O uso contínuo de glifosato para controle de plantas daninhas de folhas largas nas áreas de soja acarretou em inúmeros casos de resistência a esse herbicida. A resistência causa prejuízo econômico devido à diminuição na produtividade e aumento no custo para o controle. Duas das principais plantas daninhas resistentes em soja é a Conyza sp. (buva) e Amaranthus sp. (Caruru).
As plantas daninhas causam competitividade por água, luz e nutrientes com a cultura. Uma característica que define a alta capacidade de infestação da buva é a quantidade grande de sementes que essa produz, onde um único pé pode produzir até 350 mil sementes, as quais são facilmente dispersas pela lavoura. Devido à resistência que as plantas de buva vêm apresentando a aplicação de glifosato, é de extrema importância a utilização de outros herbicidas para o seu controle, como o 2,4-D.

Devido à suscetibilidade da soja a ação desse herbicida, ele vinha sendo utilizado apenas em pré-emergência, ou seja, era utilizado na dessecação da lavoura da soja. Porém, as plantas daninhas voltam a infestar a área devido ao baixo residual do produto, comprometendo a produtividade da soja. Uma alternativa a essa problemática são as novas tecnologias que estão sendo lançadas no mercado pela Corteva Agrisciense e Bayer.
A soja com tecnologia Enlist foi desenvolvida pela Corteva a fim de obter cultivares com produtividade elevada e tolerância aos herbicidas glifosato, 2,4-D e glufosinato de amônio. Algumas cultivares apresentarão também a tecnologia Bt, garantindo maior espectro de controle de lagartas.
Os herbicidas Enlist contam com a tecnologia Colex-D, com o uso de 2,4-D Sal Colina na sua formulação, garantindo menor volatilização ao produto, quando comparado ao 2,4-D amina. Esse produto poderá ser aplicado em pós-emergência na soja, garantindo um complemento no controle das plantas daninhas resistentes ao glifosato.
Já a multinacional Bayer prevê o lançamento da tecnologia Intacta 2 Xtend para safra 2021, essa tecnologia permite a aplicação de glifosato e dicamba, que promete oferecer um maior controle sobre daninhas de folhas largas, com a buva, o caruru, a corda de viola e o picão preto. O nome comercial do herbicida dicama, é o Dicamax, que possui capacidade de volatilização, podendo causar fitotoxicidade a outras culturas próximas, como a soja não resistente ou pomares de frutíferas.
Ambas as tecnologias devem ser empregadas com cuidado pelo produtor, respeitando a recomendação para os intervalos entre as aplicações, o posicionamento dessas e as indicações estabelecidas na bula em relação a condições ambientais ideais para realizar a aplicação, a fim de evitar casos de resistência. Outro aspecto importante é o cuidado no momento da aplicação, os herbicidas mimetizadores de auxina (mecanismo de ação em que se incluem o dicamba e o 2,4-D Sal Colina) apresentam potenciais de volatilização, podendo atingir a lavoura vizinha, causando prejuízos às ouras culturas. Portanto devem-se utilizar os bicos de pulverização adequados, não aplicar em momentos de vento e utilizar um alto volume de calda, a fim de evitar a volatilização.
Texto: Bruna Wojahn – Bolsista do grupo PET Agronomia/UFSM.