ANÁLISE CLIMÁTICA DE NOVEMBRO

Em novembro de 2023, os maiores acumulados de chuva se concentraram sobre a Região Centro-Sul, além de áreas do oeste da Região Norte, com volumes que ultrapassaram 150 mm, contribuindo para a manutenção da umidade do solo nessas áreas. Já em grande parte da Região Nordeste houve predomínio de tempo seco, reduzindo ainda mais o armazenamento de água no solo.

Na Região Norte, os maiores volumes de chuva se concentraram no centro-oeste do Amazonas, Acre, norte de Roraima, sudeste do Pará e oeste de Tocantins, com valores superiores a 120 mm, recuperando mantendo a umidade do solo elevada. Nas demais áreas, os baixos volumes de chuva não foram suficientes para elevar o armazenamento de água no solo em relação ao mês anterior.

Já na Região Nordeste, houve predomínio de tempo quente e seco, exceto em áreas do sul do Maranhão e do Piauí, bem como no noroeste da Bahia, onde os volumes de chuva foram inferiores a 120 mm, possibilitando o avanço da semeadura dos cultivos de primeira safra nas áreas com maior umidade disponível no solo.

Na maior parte da Região Centro-Oeste, o retorno das chuvas durante a segunda quinzena do mês contribuiu para a elevação dos níveis de umidade no solo em áreas do centro e nordeste do Mato Grosso, sul de Goiás e leste do Mato Grosso do Sul. Em algumas localidades, os volumes superaram 150 mm, favorecendo a retomada do plantio e desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. Já em áreas do sul do Mato Grosso e noroeste do Mato Grosso do Sul, as chuvas ainda não foram suficientes para elevar os níveis de umidade no solo.

Em grande parte da Região Sudeste foram observados acumulados de chuva acima de 120 mm, o que manteve a umidade no solo elevada. No geral, as condições foram favoráveis para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra. Em contrapartida, no norte de Minas Gerais e Espírito Santo, os volumes de chuva foram inferiores a 70 mm, o que manteve os níveis de água no solo mais baixos.

Na Região Sul ocorreram volumes de chuva expressivos, com valores que ultrapassaram 400 mm na fronteira entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com exceção do oeste do Rio Grande do Sul e norte do Paraná, onde os volumes ficaram abaixo de 200 mm. Em geral, os níveis de água no solo permaneceram elevados em boa parte da região, resultando em encharcamento do solo e prejudicando a colheita das culturas de inverno, bem como semeadura e desenvolvimento das culturas de primeira safra.

Em novembro, as temperaturas em grande parte do país ficaram acima da média, exceto em áreas da Região Sul, onde os dias consecutivos com chuva amenizaram as temperaturas. Em geral, as temperaturas médias variaram entre 20 °C e 25 °C em grande parte da Região Sul, leste de São Paulo e sul de Minas Gerais.

Já em áreas da Região Centro e Norte do país, os valores foram superiores a 28 °C. Além disso, durante o segundo decêndio do mês ocorreu um episódio intenso de onda de calor que atingiu praticamente todo Brasil Central. Neste contexto, as temperaturas máximas ultrapassaram 40 °C, especialmente em áreas de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, o que aumentou a evapotranspiração e contribuiu para a manutenção de baixos níveis de umidade no solo.

CONDIÇÕES OCEÂNICAS RECENTES E TENDÊNCIA

Na figura abaixo é mostrada a anomalia de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) entre os dias 1° e 15 de novembro de 2023. Na parte Central do Pacífico Equatorial houve predomínio de anomalias entre +1 °C e +2 °C, com valores excedendo a +2,5 °C na costa oeste da América do Sul, indicando a persistência de aquecimento das águas na região. Considerando a região do Niño 3.4 (área entre 170 °W e 120 °W), a tendência de aumento de anomalias média positivas de TSM tem persistido, principalmente a partir da segunda quinzena de novembro, com valores acima de +1,5 °C, chegando a valores próximos de +1,7 °C em alguns dias deste mês, indicando a continuidade do fenômeno El Niño.

A análise do modelo de previsão do El Niño – Oscilação Sul (ENOS), realizada pelo Instituto Internacional de Pesquisa em Clima (IRI), aponta, com probabilidade de 100%, que as condições de El Niño (fase quente) se manterão no final da primavera deste ano e durante o verão de 2023/2024.

