Após registrar movimento de alta em praticamente todo o ano passado, os preços dos fertilizantes caíram nos primeiros meses de 2019. Ainda assim, as cotações atuais estão acima das observadas em 2017, ano em que os valores do insumo favoreciam a relação de troca do sojicultor.

Os elevados patamares dos preços dos fertilizantes em 2019, atrelados ao fraco ritmo de valorização da saca de 60 kg da soja, por sua vez, têm desestimulado a compra do insumo para o planejamento da safra 2019/20. Segundo levantamentos do Cepea, a relação de troca de soja pelo fertilizante, inclusive, registra um dos momentos mais desfavoráveis ao produtor.

Diante desse cenário, as compras de insumos para a safra 2019/20 estão em ritmo lento, sendo que, no caso dos fertilizantes, a comercialização já está atrasada.

Enquanto em março do ano passado, as negociações em Cascavel (PR) haviam começado com 5% destas, em média, já travadas, em março de 2019, as compras ainda não começaram a ser efetuadas. Em Passo Fundo (RS), a comercialização também está estagnada, com 0% negociado, contra 20% no mesmo período do ano passado.

Já para as praças do Cerrado, em Sorriso (MT), a comercialização está cadenciada, tendo 42% das aquisições realizadas, contra 50,5% em março de 2018. Em Luís Eduardo Magalhães (BA), por sua vez, as compras estão em patamares semelhantes às do ano anterior, com 20% das aquisições já realizadas.

Vale lembrar que os altos patamares de preços dos fertilizantes estiveram atrelados à valorização do dólar em boa parte de 2018, à instabilidade logística ocasionada pela paralisação dos transportadores rodoviários e aos aumentos nas cotações das principais matérias-primas no mercado internacional. Neste último caso, a influência veio da demanda elevada e da alta nas cotações do gás natural, commodity energética indispensável para a produção de amônia, ureia e monoamônio fostato (MAP).

Em Cascavel (PR), o preço do cloreto de potássio (KCl) registrou elevação de 49% entre março de 2018 e março de 2019, passando de R$ 1.321,50/tonelada para R$ 1.962,98/tonelada.

Diante dessa expressiva valorização, o poder de compra do sojicultor em relação ao insumo é o pior desde abril de 2010, quando eram necessárias 30,31 sacas para adquirir uma tonelada do adubo, contra as 28,91 sacas necessárias atualmente. No mesmo comparativo, em Passo Fundo (RS), o adubo se valorizou 29%.

Com isso, o produtor precisou de 23,87 sacas/tonelada em março de 2019 – a relação mais desfavorável desde outubro de 2015, quando eram necessárias 24,51 sacas. Em Sorriso (MT) e Luís Eduardo Magalhães (BA), os aumentos nos valores do potássico foram de 34% e de 36%, respectivamente, também entre março de 2018 e março de 2019.

Na praça mato-grossense, o cenário se mostrou o mais desfavorável ao produtor desde fevereiro de 2012. Isso porque, desde janeiro desse ano, o produtor precisou dispor de, em média, 34,42 sacas para obter uma tonelada do adubo, contra 35,30 sacas/tonelada necessárias anteriormente.

Assim como em Sorriso, na praça baiana, o panorama é semelhante, visto que, de janeiro a março de 2019, a relação de troca tem sido a menos favorável ao produtor desde fevereiro de 2012, quando eram necessárias 29,77 sacas/tonelada.

Com relação ao adubo fosfatado negociado na praça paranaense de Cascavel, este passou de R$ 1.743,00/tonelada em março de 2018 para R$ 2.422,92/tonelada em março desse ano, ou seja,uma  expressiva alta de 39%.

Diante da significativa valorização do MAP, o volume de sacas registrado para obter uma tonelada do adubo em março de 2019, de 35,68 sacas/tonelada, foi o mais expressivo apresentado desde outubro de 2015 (41,90 sacas/tonelada). Em Passo Fundo, o fertilizante passou a ser negociado a R$ 1.937,50/tonelada em março desse ano, com elevação de 18% frente ao mesmo período do ano anterior.

Dessa forma, assim como em Cascavel, o poder de compra a partir de janeiro e 2019 (30,44 sacas/tonelada) tem sido o pior observado desde outubro de 2015, quando eram necessárias 38,18 sacas/tonelada, justificando, assim, o atraso nas compras do insumo.

Em Sorriso, o fosfatado registrou valorização de R$ 326,54/tonelada nos últimos 12 meses (17%). Assim, a relação de troca vem se mostrando desfavorável ao produtor desde dezembro de 2018, tendo em vista a necessidade de 42,40 sacas para obter uma tonelada de MAP, caracterizando o maior volume desde fevereiro de 2015, quando o produtor precisou dispor de 39,63 sacas pela tonelada do adubo.

Luís Eduardo Magalhães, por sua vez, registrou a menor valorização para o monoamônio fostato, de 10% e, deste modo, o fertilizante passou a ser comercializado a R$ 2.052,5/tonelada em março desse ano. Com isso, o poder de compra chegou a patamares semelhantes aos observados em setembro de 2015 (37,78 sacas/tonelada). Desde setembro de 2018, produtores necessitam de 36,38 sacas/tonelada.

Fonte: Cepea, disponível no Portal da SNA

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