Já é tradicional quase que corriqueiro na atividade agropecuária, que os resultados econômicos do setor são cíclicos. Nem sempre são positivos e atrativos, e os altos e baixos são frequentes. Muitos fatores implicam na atividade, desde o comportamento dos agricultores no uso das tecnologias disponíveis; passando pelas condições climáticas; a situação do mercado na hora da colheita; e até mesmo no poder aquisitivos dos consumidores dos produtos advindo do campo. Em cada ano a situação pode ser diferente, e isso é fato, razão pela qual se estimula o produtor rural a adotar pelo menos duas providências importantes: diversificar as atividades no campo, não ficar na monocultura; e poupar quando o resultado for positivo para ter a reserva em caso de qualquer frustração.
A adoção do plantio de culturas no inverno também pode ser uma atitude positiva que pode garantir uma renda extra ao agricultor e dispor de uma complementação de seu orçamento de despesas fixas que ocorrem o ano inteiro. O exemplo concreto da situação cíclica da atividade rural estamos vivendo nesse momento. Aqui no Sul do Brasil, especialmente em SC, após atravessarmos uma estiagem que reduziu significativamente a produção de milho, somada com o ataque com a praga da cigarrinha e as geadas extemporâneas, parecia que estávamos perdidos, porém, os preços dos produtos agrícolas se valorizaram e compensaram as perdas com baixa produtividade e qualidade dos produtos. Os mercados internacionais, ávido por alimentos, fluíram com intensidade, e essa situação estimulou o plantio seguinte.
Os números publicados pela Conab em nível nacional, e pela Epagri em SC, mostram avanço na área plantada, com esperança de que na próxima colheita o resultado de bons preços se repita. Até mesmo a elevação dos custos de produção, especialmente dos fertilizantes que dobraram de preços, assim como os demais defensivos agrícolas, compensaram a elevação de preços dos grãos. Todavia, há que se tomar cuidado com as safras seguintes. Podem não ser iguais. Hoje as previsões para 2022 e 2023 dão sinais de nova crise de custos de produção. A tendência é de os valores serem estratosféricos. Diversos fatores de origem internacional estão assim sinalizando.
As indústrias de matérias-primas no exterior estão paralisando e reduzindo a oferta dos produtos para exportação aos países consumidores. Atualmente já está complicado conseguir matérias-primas por dois problemas principais relatados pelos fornecedores: elevação dos custos da energia que movimenta as indústrias, e a escassez e elevação do frete marítimo. Para um país como o Brasil, que importa 90 por cento dos fertilizantes que consome, e que tem ampliado o consumo todos os anos, não se pode vislumbrar muito positivo para os próximos anos. Menos mal que o produtor brasileiro já está se planejando melhor nas suas atividades. Para o presente plantio de verão já está abastecido, e para o próximo plantio de inverno e verão começam a ser adquiridos os insumos antecipadamente. Não sabemos se conseguirão o suficiente para suas demandas, mas pelo menos já está se preocupando.
Os preços dos grãos estão em alta, mas devem ter um limite, afinal o produto final também tem teto para chegar. Os alimentos não podem continuar subindo infinitamente. E é sempre bom lembrar que fertilizante é a origem da produção de alimentos. Sem adubo não tem grãos, sem esse não tem ração, sem ração não tem carnes e sem carnes e grãos, vai faltar comida no prato. Portanto, não pode ser quebrado essa cadeia. E Bolsonaro tem razão: Se faltar adubo, vai faltar comida. E os críticos de plantão terão que engolir isso. E ficar com fome, ou quem sabe, comendo ideologias. Pense nisso.
Fonte: Fecoagro/SC