Por Argimiro Luís Brum

O trigo fechou a quinta-feira (13) com o primeiro mês cotado registrando US$ 5,47/bushel, contra US$ 5,37 uma semana antes.

O relatório de oferta e demanda, do dia 11/03, trouxe os seguintes números para a safra 2024/25: a) nos EUA, a produção total do cereal foi mantida em 53,6 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais no país foram aumentados para 22,3 milhões, ganhando 700.000 toneladas sobre o indicado em fevereiro; b) a produção mundial de trigo foi aumentada para 797,2 milhões de toneladas, ganhando cerca de 3,5 milhões sobre o apontado em fevereiro. Já os estoques finais mundiais aumentaram para 260,1 milhões de toneladas, sendo que a produção da Argentina ficaria em 18,2 milhões, a da Austrália em 34,1 milhões, a do Canadá em 35 milhões, a da União Europeia em 121,3 milhões, a da Rússia em 81,6 milhões, a da Ucrânia em 23,9 milhões e a do Brasil em 7,9 milhões de toneladas.

Pelo relatório, o Brasil deverá importar 6,5 milhões de toneladas de trigo em 2024/25; c) assim, o preço médio ao produtor estadunidense de trigo ficaria em US$ 5,50/bushel no atual ano comercial. Aqui também existe a expectativa quanto aos relatórios do dia 31/03, especialmente no que diz respeito aos estoques trimestrais na posição 1º de março.

Dito isso, os embarques estadunidenses de trigo, na semana encerrada em 06/03, atingiram a 216.173 toneladas, ficando abaixo do esperado pelo mercado. Em todo o ano comercial atual as exportações somam 15,8 milhões de toneladas, ou seja, 18% a mais do que no ano passado, nesta mesma época.

E na Índia, espera-se uma produção recorde, ao redor de 115,4 milhões de toneladas, apesar do clima muito quente em março. Houve um aumento na área semeada, estimulado pelos preços de garantia definidos pelo governo local. A Índia é o segundo produtor mundial de trigo, ficando atrás da China. No ano passado produziu 113,3 milhões de toneladas do cereal, volume 6,2% abaixo do estimado inicialmente pelo governo. Por enquanto, o governo local continua evitando importações, aplicando um imposto de importação de 40% sobre o cereal. O país foi forçado a proibir as exportações de trigo em 2022, depois que um aumento acentuado nas temperaturas em fevereiro e março daquele ano fez a safra cair (cf. Reuters).

E aqui no Brasil os preços continuam subindo. Isso se deve à falta de produto de qualidade superior, fato que leva os vendedores a se retraírem, na expectativa de preços melhores. Diante disso, os compradores nacionais estão preferindo importar trigo. Em fevereiro foram importadas 582.200 toneladas do cereal, representando 18,8% a menos do que em janeiro, porém, 10% a mais do que em fevereiro do ano passado (cf. Secex). Nos últimos 12 meses foram importadas 6,8 milhões de toneladas de trigo, a maior quantidade acumulada em 12 meses desde junho/19.

Em tal contexto, a média gaúcha fechou a semana em R$ 70,17/saco, existindo praças pagando R$ 72,00, enquanto no Paraná os preços chegaram a R$ 77,00/saco.

Já no mercado FOB, compras estão sendo feitas, no Rio Grande do Sul, para a segunda quinzena de março e abril com valores em R$ 1.350,00/tonelada no interior, enquanto vendedores pedem entre R$ 1.400,00 e R$ 1.450,00. As exportações foram encerradas, aguardando apenas os embarques finais, totalizando 1,75 milhão de toneladas. Em Santa Catarina, os preços ao produtor aumentaram no Oeste do estado, mas o mercado permanece lento. A dificuldade na venda de farinha impede reajustes de preços, mantendo o cenário estável há semanas. O trigo do Rio Grande do Sul chega ao vizinho estado em torno de R$ 1.600,00/tonelada, considerando frete e ICMS. A demanda fraca por farinha e farelo pressiona o mercado. Algumas cooperativas catarinenses seguram estoques à espera de preços melhores. Assim, os preços no balcão variam entre R$ 69,00 e R$ 80,00/saco. Enfim, no Paraná a oferta de trigo é escassa, e os vendedores pedem entre R$ 1.500,00 e R$ 1.600,00/tonelada FOB. Fretes elevados impactam os custos, especialmente devido à colheita de soja e milho. O trigo importado chega ao Oeste paranaense entre US$ 265,00 e US$ 270,00/tonelada. A média estadual do preço de balcão, no Paraná, atingiu a R$ 76,03/saco, enquanto os custos de produção recuaram, elevando o lucro para 10,7% (TF Agroeconômica in: Agrolink).

Por outro lado, estimativas privadas para a safra 2025/26 de trigo, no Brasil, dão conta de uma produção 17,3% maior, em relação ao último ano, podendo atingir a 9 milhões de toneladas (cf. StoneX). Vale destacar que existe a possibilidade de a área nacional de trigo ser menor neste ano. As primeiras projeções dão conta de uma redução de 5% em termos de país.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 

FONTE

Autor:Informativo CEEMA UNIJUÍ

Site: Dr. Argemiro Luís Brum/CEEMA-UNIJUÍ

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