Os preços do milho iniciaram julho em queda no mercado brasileiro, refletindo a maior oferta de segunda safra com o avanço da colheita. Além disso, compradores se mantinham afastados do spot, à espera de baixas ainda mais intensas e recebendo apenas os lotes negociados antecipadamente. Já no final do mês, as cotações voltaram a se recuperar, influenciadas pela retração de vendedores, atentos à valorização do dólar frente ao Real, cenário que aumentou a paridade de exportação e elevou o interesse de negócios nos portos.
PREÇOS
O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) avançou 3,5% em julho, encerrando a R$ 59,20/saca de 60 kg no dia 31. A média mensal, porém, de R$ 57,22/sc de 60 kg, caiu 1,1% em relação à de junho. No balanço das praças acompanhadas pelo Cepea, as médias mensais cederam 1,1% no mercado de balcão (ao produtor) e 1,6% no de lotes (negociações entre empresas), de junho para julho.
EXPORTAÇÃO
Apesar de uma melhora no decorrer de julho, a demanda externa pelo milho brasileiro ainda enfraquecida manteve o ritmo de embarques inferior ao da safra passada. Considerando os 23 dias úteis de julho, foram enviadas 3,55 milhões de toneladas do cereal, ante as 4,23 milhões de toneladas do mesmo mês de 2023, segundo a Secex.
Quanto aos preços, impulsionados pelas altas do dólar, houve respectivos aumentos de 1,9% e 1,5% nos portos de Paranaguá (PR) e de Santos (SP), entre 28 de junho e 31 de julho, com médias de R$ 61,19/sc e R$ 62,8/sc, na mesma ordem, no dia 31. O dólar subiu 1,3% em igual comparativo, encerrando mês cotado a R$ 5,662.
COLHEITA
Os trabalhos de campo avançaram durante todo o mês de julho, favorecidos pelo tempo seco na maior parte das regiões produtoras de segunda safra. Conforme a Conab, até o dia 4 de agosto, haviam sido colhidos 91,3% da safra, avanços de fortes 27 p.p. em relação ao ano anterior.
Em Mato Grosso, a colheita está praticamente finalizada, com 99,91% do cereal colhido até o dia 2 de agosto, segundo o Imea. Em Mato Grosso do Sul, as atividades chegaram a 65,9% da área até o dia 26 de julho, conforme a Famasul. Quanto ao Paraná, dados da Seab/Deral divulgados no dia 5 de agosto apontaram que 92% da área de milho segunda safra já havia sido colhida.
Quanto à safra 2024/25, a Seab/Deral relata que produtores paranaenses têm expectativas de um cenário promissor, devido à redução nos custos e aos preços atuais de vendas maiores que os do ano anterior.
ESTIMATIVAS
No dia 11 de julho, a Conab divulgou novo relatório indicando aumento na produtividade das lavouras de segunda safra em relação à estimativa de junho. Com isso, agora os dados apontam que serão produzidas 90 milhões de toneladas de milho na segunda safra, contra as 88,11 milhões divulgadas no relatório de junho, mas ainda 12% abaixo da temporada anterior. Para a primeira e terceira safras, os ajustes foram menores, e as estimativas de julho apontam colheitas de 23,44 milhões de toneladas (queda de 14% frente à temporada anterior) e de 2,4 milhões de toneladas (avanço de 12%).
No agregado das três safras, a oferta nacional de milho totalizaria 115,85 milhões de toneladas, redução de 12,2% sobre o ano-safra anterior. Adicionando-se a esse volume ao estoque inicial de 7 milhões de toneladas e às importações de 2,5 milhões toneladas, a disponibilidade nacional chegaria a 125,42 milhões de toneladas. A demanda interna, por sua vez, é estimada pela Conab em 84,25milhões de toneladas e as exportações, em 33,5 milhões de toneladas. Com isso, o estoque final ao término de janeiro de 2025 seria de 7,67milhões de toneladas, 8,5% maior que o da temporada anterior, o que, de certa forma, dificulta reações de preços no médio prazo.
MERCADO EXTERNO
Os contratos na Bolsa de Chicago (CME Group) caíram fortemente durante a maior parte de julho, com o vencimentos/24 operando no menor valor desde a sua abertura, em dezembro/21. A pressão veio do avanço da colheita brasileira, em ritmo adiantado nesta temporada, além da melhora nas condições das lavouras nos EUA, o que pode elevar oferta de cereal de qualidade no país.
Os aumentos nos preços externos verificados em meados de julho, por sua vez, estiveram atrelados à expectativa de demanda internacional aquecida e à preocupação com a previsão de clima quente e seco nas regiões produtoras norte-americanas, o que pode afetar o desenvolvimento das plantas. Entre 28 de junho e 31 de julho, o primeiro vencimento (Set/24) recuou fortes 6% na Bolsa de Chicago, fechando a US$ 3,8275/bushel (US$ 150,68/t) no dia 31.
Quanto às lavouras nos EUA, até o dia 4 de agosto, aquelas consideradas boas ou excelentes correspondiam a 67% do total, acimados 57% registrados no ano passado, conforme relatório do USDA. Na Argentina, a colheita está 92% concluída, segundo dados da Bolsa de Cereales do dia 1º de agosto.
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Fonte: CEPEA