Por Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo, nesta semana, cederam bastante, com o bushel fechando a quinta-feira (27) em US$ 5,46, após US$ 5,85 uma semana antes.

A tendência para meses futuros seria de baixa nas cotações do cereal, apesar da redução na safra russa. Isso porque a produção em outras regiões do mundo estaria compensando, levando a produção mundial total para 793,8 milhões de toneladas. Além disso, caso ocorra um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, o qual vem sendo lentamente negociado, a oferta de trigo tende a aumentar, pressionando ainda mais os preços para baixo.

Em paralelo, a Índia, que é o segundo maior produtor mundial de trigo, entra agora no verão e o calor está acima da média naquele país. Em isso permanecendo, haverá prejuízos nas lavouras locais do cereal. A Índia está contando com uma colheita elevada em 2025 para evitar importações caras, após três anos consecutivos de baixa produtividade. Mas as altas temperaturas atuais podem impedir que isso aconteça neste ano, levando a um quarto ano consecutivo de frustrações na sua safra de trigo. Neste mês de fevereiro os preços do trigo indiano atingiram a um recorde devido a baixa oferta.

E no Brasil, os preços se mantêm firmes, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 68,55/saco, enquanto as principais praças oscilaram entre R$ 69,00 e R$ 70,00/saco. Já no Paraná o produto registrou média de R$ 74,00/saco nas principais regiões de produção.

Na prática, os compradores estão com dificuldades em encontrar o cereal de qualidade no mercado livre e, com isso, priorizam as aquisições externas. Vendedores, com baixos estoques, estão afastados dos negócios, na expectativa de cotações maiores nos próximos meses, ainda de entressafra brasileira. Com isso, as negociações envolvendo trigo de qualidade superior (maior ou igual a PH 78) estão limitadas (cf. Cepea).

Por outro lado, o governo brasileiro volta a fazer estoques de trigo. Cerca de 7.200 toneladas do cereal foram adquiridas pela Conab, de produtores do Rio Grande do Sul. A compra foi realizada por meio do mecanismo de Aquisição do Governo Federal (AGF), previsto na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), lançado ainda no ano passado como forma de assegurar o preço mínimo aos agricultores gaúchos, quando o preço do cereal se encontrava abaixo do preço mínimo estabelecido pelo Governo Federal. Estão sendo investidos, no total, R$ 11,78 milhões, sendo R$ 9,97 milhões nas aquisições, incluindo ICMS, e R$ 1,8 milhão em remoção.

A aquisição do grão é realizada no pólo de compra aberto pela Companhia na cooperativa Cotripal, localizada no município de Panambi. Logo após adquirido, o cereal é removido pela estatal para a unidade armazenadora da Companhia em Ponta Grossa, no Paraná. Por dia, uma média de 15 caminhões saem do município gaúcho. O Governo Federal não descarta fazer novas aquisições de produtos alimentares de forma a reforçar os estoques públicos do país.

Dito isso, o ritmo de negócios segue lento no mercado brasileiro de trigo. A base de compra no Paraná está em torno de R$ 1.500,00/tonelada (R$ 90,00/saco) no FOB, enquanto no Rio Grande do Sul gira em torno de R$ 1.350,00 (R$ 81,00/saco).

Por outro lado, segundo a Anec, o Brasil deverá embarcar 553.709 toneladas de trigo de baixa qualidade neste mês de fevereiro. No mesmo mês do ano passado, as exportações somaram 538.406 toneladas. Já em janeiro passado, totalizaram 657.691 toneladas. Por sua vez, de acordo com a Anec, no acumulado do atual ano comercial (agosto de 2024 a fevereiro de 2025), as importações brasileiras de trigo estariam atingindo 3,9 milhões de toneladas. Assim, para alcançar os 6,85 milhões de toneladas necessários ao abastecimento, o país precisará importar mais 2,94 milhões de toneladas nos próximos cinco meses. No mesmo período do ano anterior, foram adquiridas 2,87 milhões de toneladas (cf. Agência Safras e Canal Rural).

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

Site: Informativo CEEMA UNIJUÍ

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