Por Argemiro Luís Brum

As cotações do trigo, em Chicago, igualmente recuaram nesta semana, porém, em menor intensidade. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, após atingir a US$ 5,79 no dia 15/10 (a mais baixa cotação desde o dia 24/09), acabou fechando a quinta-feira (17) em US$ 5,89, contra US$ 6,03 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado no último dia 11, trouxe os seguintes números para o ano comercial 2024/25, em relação ao trigo:

1) a produção mundial foi levemente reduzida, passando para 794,1 milhões de toneladas;

2) os estoques finais mundiais, mesmo assim, subiram um pouco, chegando a 257,7 milhões de toneladas;

3) nos EUA, a produção total do cereal foi levemente reduzida para 53,6 milhões de toneladas;

4) já os estoques finais estadunidenses passaram a 22,1 milhões de toneladas;

5) a produção brasileira e argentina ficaria, respectivamente, em 9 e 18 milhões de toneladas;

6) as importações brasileiras de trigo sobem para 6 milhões de toneladas, enquanto as exportações se estabeleceriam em 3 milhões.

Ainda nos EUA, o plantio da nova safra do trigo de inverno atingia a 64% da área esperada, no dia 13/10, contra 66% na média histórica. Do trigo semeado, 35% havia germinado, contra 38% na média histórica para aquela data.

Já os embarques estadunidenses de trigo, na semana encerrada em 10/10, atingiram a 363.460 toneladas. No acumulado do atual ano comercial, iniciado em 1º de junho, o país norte-americano já exportou 8,6 milhões de toneladas, contra 6,3 milhões no mesmo período do ano anterior.

E na Rússia, o governo local anunciou um aumento de 41% na sua tarifa de exportação de trigo. Com isso, a tarifa subiu para US$ 19,51/tonelada a partir do último dia 16/10. Isso equivale, ao câmbio de hoje, a uma tarifa de R$ 110,43/tonelada. Além disso, o governo russo está pressionando seus produtores de trigo a não venderem o cereal abaixo de US$ 250,00/tonelada FOB ao exterior.

Enquanto isso, na Índia, o governo local aumentou o preço oficial de compra do trigo local em 6,6%, com o mesmo passando a US$ 28,88/saco de 100 quilos para 2025. Isso equivale, ao câmbio de hoje, a R$ 98,08/saco de 60 quilos. Na prática, a “Índia define um preço anual pelo qual comprará trigo e arroz de agricultores locais para distribuir gratuitamente a 800 milhões de beneficiários do maior programa de assistência alimentar do mundo” (cf. Reuters). No caso do trigo, o país asiático cultiva o trigo em outubro e novembro e o colhe a partir de abril. A safra deste ano foi 6,2% menor do que a estimativa oficial de 113,3 milhões de toneladas.

E no Brasil, o avanço da colheita continua a pressionar os preços do cereal. Mesmo assim, houve certa estabilização nesta semana, com os valores no Rio Grande do Sul variando entre R$ 67,00 e R$ 68,00/saco e no Paraná ficando em R$ 77,00/saco.

No Paraná, a colheita chegava, nesta semana, a 79% da área semeada, sendo que 17% do que faltava colher ainda se apresentava em condições ruins. E no Rio Grande do Sul, até o dia 10/10, cerca de 2% da área havia sido colhida, contra 8% na média histórica para a data.

O estado gaúcho ainda espera colher ao redor de 4 milhões de toneladas, porém, o clima chuvoso, com temporais e granizo, em outubro, deve impedir este volume. Sem falar em prejudicar a qualidade de parte das lavouras a serem colhidas. Por enquanto, a Conab estima uma safra de 8,26 milhões de toneladas, porém, cálculos privados, diante das quebras já consolidadas no Paraná e outros menores produtores nacionais, permitem estimar um volume final ao redor de 7,5 milhões de toneladas, sem considerar a quebra na qualidade de parte do grão a ser colhido.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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