O controle de plantas daninhas é indispensável para a obtenção de boas produtividades, independendo da cultura agrícola cultivada. As plantas daninhas matocompetem com as plantas cultivadas por recursos como água, radiação solar e nutrientes do solo, limitando a disponibilidades desses recursos para a cultura, reduzindo sua produtividade.
Em muitas situações, sob a presença de populações de plantas daninhas, especialmente de espécies com alta habilidade competitiva, o controle químico com o emprego de herbicidas é essencial para reduzir a matocompetição, mesmo fazendo uso de outras ferramentas de manejo como o controle cultural e mecânico.
Atualmente uma das espécies mais preocupantes no manejo de plantas daninhas em culturas como a soja, milho e algodão é o caruru gigante (Amaranthus palmeri). Embora até então considerada uma planta daninha exótica, quarentenária no Brasil, com primeiro relato no Estado do Mato Grosso em 2015 (Gazziero & Silva, 2017), o Amaranthus palmeri se destaca pela elevada habilidade competitiva, rápido crescimento e desenvolvimento, além da resistência a herbicidas.
Nativa da região centro-sul dos Estados Unidos e norte do México, adaptada as condições de clima árido, Gazziero & Silva (2017) destacam que quando em competição com a cultura durante todo o seu ciclo de desenvolvimento, o caruru pode ocasionar perdas de produtividade no milho superiores a 91%, 79% na soja e 77% em algodão.
Até então, dois casos de resistência do A. palmeri foram relatados no Brasil, ambos no Estado do Mato Grosso, respectivamente no ano de 2015 (resistência ao glifosato na cultura do algodão) e em 2016 (resistência múltipla aos herbicidas clorimuron-etil, cloransulam-metil, glifosato e imazetapir, nas culturas do milho, algodão e soja) (Heap, 2023).
Embora sua presença esteja concentrada no Estado do Mato Grosso, visto o potencial dessa planta daninha em causar danos e a resistência de algumas populações a herbicidas, evitar a dispersão do Amaranthus palmeri para outras áreas de cultivo é essencial para o manejo fitossanitário das culturas. Mesmo suas sementes não apresentando formato e tamanho que facilite a dispersão pelo vento, a elevada produção de sementes por plantas de caruru, aliado a práticas inadequadas de manejo podem contribuir significativamente para a dispersão dessa planta daninha.
Gazziero & Silva (2017) destacam que a produção média de sementes em plantas de A. palmeri varia de 80.000 a 250.000 por planta, podendo chegar a 1 milhão dependendo das condições ambientais e desenvolvimento dessa daninha. No geral, as sementes de caruru são pequenas, lisas, normalmente variando entre 1 e 2 mm, arredondadas ou em forma de disco e coloração marrom-avermelhadas a pretas (Gazziero & Silva, 2017). As características da semente dificultam sua dispersão pelo vento, contudo, é comum observar a ação de outros agentes dispersores.
Figura 2. Sementes de caruru (Amaranthus sp.).
As máquinas e equipamentos agrícolas são em sua maioria, os principais agentes dispersores das sementes de caruru entre áreas de cultivo. A limpeza das colheitadeiras é uma das principais ações para evitar a dispersão do caruru. O uso de máquinas contaminadas com sementes é a principal forma de disseminação (A). As sementes de caruru são muito pequenas (B) e de difícil visualização quando misturadas aos resíduos das colheitadeiras (C). A limpeza das máquinas para eliminação dos resíduos evita a introdução em novas áreas e deve ser realizada antes do equipamento se deslocar para outra propriedade e/ou talhão (D) (Gazziero et al., 2023).
Figura 1. (A) Máquina contaminada com sementes de caruru; (B) sementes de caruru; (C) Resíduos culturais; (D) Transporte das colhedoras.
Levando em consideração as principais formas de disseminação do caruru, o momento de colheita é essencial para o manejo dessa planta daninha, sendo necessário adotar medidas que possibilitem a redução da dispersão das sementes do caruru, tais como a limpeza das colhedoras para troca da área/talhão, especialmente após a colheita de áreas infestadas com o caruru.
Veja mais: Importância de herbicidas pré-emergentes no controle de espécies de caruru
Referências:
GAZZIERO, D. L. P.; et al. CARURU-PALMERI: CUIDADO COM ESSA PLANTA DANINHA. Embrapa Soja, 2023. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1152972/caruru-palmeri-cuidado-com-essa-planta-daninha >, acesso em: 04/05/2023.
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 04/05/2023.
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS, 2023. Disponível em: < http://www.weedscience.org/Pages/Case.aspx?ResistID=13042 >, acesso em: 04/05/2023.
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