Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações da soja em Chicago, neste final de outubro, recuaram, com o primeiro mês cotado fechando a quinta-feira (31), em US$ 9,16/bushel, contra US$ 9,33 uma semana antes.
O clima favorável à colheita da soja nos EUA, o bom avanço da mesma nesta última semana, e a precificação do acordo parcial entre EUA e China acabaram por esfriar um pouco o mercado.
Quanto à colheita, até o dia 27/10 a mesma chegava a 62% da área estadunidense, contra a média de 78% para esta época do ano, registrando um bom avanço sobre a semana anterior. O percentual colhido ficou dentro do esperado pelo mercado.
Em relação ao acordo comercial parcial entre EUA e China, houve progressos, com a expectativa de que a chamada Fase Um do acordo venha a ser assinada até o final do ano. No entanto, o cancelamento da reunião da APEC (Acordo para Cooperação Econômica entre Ásia-Pacífico), prevista para novembro no Chile, veio atrapalhar os planos. Este cancelamento se deu em função da situação conturbada vivida pelo país andino no que diz respeito às manifestações sociais contra o governo local. Esperavase a assinatura do acordo parcial EUA-China por ocasião desta reunião.
Mesmo assim, os EUA, em mais um gesto favorável ao acordo, estariam considerando prolongar por mais um ano a isenção de tarifas sobre US$ 34 bilhões de produtos importados da China.
Por outro lado, ajudou a reduzir o ânimo do mercado o comportamento semanal das exportações de soja estadunidenses. As inspeções somaram 1,57 milhão de toneladas na semana encerrada em 17/10, ficando acima do esperado pelo mercado, porém, o recuo no preço mundial do petróleo provocou leve recuo nos preços do óleo de soja.
No acumulado do ano comercial atual as inspeções de exportação chegam a 8,06 milhões de toneladas, contra 7,38 milhões um ano antes. Por sua vez, as vendas líquidas de soja por parte dos EUA foram fracas, atingindo a 475.200 toneladas na semana encerrada em 17/10. O mercado esperava um volume entre 700.000 e 2 milhões de toneladas.
No Brasil, o Real voltou a se valorizar, batendo em R$ 3,98 durante a semana, valor que não era visto desde meados de agosto. Isto, somado ao enfraquecimento das cotações em Chicago, provocou recuo nos preços internos da soja, já que os prêmios nos portos nacionais não apresentam grandes reações, ficando entre US$ 0,70 e US$ 1,05/bushel neste final de outubro (no ano passado, nesta mesma época, os mesmos giravam entre US$ 1,93 e US$ 2,42/bushel, ou seja, entre 130% a 176% mais elevados do que hoje).
Com isso, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 77,15/saco, na média semanal, com perda de R$ 1,71/saco em relação ao valor da semana anterior. Já os lotes giraram entre R$ 83,50 e R$ 84,00/saco, acusando igualmente recuo. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 73,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 85,50 em Campos Novos (SC), passando por R$ 82,00 no centro, norte e oeste do Paraná; R$ 76,00 em São Gabriel (MS) e Goiatuba (GO); R$ 76,50 em Uruçuí (PI); e R$ 74,50/saco em Pedro Afonso (TO).
Enfim, o plantio da nova safra brasileira de soja atingia a 31% em 25/10, contra 29% na média histórica para esta época do ano e 44% semeado na mesma época do ano passado. O Mato Grosso, até a data indicada, havia plantado 65% de sua área, o Paraná 48%, Mato Grosso do Sul e Goiás 25%, Minas Gerais 18%, Santa Catarina 10%, São Paulo 9%, Rio Grande do Sul 1%, Bahia 0,3% e os demais Estados produtores ao redor de 4%.
Destas regiões, havia atraso na semeadura da soja, em relação a média histórica, no Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia e Santa Catarina. (cf. Safras & Mercado)
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.