Por Dr. Argemiro Luís Brum

A cotação do trigo, para o primeiro mês cotado, após atingir o valor mais baixo em quatro anos (US$ 4,98/bushel em 26/08), se recuperou, fechando o dia 29 em US$ 5,25/bushel, contra US$ 5,11 uma semana antes.

Nos EUA, a colheita do trigo de inverno estando concluída, o mercado se concentra na finalização da colheita do cereal de primavera. Neste sentido, no dia 25/08 o trigo de primavera estava colhido, naquele país, em 51% da área, contra 53% na média histórica. Daquilo que faltava colher, 69% se encontrava em condições entre boas a excelentes naquela data.

Por outro lado, os EUA embarcaram 537.179 toneladas na semana encerrada em 22/08, com o volume ficando dentro das expectativas do mercado. Assim, em todo o ano comercial 2024/25 o país norte-americano atinge a 5,1 milhões de toneladas, ou seja, 28% acima do embarcado no mesmo período do ano anterior.

E, no Brasil, os preços permaneceram estáveis para o produto de qualidade superior, ou seja, R$ 68,00/saco no Rio Grande do Sul, junto as principais praças, enquanto a média local subiu para R$ 69,13/saco. No Paraná, as principais praças ficaram em R$ 76,00/saco.

As novas geadas, na virada da última semana, voltaram a causar problemas no Paraná e parte de Santa Catarina. Talvez também em algumas regiões gaúchas, onde o plantio foi realizado um pouco mais cedo. Segundo dados do Deral, no Paraná a maior parte das lavouras está em fase de floração e de frutificação, com cerca de 28% em maturação. No Rio Grande do Sul, 83% estavam em germinação e desenvolvimento vegetativo, e 17% em floração (cf. Emater).

Como se sabe, os preços internacionais e o câmbio são responsáveis por determinar em quais patamares estarão as paridades de importação e exportação nacionais. Se há escassez, é necessário importar e se há excesso, exportar. Para 2024/25, o Brasil deverá manter o ritmo de importações e, consequentemente, segurar as exportações. (cf. Safras & Mercado).

No mercado de trigo gaúcho, o cenário é de lentidão. “Os moinhos estão com os estoques bem abastecidos, enquanto esta baixa demanda resulta em uma moagem reduzida, gerando descontentamento no setor. Soma-se a isso o fato de que muitos lotes de trigo vendidos têm apresentado qualidade inferior à contratada, levando ao cancelamento de pedidos.

Moinhos de outros estados, que adquirem trigo gaúcho, também têm relatado problemas de qualidade, optando por comprar apenas lotes com qualidade reconhecida. Já em Santa Catarina, a demanda restrita por farinhas está impactando negativamente a atividade dos moinhos. Aqueles que conseguem manter a qualidade das farinhas, a preços competitivos, ainda encontram alguma demanda, enquanto os demais têm preferido reduzir a moagem ao invés de correr o risco de vender com prejuízo.

Como resultado, alguns moinhos catarinenses estão prolongando seus estoques devido à falta de demanda ou viabilidade econômica. Para se abastecerem, muitos recorrem ao trigo do Rio Grande do Sul, que é o mais barato, aguardando a nova safra tanto do Paraná quanto do próprio Rio Grande do Sul. E no Paraná o mercado seguiu com ofertas de trigo tipo 1, safra 2024, CIF Guarapuava, a R$ 1.550,00/tonelada, com pagamento sobre rodas e entrega imediata. Se a entrega for fora do estado do Paraná, ainda haverá incidência de ICMS. (cf. TF Agronômica).

Enfim, os EUA acabam de aprovar o cultivo do trigo transgênico HB4 da Agroceres, gerado na Argentina, em parceria com empresas brasileiras. “A autorização para a produção é uma de várias etapas para o trigo HB4 efetivamente chegar aos consumidores nos Estados Unidos. Este país é o quarto a aprovar a produção do trigo HB4 – após Brasil, Argentina e Paraguai. O cereal da Bioceres foi o primeiro trigo transgênico a ser desenvolvido mundialmente.

No Brasil, o cultivo do HB4 já foi aprovado pela CTNBio, Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, mas ainda está em fase de testes, em parceria com a Embrapa, principalmente em áreas de Cerrado – Goiás e Minas Gerais, mas também na região Sul do Brasil – Paraná e Rio Grande do Sul. O produto deverá chegar aos produtores para a safra de 2026. Segundo a empresa argentina, essa variedade é resistente à seca e produz cerca de 20% a mais do que uma semente convencional durante períodos de estiagem. No vizinho país a comercialização aos produtores começou este ano, embora a produção em áreas reservadas já viesse ocorrendo há algumas safras. (cf. AGFeed).

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

Site: Informativo CEEMA UNIJUÍ

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