Os preços da soja subiram nos mercados nacional e externo em abril, impulsionados pela aquecida demanda global. Além disso, a expectativa de maior interesse da China pela oleaginosa brasileira também reforçou o movimento de alta, à medida que esse cenário afastou uma parte dos sojicultores das negociações envolvendo grandes volumes – esses vendedores passaram a ficar à espera de novas altas de preços nos próximos meses. No entanto, os menores patamares dos prêmios de exportação e a significativa oscilação cambial impediram que a liquidez fosse maior no mercado spot nacional.
Além disso, no dia 9 de abril, o governo dos Estados Unidos suspendeu as tarifas recíprocas de vários países (incluindo o Brasil) por 90 dias, com exceção da China. Por um lado, esse cenário trouxe certo alívio ao mercado e movimentou as transações internacionais, mas, por outro, acirrou a guerra comercial com a China, que, por sua vez, deve buscar intensificar as importações de outros países, como o Brasil.
No dia 10 de abril, os Estados Unidos aumentaram a tarifa de importação de produtos chineses para 145% e, no dia seguinte, a China retaliou e anunciou tarifa de 125% sobre as importações norte-americanas. Ressalta-se, porém, que as negociações brasileiras com a China e os embarques efetivos levam algum tempo para se concretizarem.
A China é o principal destino da soja brasileira. O país asiático absorve mais de 70% dos embarques nacionais da oleaginosa desde 2011. Vale lembrar que, de 2017 a 2019, as vendas brasileiras para a China representaram mais de 80% do total, e este foi justamente o período do primeiro mandato do presidente Donald Trump nos Estados Unidos e do início da guerra comercial entre o país norte-americano e a China.
Quanto aos preços, comparando-se as médias de março e de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná avançou 1,5%, a R$ 129,83/saca de 60 kg no último mês. Entretanto, em um ano, observa-se queda, de 3,3%, em termos reais (IGP-DI, março/25). O Indicador ESALQBM&FBovespa – Paranaguá registrou alta de 0,9% de março para abril, com média de R$ 134,68/sc de 60 kg. De abril/24 para abril/25, por outro lado, houve baixa, de 2,9%, em termos reais.
Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, entre março e abril, os preços cederam ligeiro 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e avançaram 1,1% no de lotes (negociações entre empresas). No comparativo anual, foram observadas altas, de respectivos 6,3% e 5,6%.
O movimento de avanço nos preços em abril, no entanto, foi limitado pela maior oferta da safra 2024/25 na América do Sul. No Brasil, a colheita já havia alcançado 97,7% da área até 3 de maio, de acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), confirmando safra nacional recorde. Na Argentina, a produtividade das áreas recém-colhidas também apresenta melhora frente às áreas precoces, com 23,6% do total colhido até 29 de abril, conforme dados da Bolsa de Cereales.
Outro aspecto de influência sobre as transações globais de soja e derivados deve ser a alteração na política cambial da Argentina. O governo do país vizinho fez mudanças no chamado ‘cepo’ cambial e liberou a cotação do peso, antes fixada, e a moeda pode flutuar na faixa entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. Há expectativa de que esse processo possa incentivar os agricultores e as indústrias nas comercializações da soja e de seus derivados, o que, por sua vez, limitaria as vendas brasileiras.
DERIVADOS – As negociações de farelo e de óleo de soja estiveram lentas no mercado brasileiro em abril. Para o farelo, as cotações oscilaram entre as praças. Parte dos compradores sinalizou estar abastecida, enquanto demandantes ativos adquiriram volumes pequenos. Na média das regiões brasileiras acompanhadas pelo Cepea, o farelo se desvalorizou 2,1% entre março e abril. No comparativo anual, a queda foi de 12,8%, em termos reais
Quanto ao óleo de soja, a demanda por indústrias de biodiesel esteve baixa no mercado nacional, mas os maiores consumos das indústrias alimentícias e do setor externo compensaram a menor demanda do setor de biocombustíveis. Vale lembrar que a mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel permanece em 14%.
O preço do óleo de soja, posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, foi de R$ 6.715,65/t em abril, praticamente estável frente a março, mas 19% acima do de abril/24, em termos reais
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Fonte: Cepea