Assim como a maioria das gramíneas (Poaceae) a cultura do trigo apresente significativa resposta produtiva a adubação nitrogenada, sendo o nitrogênio o nutriente mais requerido pela cultura. Conforme destacado por De Bona; De Mori; Wiethölter (2016), a absorção de Nitrogênio pelo trigo varia em função do estádio de desenvolvimento da cultura, sendo maior durante o período da antese (figura 1).
Figura 1. Marcha de absorção de nitrogênio na cultura do trigo.
Tendo em vista o comportamento da marcha de absorção de Nitrogênio no trigo, o adequado aporte nutricional é fundamental para obtenção de altas produtividades. Normalmente, o nitrogênio no trigo é fornecido via semeadura e o restante em cobertura durante o período vegetativo do desenvolvimento da cultura.
Quando necessário fracionar a dose de Nitrogênio, a primeira parcela deve ser fornecida no afilhamento (ou perfilhamento) da cultura, e a segunda parcela no alongamento do colmo. A disponibilidade de N no início do afilhamento (4° folha) define o número de espiguetas por espigas, e na fase final, (7° folha), determina o número de afilhos que formarão espigas férteis (De Bona; De Mori; Wiethölter, 2016).
Além de impactar diretamente a produtividade do trigo, a adubação nitrogenada pode influenciar na qualidade do trigo produzido. Aplicações mais tardias de Nitrogênio em cobertura, (no espigamento), em tese não alteram o rendimento de grãos, mas podem aumentar o teor de Nitrogênio e proteínas nos grãos, melhorando a qualidade do trigo produzido, característica desejável com o objetivo da produção de farinha.
Conforme analisado por Hanel; Escosteguy; Klein (2013), aplicações fracionadas de nitrogênio contemplando os períodos do afilhamento, elongação (alongamento) e emborrachamento podem contribuir para o aumento do teor de proteína nos grãos, em comparação a aplicação de nitrogênio apenas no afilhamento. Da mesma forma, os autores destacam que a fonte de Nitrogênio também pode exercer influência sobre atributos qualitativos dos grãos de trigo como teor de proteína bruta.
Tabela 1: Rendimento de grão (RG), teor de proteína bruta (PB), peso hectolitro (PH) e massa de mil grãos (MMG) de trigo em função do manejo da adubação nitrogenada. Média de cultivares. Passo Fundo, RS. Safra de 2012.
Logo, pode-se dizer que o manejo do nitrogênio em trigo apresenta relação tanto com a produtividade quando com a qualidade do grão produzido, podendo a adubação nitrogenada ser utilizada em algumas situações, como estratégia para a melhoria da qualidade dos grãos, principalmente se tratando do teor de proteína nos grãos.
Veja mais: Inoculação em trigo – Qual método pode resultar em melhores produtividades?
Referências:
DE BONA, F. D.; DE MORI, C.; WIETHÖLTER, S. MANEJO NUTRICIONAL DA CULTURA DO TRIGO. IPNI, Informações Agronômicas, n. 154, 2016. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/47520FE3CAA3AEF183257FE70048CC16/$FILE/Page1-16-154.pdf >, acesso em: 15/07/2022.
HANEL, J.; ESCOSTEGUY, P. A. V.; Klein, C. B. RENDIMENTO E TEOR DE PROTEÍNA BRUTA DE GRÃO DE TRIGO ADUBADO COM FERTILIZANTES NITROGENADOS ESTABILIZADOS. XXXIV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2013. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2013/anais/arquivos/2363.pdf >, acesso em: 15/07/2022.