As cotações do trigo em Chicago continuaram recuando nesta semana, fechando a quinta-feira (07) em US$ 4,31/bushel, contra US$ 4,52 uma semana antes.

As cotações estão pressionadas pela menor demanda mundial pelo produto estadunidense. Com isso, o primeiro mês cotado em Chicago, nos 28 dias de fevereiro, perdeu 13,7% de seu valor, ou seja, quase um dólar por bushel. Aliás, as atuais cotações são as mais baixas nos últimos quase 14 meses, pois somente encontram paralelo no final de janeiro de 2018.

Enquanto isso, as vendas líquidas estadunidenses de trigo, para o ano comercial 2018/19, iniciado em 1º de junho, ficaram em 476.400 toneladas na semana encerrada em 21/02. Todavia, isso não foi suficiente para reverter a tendência de baixa.

O mercado encerrou a semana sem encontrar fundamentos altistas no cenário global. As atenções estavam voltadas para o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para este dia 08/03, na expectativa de alguma novidade que pudesse alterar o quadro baixista.

No Mercosul, a tonelada de trigo FOB para exportação fechou a semana entre US$ 220,00 e US$ 228,00, enquanto a safra nova argentina ficou cotada em US$ 190,00.

No Brasil, os preços se mantiveram estáveis, havendo dificuldades de elevações diante do recuo nos preços internacionais. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 41,30/saco, enquanto os lotes permaneceram em R$ 48,00/saco.

No Paraná, o balcão continuou praticando a média de R$ 50,00, enquanto os lotes estiveram entre R$ 54,00 e R$ 55,20/saco. Já em Santa Catarina, o balcão ficou entre R$ 42,00 e R$ 43,00/saco, enquanto a região de Campos Novos praticou a média de R$ 51,00/saco nos lotes.



Neste início de março o mercado interno aumenta a expectativa de um retorno dos moinhos locais às compras de trigo nacional, embora a oferta de produto de qualidade superior seja limitada. No entanto, este movimento comprador pode demorar mais do que o esperado já que as empresas continuam bem abastecidas com produto importado.

O recuo nos preços do cereal argentino, auxiliado pela queda expressiva em Chicago, além de um câmbio que pouco tem oscilado no Brasil, continua tornando o produto importado muito competitivo, impedindo altas nos valores internos.

Na prática, o que pode alterar o contexto nacional é uma desvalorização do Real que, por enquanto, oscila entre R$ 3,70 e R$ 3,78 por dólar. Caso ela venha a ocorrer (e isso está muito ligado a não aprovação ou à demora na aprovação da reforma previdenciária), o produto importado encarece e torna mais competitivo o trigo nacional.

Neste cenário, o quadro pode ficar ainda mais agudo diante de uma oferta nacional que mais uma vez foi prejudicada pelo clima, especialmente em sua qualidade.


Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.CEEMA

Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).

1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2-  Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.