A cultura do trigo exerce importante papel no sistema de produção de grãos, especialmente na região Sul do Brasil onde o clima favorece o cultivo do cereal. A cultura possibilita a rotação de mecanismos de ação de inseticidas e herbicidas, contribuindo para o manejo da resistência deles, além de quebrar o ciclo de determinados patógenos.

Entretanto, além de contribuir para a sustentabilidade da lavoura, o trigo também exerce papel econômico no sistema produtivo, possibilitando o maior uso da terra e rentabilidade do sistema de produção, logo, é desejável a obtenção de boas produtividades de trigo. Além do bom posicionamento de cultivares e condução de boas práticas agronômicas, algumas práticas de manejo a exemplo da inoculação das sementes de trigo podem contribuir para o aumento produtivo da cultura.

Embora não se trate de uma Fabaceae (leguminosa) como a soja, na qual é possível a simbiose entre planta e bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium, é possível obter bons resultados produtivos com a inoculação do trigo com bactérias do gênero Azospirillum, as quais se associam à planta de trigo. Conforme destacado por Prando et al. (2020), embora modesta, as bactérias do gênero Azospirillum possuem uma pequena capacidade em fixar nitrogênio atmosférico, entretanto, em quantidades muito inferiores ao requerido pela cultura, sendo necessário aportar nitrogênio via adubação para obter boas produtividades do cereal.

Mesmo não suprindo toda a demanda de nitrogênio da cultura do trigo pela FBN, o Azospirillum spp., contribui significativamente para o aumento produtivo do trigo.  o principal processo microbiano do Azospirillum consiste na síntese de fitormônios que promovem o crescimento vegetal, principalmente do sistema radicular (Prando et al., 2020). Com isso, a planta tende a acessar mais facilmente recursos como água e nutrientes do solo, potencializando seu crescimento e produtividade.


Veja mais: Vale a pena inocular as sementes de trigo?


Tendo em vista que o incremento de produtividade do trigo em função da inoculação com Azospirillum spp., foi observada por diversos autores como Dartora et al. (2016); Pinto et al. (2017) e Mumbach et al. (2017), a inoculação do trigo torna-se uma prática de baixo custo, indispensável para a obtenção de boas produtividades. Entretanto, alguns questionamentos como qual a melhor forma de inocular o trigo visando o melhor retorno produtivo, são frequentemente levantados. Tendo em vista que a inoculação de uma cultura pode ser realizada tanto via semente, quanto via sulco e pulverização, definir o melhor método de inoculação pode ser determinante para alcançar boas produtividades.

Avaliando o rendimento do trigo em resposta a diferentes modos de inoculação com Azospirillum brasilense, Pereira et al. (2017) observaram que a associação de metade da dose de nitrogênio com as diferentes formas de inoculação (pulverização foliar, sulco de semeadura e via tratamento de sementes) constituem uma alternativa viável para aumentar o rendimento do trigo (Pereira et al., 2017).



Os tratamentos avaliados pelos autores consistiam nas diferentes formas de inoculação do trigo (pulverização foliar, sulco de semeadura e via tratamento de sementes), e na utilização da adubação nitrogenada nas doses 30 e 60 kg ha-1 distribuídos na semeadura e em cobertura.

Tabela 1. Esquema dos tratamentos com diferentes modos de aplicação do inoculante a base de A. brasilense, associados a doses de nitrogênio e produtividade da cultura do trigo em função dos diferentes tratamentos.

Adaptado: Pereira et al. (2017)

Com base nos resultados de produtividade apontados por Pereira et al. (2017), é possível observar que a tradicional inoculação via sementes do trigo com a adubação total do fertilizante nitrogenado possibilitou melhores ganhos produtivos, sendo essa, uma interessante alternativa para o aumento da produtividade, se destacando dos demais métodos de inoculação.

Cabe destacar que para o presente estudo, os autores utilizaram inoculante líquido, com concentração de 2 × 108 Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por mililitros, das estirpes AbV5 e AbV6, sendo possível que os resultados possam variar para condições distintas, utilizando diferentes inoculantes. Contudo, os resultados obtidos por Pereira et al. (2017) demonstram que a boa e velha inoculação via sementes, quando bem realizada, traz bons resultados produtivos para a cultura do trigo.

Confira o trabalho completo de Pereira e colaboradores (2017) clicando aqui!

Referências:

DARTORA, J. et al. ADUBAÇÃO NITROGENADA ASSOCIADA À CO-INOCULAÇÃO DE Azospirillum brasilense e Herbaspirillum seropedicae NA CULTURA DO TRIGO. Revista Cultivando o Saber, v. 9, n. 2, p. 243 – 253, 2016. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/57a3b24d4ab57.pdf >, acesso em: 12/04/2022.

MUMBACH, G. L. et al. RESPOSTA DA INOCULAÇÃO COM Azospirillum brasilense NAS CULTURAS DE TRIGO E DE MILHO SAFRINHA. SA vol. 18 n°. 2, p. 97-103. Curitiba Abr/Jun. 2017. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/agraria/article/view/51475 >, acesso em: 12/04/2022.

PEREIRA, L. C. et al. RENDIMENTO DO TRIGO (Triticum aestivum) EM RESPOSTA A DIFERENTES MODOS DE INOCULAÇÃO COM AZOSPIRILLUM BRASILENSE. Revista de Ciências Agrárias, 2017. Disponível em: < https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/16433 >, acesso em: 12/04/2022.

PINTO, T. E. et al. PRODUTIVIDADE DE TRIGO EM DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO INOCULADO OU NÃO COM  Azospirillum brasilense. 9º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – SIEPE, 2017. Disponível em: < https://guri.unipampa.edu.br/uploads/evt/arq_trabalhos/12479/seer_12479.pdf >, acesso em: 12/04/2022.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2019/2020 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 166, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/220542/1/CIrc-Tec-166.pdf >, acesso em: 12/04/2022.

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