Por Argemiro Luís Brum

O primeiro mês cotado, em Chicago, fechou em baixa para o trigo nesta semana. Na véspera do feriado do dia 28/11, o bushel do cereal registrou US$ 5,37, contra US$ 5,48 uma semana antes.

Enquanto isso, o plantio de trigo de inverno, nos EUA, chegou a 97% da área no dia 24/11, contra 98% na média histórica. Naquela data, 89% do trigo semeado estava germinado, enquanto 55% das lavouras estavam em boas a excelentes condições, outras 33% estavam regulares e 12% se encontravam entre ruins a muito ruins.

E na Rússia, foi reduzida a estimativa de exportação de trigo para 44,1 milhões de toneladas, contra 45,9 milhões anteriormente indicado (cf. Sovecon/Forbes).

Já no Canadá a produção deverá ser recorde, podendo atingir a 34,3 milhões de toneladas de produto de alta qualidade. Com isso, suas exportações poderão chegar a 25,4 milhões de toneladas de trigo (cf. Comissão Canadense de Grãos).

Por sua vez, na Ucrânia, país em guerra com a Rússia, a colheita de trigo poderá chegar a 25 milhões de toneladas no próximo ano, contra 22 milhões esperadas para 2024. A área semeada seria de 5 milhões de hectares do cereal. O trigo de inverno geralmente é responsável por 95% da produção total de trigo ucraniano a cada ano (cf. Reuters).

E no Brasil, os preços se mantêm estáveis, com leve viés de baixa nesta finalização de colheita. A média gaúcha fechou a semana em R$ 66,56/saco, com as principais praças negociando entre R$ 66,00 e R$ 67,00. Já no Paraná os preços oscilaram entre R$ 75,00 e R$ 76,00/saco. Em Santa Catarina o valor girou ao redor de R$ 75,00.

De fato, com a colheita praticamente finalizada, resta agora esperar os números definitivos que o Brasil alcançou com a produção do cereal. Houve quebras importantes, especialmente no Paraná, onde as mesmas teriam atingido a 36% em relação ao esperado. Sem considerar a qualidade, que igualmente foi atingida, nesta safra a produção gaúcha, segundo a Conab, deverá ser 76% maior que a do Paraná, ao contrário do verificado em 2023, quando a colheita no Rio Grande do Sul ficou 20% abaixo da paranaense.

No total o Brasil deve ficar com uma produção ao redor de 7,5 milhões de toneladas, embora a Conab indique 8,1 milhões (volume idêntico ao do ano passado). Nestas condições, o país deverá importar, pelo menos, 6 milhões de toneladas de trigo neste novo ano. Este trigo importado virá principalmente da Argentina, que espera colher entre 18 a 19 milhões de toneladas e exportar ao redor de 13 milhões. O problema é que, com o câmbio na faixa dos R$ 5,80 a R$ 5,90 por dólar, as compras externas ficam mais caras, pressionando os preços dos derivados de trigo e a inflação em geral.

Por outro lado, como também há muito trigo de baixa qualidade colhido, este produto vai para ração animal, competindo com o milho e segurando os preços deste cereal aos produtores. Outro tanto é exportado para países menos exigentes em termos de qualidade. Neste caso, o país deverá exportar ao redor de 2,5 milhões de toneladas neste novo ano.

Vale destacar ainda que os preços médios do trigo, no mercado de lotes do Rio Grande do Sul, estão entre R$ 1.250,00 e R$ 1.300,00/tonelada, atraindo compradores de outros estados. No Paraná, por exemplo, os valores do cereal, no mercado de lotes, estão acima de R$ 1.400,00/tonelada; no interior de São Paulo estão na casa dos R$ 1.500,00, e na região metropolitana de São Paulo em R$ 1.650,00/tonelada (cf. Cepea).

Enfim, diante de preços de mercado menores do que o preço mínimo previamente definido, o governo passou a comprar novamente trigo pafa estoques reguladores no Rio Grande do Sul. Houve anúncio de compra, pela Conab, de 200.000 toneladas do cereal gaúcho nestas condições. Cada produtor pode vender o equivalente a 1.800 sacos de trigo neste processo. O preço mínimo do trigo qualidade pão tipo 1 está em R$ 78,51/saco para toda a Região Sul do país, enquanto o tipo 2 está em R$ 67,26/saco.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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