O presente trabalho tem como objetivo avaliar qual melhor densidade de plantas
para época potencial de produtividade em diferentes grupos de maturidade relativa para a cultura da soja.

Autores: Giovani Antonello Barcellos¹; Ana Júlia dos Santos Figueiró ¹; Luiz Felipe Vieira
Sarmento¹, Simone Puntel¹, Veronica Fuzer Guarienti¹.Camila Meneghetti², Leonardo Santiani³.

Introdução

Considerada como carro chefe da agricultura a nível mundial, a cultura da soja apresenta como maiores produtores no mundo os Estados Unidos e o Brasil, respectivamente, visto que nosso país apresenta produtividade média ha-1 um pouco maior comparado aos EUA (USDA, 2018). No Brasil, o estado do Mato Grosso, Paraná e Rio Grand e do Sul, respectivamente são os maiores produtores da cultura da soja. (CONAB, 2018). Nesse caso, é importante ressaltar o conceito de potencial de produtividade (PP), que consiste no máximo que cada cultivar pode explorar do seu potencial genético. Além disso, as plantas devem desenvolver-se isentas de competições com plantas daninhas, ataques de insetos e doenças, estresse hídrico e deficiência nutricional. Sendo assim, deve-se propiciar um ambiente em condições quase perfeitas para que a cultivar possa atingir o máximo da sua produtividade (ZANON,et al. 2015).

Durante o ciclo da cultura na lavoura, um dos fatores principais para que a lavoura possa atingir altas produtividades é o ajuste do primeiro e talvez principal componente direto de produtividade o número de legumes por planta, que indiretamente é definido pelo número de plantas por m². Esse componente deve ser ajustado conforme a época de semeadura, densidade e características dos grupos de maturidade relativa das cultivares (WEBER, 2017).

Outro conceito extremamente importante para cultura da soja é o grupo de maturidade relativa (GMR), que é o tempo (em dias) que uma cultivar de soja leva para completar seu ciclo, desde a semeadura até o momento da colheita (ALLINPRANDINI,1994). Para que a lavoura possa atingir altas produtividades, é necessário que o estabelecimento na lavoura seja o mais homogêneo possível com o mínimo de falhas, visto que a soja é uma cultura que apresenta plasticidade devido à capacidade compensatória das plantas em emitir hastes secundárias (PIRES et al, 2000).

Assim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar qual melhor densidade de plantas para época potencial de produtividade em diferentes grupos de maturidade relativa para a cultura da soja.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na safra 2018/19 na área experimental do Departamento de Fitotecnia, da UFSM. O solo é uma transição entre a Unidade de Mapeamento São Pedro (Argissolo Vermelho Distrófico Arênico) e a Unidade de Mapeamento Santa Maria (Alissolo Hipocrômico Argilúvico Típico) (EMBRAPA, 1999; STRECK et al., 2008). Foram semeadas, no dia 23/10/2018, três cultivares de tipo de crescimento indeterminado, GMR 5.0 (50I52RSF IPRO) GMR 5.9 (59I60RSF IPRO) e GMR 6.8 (68I70RSF IPRO).

Os GMR foram definidos de acordo com a faixa de GMR das principais cultivares semeadas na região sul do Brasil. O espaçamento foi de 0,45 cm com irrigação complementar. Assim, testou-se as densidades de 18, 28, 44 e 58 plantas m², no delineamento blocos ao acaso com 4 repetições. No estágio R8, foi realizada a determinação da produtividade e componentes de produtividade (número de legumes hastes primárias e secundárias).

Resultados e Discussão

Os resultados da Figura 1 demonstram que para os GMR 5.0 na época preferencial (outubro) apresentam um maior potencial de produtividade. Em ralação a densidade de plantas, os valores próximos de 28 a 40 plantas m² apresentaram as maiores produtividades para GMR 5.0. A maior duração do ciclo aumenta a altura de planta, e isso explica que para o GMR 5.9 e 6.8 as densidades que proporcionaram maiores produtividades foram entre 16 e 28 plantas m².

Figura 1. Produtividade (Mg/ha-1) em relação à densidade de plantas m² para os grupos de maturidade relativa (GMR) 5.0, 5.9 e 6.8 em semeadura dia 23/10/2018, Santa Maria, RS.

Na tabela 1, o componente de número de legumes por planta reduz com o aumento da densidade. O mesmo se observa com a contribuição de legumes das hastes secundárias, que nas menores densidades representam valores próximos a 50% do total de legumes das plantas. Essa redução da contribuição das hastes secundárias é mais expressiva no GMR 5.0, que na densidade de 58 plantas m² apenas 8% do total de legumes das plantas correspondem a hastes secundárias.

Isso indica que GMR precoce apresentam uma menor capacidade de compensar falhas de estabelecimento. Enquanto que nos GMR 5.9 e 6.8 esses valores são mais constantes, próximo de 40% de legumes nas hastes secundárias do total de legumes da planta. Sendo assim, em razão da baixa porcentagem de legumes nas hastes secundárias, o ajuste na densidade de semeadura em GMR precoce torna-se fundamental.

Tabela 1. Componentes de rendimento de número de legumes por planta de soja, decomposto na percentagem de legumes na haste primária e secundárias em densidades de semeadura e Grupos de Maturidade Relativa, Santa Maria, RS.

Conclusão

Densidade de plantas, os valores próximos de 14 a 20 plantas m² apresentaram as maiores produtividades para GMR 5.0. Os GMRs 5.9 e 6.8 as densidades que proporcionaram maiores produtividades foram entre 16 e 28 plantas m².


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Referências

ALLIPRANDINI, L. F. et al. Efeitos da interação genótipo x ambiente sobre a produtividade da soja no Estado do Rio Grande do Paraná. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.29, p. 1433-1444, 1994.

CONAB. Série histórica de área e produção plantada por unidades da federação. 2018. Disponível em: http://www.conab.gov.br/. Acesso em: 27 de junho de 2019.

PIRES, J. L. F.; COSTA, J. A.; THOMAS, A. L.; MAEHLER, A. R. Efeito de populações e espaçamentos sobre o potencial de rendimento da soja durante a ontogenia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, BrasíliaDF, v.35, n. 8, p.1541–1547, 2000.

WEBER, P. S. Componentes de rendimento e grupo de maturidade relativa que influenciam o potencial de produtividade em soja. 2017. 34p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Agronomia). Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2017.

ZANON, A. J. Crescimento, desenvolvimento e potencial de rendimento de soja em função do tipo de crescimento e grupo de maturidade relativa em ambiente subtropical. 179p. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2015.

Informações dos autores

¹ Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS.

² Acadêmico do Curso de Agronomia, Instituto Federal Farroupilha, São Vicente do Sul/RS.

³Acadêmico do Curso de Agronomia, Instituto Federal Catarinense, Campus Concórdia/SC.

Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.

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