Dentre as tecnologias recomendadas nos cereais de inverno, destaca-se a adubação nitrogenada. Esta técnica é apontada em função do teor de matéria orgânica dos solos, a produção que se deseja obter, textura do solo e cultivo anterior.
A aplicação de nitrogênio nas culturas de inverno possui grande influência no rendimento e para que a adubação seja eficiente não devemos atentar apenas para a quantidade do fertilizante, mas também para o momento correto de disponibilização do nutriente para a planta.
O fornecimento adequado de nitrogênio irá influenciar os componentes de rendimento da cultura do trigo de quatro formas distintas:
- Número de espigas;
- Tamanho da espiga;
- Número de grãos;
- Peso de grãos.
Para isso, a época em que o nutriente será aplicado é o que vai definir sob qual componente de rendimento se refletirá o aumento da produtividade.
De uma maneira geral, é recomendado que a dose a ser aplicada na semeadura seja de 15 a 20 kg/ha, sendo o restante aplicado em cobertura, entre os estádios de afilhamento e de elongação (aproximadamente entre 30 e 45 dias após a emergência). No caso de doses mais elevadas, pode ocorrer o parcelamento em duas aplicações, sendo a primeira no início do afilhamento e a segunda no início do alongamento.
Em vídeo realizado pelo pesquisador Marcelo Gripa Madalosso, ele ressalta que dentro da escala fenológica da cultura do trigo, o determinante para se tomar a decisão não é exclusivamente o visual ou a morfologia externa da planta, e sim a detecção do ápice de crescimento, internamente, em virtude de que da emergência até a fase de duplo anel o consumo de nitrogênio pela planta é oriundo do nitrogênio que foi aplicado na semeadura. Depois desse período, os componentes da espiga serão definidos, da fase de duplo anel até a espigueta terminal, definindo-se o número de espigueta por espiga e grãos por espigueta.
Dessa forma, Marcelo destaca que entre a fase de duplo anel até a espigueta terminal o suprimento com nitrogênio é de extrema importância. Pensando nisso, uma primeira aplicação em cobertura no início do perfilhamento e outra no início da elongação são fundamentais para a cultura, destaca o pesquisador.
Também pode ser realizada uma terceira aplicação de cobertura, pensando-se na utilização de cultivares de altas exigências e períodos mais chuvosos, a aplicação no aparecimento da folha bandeira também é recomendada para obtenção de maior produtividade na lavoura.
A aplicação no afilhamento/alongamento também é explicada pelo pesquisador da Embrapa Trigo Fabiano Daniel De Bona “Estas são as duas fases em que a planta demanda mais energia, na formação da área foliar e no enchimento dos grãos”, explica o pesquisador, que não há uma medida exata: “Para saber o quanto deve ser aplicado na lavoura é preciso fazer análise de solo, avaliando a cultura antecessora e a expectativa de rendimento que está se buscando”. Estudos da Embrapa Trigo indicam que o limite econômico para N em trigo está entre 80 e 100 kg de N/ha, quando, geralmente, a adubação já não impacta mais no rendimento de grãos de forma a assegurar o investimento.
Em trabalho realizado por Espindula et al. (2010), estudou-se as doses e formas de aplicação de nitrogênio no desenvolvimento e produção da cultura do trigo nas cultivares BRS 210 e Pioneiro. Veja o resultado encontrado pelos autores nas Figuras 1 e 2 abaixo.
Figura 1 – Representação gráfica das características: (A) Acamamento de plantas da cultivar Pioneiro1; (B) Altura das plantas; (C) Diâmetro do pedúnculo; (D) Massa de mil grãos de trigo, em resposta a doses de nitrogênio. 1O gráfico de acamamento de plantas refere-se apenas a cultivar Pioneiro, pois a cultivar BRS 210 não apresentou acamamento. Os demais gráficos referem-se à média das duas cultivares, pois não houve efeitos significativos das interações.
Figura 2 – Representação gráfica das características: (A) Número de grãos por espiga; (B) Número de espigas por m2; (C) Massa seca da parte aérea; (D) Produtividade de grãos de trigo em resposta a doses de nitrogênio. As curvas referem-se às médias as cultivares e das formas de aplicação, pois as interações não apresentaram efeitos significativos.
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Pires et al. (2011) em estudo a respeito do momento de aplicação de nitrogênio em cobertura em trigo: qualidade tecnológica e rendimento de grãos, concluíram que as cultivares de trigo avaliadas em 2011, não mostraram resposta à mudança na estratégia para suplementação de N em cobertura, em relação ao momento e dose tradicionalmente indicado para rendimento de grãos. Para força de glúten (W), tampouco houve resposta à mudança na dose e no momento de aplicação de N. As cultivares testadas atingiram valores de força de glúten compatíveis com sua classificação comercial, ou superiores, com a estratégia tradicional, não tendo necessitado suplementação tardia ou partição da dose de N para tal. Veja os resultados dos autores na Tabela 1 e Figuras 3 abaixo.
Tabela 1 – Rendimento de grãos, Força de glúten (W) e porcentagem de proteína total no grão de cultivares de trigo da Embrapa em função de diferentes estratégias de suplementação de nitrogênio em cobertura.
Figura 3 – Força de glúten (W) de cultivares de trigo em diferentes situações de suplementação de nitrogênio em cobertura e relação com valores de referência da Instrução Normativa n° 38 do MAPA (BRASIL, 2010). T1 = 150 kg de ureia/ha no perfilhamento; T2 = 75 kg de ureia/ha no perfilhamento + 75 kg de ureia/ha no espigamento; T3 = 150 kg de ureia/ha no perfilhamento + 30 kg de ureia/ha no espigamento. M = melhorador; P = pão; D = doméstico; B = básico; OU = outros usos.
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No trabalho de Silva et al. (2008), concluiu-se que o nitrogênio aplicado aos 30 dias da emergência e 1/3 na semeadura + 2/3 30 dias da emergência apresentou tendência de maior produtividade de grãos em relação à testemunha. Confira esses resultados abaixo.
Tabela 2 – Componentes de produção e produtividade de grãos de trigo considerando a fonte e a época de aplicação do nitrogênio.
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Elaboração: Andréia Procedi- Equipe Mais Soja.