Quanto à intensidade do fenômeno, a maioria dos modelos climáticos projeta que em dezembro o fenômeno pode atingir uma intensidade forte, caracterizada pela persistência de anomalias de TSM superiores a 1,5 °C nos últimos meses. No entanto, é importante ressaltar que existem divergências entre os modelos climáticos em relação à classificação na intensidade do fenômeno. Desta forma, é de fundamental importância o monitoramento contínuo do oceano para compreender os possíveis impactos que o fenômeno pode causar em diversas regiões do Brasil.

GRÁFICO 2 – PREVISÃO PROBABILÍSTICA DO IRI PARA OCORRÊNCIA DE EL NIÑO OU LA NIÑA

Fonte: IRI – https://iri.columbia.edu/our-expertise/climate/forecasts/enso/current/.

PROGNÓSTICO CLIMÁTICO PARA O BRASIL – PERÍODO DEZEMBRO DE 2023,
JANEIRO E FEVEREIRO DE 2024

As previsões climáticas para os próximos três meses, segundo o modelo do Inmet, são mostradas na figura abaixo. O modelo continua indicando um padrão clássico de condições de El Niño, com chuvas abaixo da média no Norte do país, enquanto no Centro-Sul há previsão de chuvas acima da média. Em geral, essa condição favorecerá uma maior disponibilidade hídrica nas regiões Sul e Sudeste, enquanto há um aumento das condições de deficit hídrico em áreas das Regiões Norte e Nordeste, como é o caso do Matopiba. Já em áreas do Brasil Central, o retorno das chuvas no final deste mês irá contribuir para a recuperação dos níveis de água no solo nos próximos meses.

Analisando separadamente cada região do país, tem-se que, para a Região Norte, a previsão é de chuvas predominantemente abaixo da climatologia do trimestre. Em áreas do Acre, sudeste do Pará, sul do Amazonas e Tocantins, os volumes de chuva podem ser próximos ou acima da média histórica, o que contribuirá para a elevação do armazenamento de água no solo.

Na Região Nordeste, que inclui áreas do Matopiba, há previsão ainda de chuvas abaixo da média, principalmente no Maranhão e Piauí.

Tal cenário é reflexo da atuação do fenômeno El Niño e das águas mais quentes no Oceano Atlântico Tropical Norte nos últimos meses, que vem impactando negativamente a umidade do solo, podendo agravar o deficit hídrico até dezembro. Na parte Central e Leste, são previstas chuvas próximas ou acima da média, entretanto, os níveis de água no solo continuarão baixos em praticamente todo o trimestre devido à falta de chuvas nos últimos meses.

Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, o modelo do Inmet indica chuvas dentro ou acima da média devido à formação do canal de umidade advindo da região Amazônica, que irá favorecer a regularidade das chuvas, e, consequentemente, a recuperação dos níveis de água no solo nos próximos meses. No noroeste de Mato Grosso, norte de Minas Gerais, e áreas pontuais do Espírito Santo e Rio de Janeiro, as chuvas podem ficar abaixo da média, mantendo os níveis de água no solo mais baixos.

Na Região Sul, a atuação do fenômeno El Niño continuará favorecendo a previsão de chuvas acima da média em grande parte da região, mantendo os níveis de água no solo elevados, gerando, até mesmo, excedente hídrico. No centro e sul do Rio Grande do Sul, há previsão de chuvas próximas ou abaixo da média.

Em relação à temperatura média do ar, o modelo continua indicando que, durante todo o trimestre, as temperaturas permanecerão acima da média climatológica em praticamente todo o país, especialmente em áreas do Centro e Norte do Brasil, com valores médios ultrapassando 25 °C. Destaque para o leste da Região Norte e interior da Região Nordeste, onde as temperaturas poderão ultrapassar 28 °C.

Já em áreas da Região Sul e áreas serranas da Região Sudeste, as temperaturas podem ser mais amenas, com valores menores que 23 °C, devido ao aumento da nebulosidade e dias chuvosos.

FIGURA 3 – PREVISÃO PROBABILÍSTICA DE PRECIPITAÇÃO PARA O TRIMESTRE DEZEMBRO DE 2023, JANEIRO E FEVEREIRO DE 2024

Fonte: Inmet

Mais detalhes sobre prognóstico e monitoramento climático podem ser vistos na opção CLIMA do menu principal do site do Inmet: https://portal.inmet.gov.br.

Fonte: Conab



 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.