO RENTÁVEL E EFICIENTE DA CULTURA DA SOJA. Editora GR, Santa Maria – RS, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/240497/1/Cap-plantabilidade.pdf >, acesso em: 28/03/2024.

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