As negociações do complexo soja estiveram aquecidas no mercado brasileiro em junho, resultado das firmes demandas doméstica e externa. A maior procura internacional esteve atrelada à valorização cambial, que deixou as commodities nacionais mais atrativas aos importadores – o dólar subiu 5% de maio para junho, com média de R$ 5,39 no último mês, a maior desde janeiro/22; o aumento anual foi de expressivos 11,3%.
Com isso, os preços subiram no spot nacional, com destaque para os derivados, sobretudo o óleo de soja. O Cepea observou acirramento da disputa entre consumidores de indústrias alimentícias e de biocombustíveis. Outro fator que reforçou a alta no final de junho foi o fato de o sindicato de indústrias esmagadoras de soja na Argentina ter anunciado greve no dia 27, contexto que pode redirecionar a demanda internacional ao Brasil em julho.
Pela primeira vez neste ano, as cotações superaram as registradas em período equivalente de 2023. Levantamento do Cepea mostra que o preço médio do óleo de soja posto na região de São Paulo, com 12% de ICMS, subiu fortes 8,6% de maio para junho, indo para R$ 5.558,78/t no último mês – o maior valor desde mar/23 em termos reais (IGP-DI de maio/24). No comparativo anual, a alta foi de 8,4%.
Quanto ao farelo de soja, a valorização esteve atrelada sobretudo à firme demanda doméstica, especialmente na primeira quinzena de junho. Considerando-se a média das regiões acompanhadas pelo Cepea, a elevação foi de 5,2% frente a maio/24 e de 1,5% sobre junho/23, em termos reais.
Assim, tendo-se como base os valores da soja, do farelo e do óleo no estado de São Paulo, a “crush margin” subiu 12,6% no acumulado de junho, a R$ 528,06/t no dia 28.
SOJA EM GRÃO – Diante da firme demanda por derivados e da margem atrativa às indústrias, fábricas locais estiveram ativas nas aquisições da matéria-prima, elevando a disputa com importadores. Na média das regiões acompanhadas pelo Cepea, de maio para junho, os valores da soja avançaram 2,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e 2,8% no de lotes (negociações entre empresas). Em relação há um ano, os aumentos foram de respectivos 2,2% (balcão) e 4,3% (lotes).
O Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná subiu 2,3% no comparativo mensal e1,9% no anual, para R$ 133,98/sc de 60 kg em junho/24, o maior valor deste ano, em termos reais. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa –Paranaguá avançou 2,1% em relação a maio, à média de R$ 138,92/sc de60 kg em junho/24, o maior valor desde dezembro/23, em termos reais. Frente à média de junho/23, houve leve baixa de 0,6%, também em termos reais.
O movimento de alta, por outro lado, foi limitado pela maior oferta na América do Sul, resultado do encerramento das atividades de campo da safra 2023/24 no Brasil e na Argentina.
FRONT EXTERNO – Os preços externos caíram em junho, refletindo abaixa demanda pela soja norte-americana – relatório de inspeção e exportação do USDA aponta que os embarques dos Estados Unidos na parcial desta temporada (de setembro/23 a 27 de junho/24) estão 16%inferiores aos registrados no mesmo período da safra passada.
Além disso, a semeadura de soja da safra 2024/25 foi concluída nos Estados Unidos. De acordo com o USDA, até 30 de junho, 67% das lavouras encontravam-se em condições entre boas e excelentes, acimados 50% observados há um ano. Em condições médias, estavam 25% das lavouras, contra os 35% de intervalo equivalente de 2023. Em condições entre ruins e muito ruins, 8%, também abaixo dos 15% da safra passada.
Com isso, na CME Group (Bolsa de Chicago), entre maio e junho, os primeiros vencimentos da soja e do farelo de soja se desvalorizaram3,6% e 1,9%, com respectivas médias de US$ 11,7286/bushel (US$25,86/saca de 60 kg) e de US$ 362,46/tonelada curta (US$ 399,54/t) em junho. O contrato de primeiro vencimento do óleo de soja recuou 1,4%,a US$ 0,4371/lp (US$ 963,56/t) – a menor média desde janeiro/21.
VAZIO SANITÁRIO – Espera-se que algumas regiões do Brasil iniciem a semeadura da temporada 2024/25 mais cedo. Isso porque, de acordo com a Embrapa, o vazio sanitário no País (período contínuo de no mínimo 90 dias em que não se pode plantar nem manter vivas plantas de soja em qualquer fase de desenvolvimento) foi reajustado, permitindo o cultivo antecipado em várias regiões brasileira. Em São Paulo e no Paraná, a medida fitossanitária encerrará no dia 31 de agosto em parte dos municípios; em Mato Grosso, será finalizada em 6 de setembro.
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Fonte: Cepea