Visando a manutenção e sustentabilidade de um sistema plantio direto produtivo, a rotação de culturas, bem como o cultivo de espécies que contribuam para a melhoria dos atributos, físicos, biológicos e químicos do solo é fundamenta. Conhecidas como “adubos verdes” algumas espécies de plantas possuem a capacidade de ciclar nutrientes do solo, e/ou acumular alguns nutrientes e posteriormente libera-los para as culturas sucessoras por meio da decomposição e mineralização dos resíduos culturais.
A liberação dos nutrientes do adubo verde para a cultura sucessora depende de uma série de fatores, tais como relação C/N das plantas, macro, meso e micro fauna do solo, interações bioquímicas entre outros. Entretanto, é possível observar significativa contribuição de algumas espécies utilizadas como adubo verde para a melhoria da fertilidade do solo, especialmente no que diz respeito ao aumento dos teores de alguns nutrientes.
Dentre os principais nutrientes aportados ao sistema de produção por meio da adubação verde, podemos destacar o Nitrogênio (N), macronutrientes mais requerido pela maioria das culturas agrícolas e que por meio da simbiose entre plantas da família Fabaceae, conhecidas popularmente como leguminosas e bactérias fixadoras de nitrogênio, é capturado do ar atmosférico e disponibilizado para essas plantas.
Após a morte, corte ou senescência dessas plantas, grande parte no N proveniente da fixação biológica de nitrogênio é mineralizado dos resíduos culturas, ficando disponível para a cultura sucessora. A capacidade de fixação do nitrogênio pode variar de acordo com a cultura, sendo possível observar quantidades superiores a 200 kg ha-1 de N, dependendo da espécie utilizada na adubação verde.
Tabela 1. Quantidade de Nitrogênio fixado por leguminosas.
Cabe destacar que a adubação verde não substitui a adubação de base ou cobertura conforme recomendações técnicas para as culturas agrícolas, sendo utilizada principalmente como fonte alternativa de nutrientes, contribuindo para a manutenção da fertilidade do solo e sustentabilidade do sistema de produção. Além disso, para o cultivo de espécies com a finalidade de adubação verde deve-se corrigir o solo quando necessário, da mesma forma como deve ocorrer para as culturas de interesse comercial.
Em casos mais severos, onde observa-se a degradação do solo, recomenda-se ainda a adição de fertilizantes e/ou corretivos agrícolas. A necessidade da adição de corretivos ou fertilizantes tanto para o cultivo de culturas para adubação verde quanto para culturas de interesse comercial é dependente dos resultados da análise química da fertilidade do solo e recomendações técnicas pré-estabelecidas para as culturas.
Para garantir a sustentabilidade e rentabilidade dos cultivos agrícolas, as espécies destinadas a adubação verde podem ser cultivadas nos períodos entressafra das principais culturas agrícolas, ou também na forma de rotação de culturas com elas. Dessa forma, o planejamento do sistema de produção, bem como época de semeadura das culturas é determinante para o sucesso produtivo, maximizando o uso da terra.
Tabela 2. Época de planta de algumas das principais espécies utilizadas como adubo verde.
Para definir a melhor época de plantio e/ou semeadura de culturas com a finalidade de adubação verde, deve-se atentar para as condições climáticas e exigências térmicas e hídricas da cultura. De maneira geral, culturas com a finalidade de adubação verde podem ser cultivadas de forma solteira, em consórcio com outras espécies, ou até mesmo em consórcio com culturas de interesse econômico, dependendo do sistema de produção. Entretanto, visando preservar o cultivo das culturas de verão com maior interesse econômico como soja e milho, o cultivo das culturas para adubação verde, deve-se dar preferencialmente nos períodos entressafra, e/ou anteriormente a cultura de verão.
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Referências:
CARLOS, J. A. D.; COSTA, J. A.; COSTA, M. B. ADUBAÇÃO VERDE: DO CONCEITO À PRÁTICA. Série Produtor Rural – nº 30, Piracicaba, 2006. Disponível em: < https://ciorganicos.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Adubacao-Verde-do-conceito-a-pratica-USP-CI-Organicos-OrganicsNet.pdf >, acesso em: 20/04/2022.
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