Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do trigo em Chicago, após baterem em US$ 5,32/bushel no início da semana, recuaram posteriormente e o primeiro mês fechou em US$ 5,16/bushel no dia 24/10, quinta-feira, contra US$ 5,25 uma semana antes.
Portanto, após atingir o melhor patamar desde meados de julho, o mercado cedeu durante a semana. A alta inicial se deu em função de compras especulativas por parte dos operadores, estimuladas pelo frio sobre as regiões produtoras dos EUA e a seca prolongada que atinge a Austrália, além de algumas preocupações climáticas sobre as lavouras argentinas.
Posteriormente, a realização de lucros por parte dos especuladores forçou um recuo no valor do bushel. Junto a isso, a performance das exportações não foi tão boa, com o volume das vendas líquidas, na semana encerrada em 10/10, atingindo a 395.100 toneladas, representando 24% abaixo do vendido na semana anterior e apenas 11% acima da média das quatro semanas anteriores.
Por sua vez, as inspeções de exportação, na semana encerrada em 17/10, atingiram a 565.099 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. No acumulado do atual ano comercial as mesmas somam 10,06 milhões de toneladas, contra 8,2 milhões em igual momento do ano anterior.
Por outro lado, a colheita do trigo de primavera, nos EUA, até o dia 20/10, somava 96%, enquanto o mercado esperava 97%. Esta colheita, pela média histórica, já deveria estar pronta. Enfim, o plantio da nova safra de trigo de inverno chegou a 77% até o dia 20/10, contra a média histórica de 75%.
No Mercosul, a tonelada FOB para exportação registrou valores entre US$ 180,00 e US$ 210,00, enquanto a safra nova argentina ficou em US$ 179,00.
E no Brasil, o preço do cereal continuou com viés de baixa. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 38,54/saco, enquanto os lotes ficaram em R$ 42,60/saco. No Paraná, o balcão permaneceu em R$ 45,00, enquanto os lotes continuaram entre R$ 50,00 e R$ 51,00. Já em Santa Catarina o balcão se manteve em R$ 42,00, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, registrou R$ 46,50/saco.
Enquanto as perdas nas lavouras paranaenses ainda não estão totalmente contabilizadas, a colheita naquele Estado chega entre 85% e 90% da área. O oeste do Paraná já teria concluído a mesma. Os produtores, na busca de melhores preços, estão segurando o produto, enquanto os moinhos do Paraná continuaram a buscar trigo no Rio Grande do Sul, onde a colheita estaria entre 15% a 20% da área. No Estado gaúcho não há registros, por enquanto, de perdas importantes.
Os preços do produto gaúcho estariam ao redor de R$ 780,00/tonelada posto no Paraná, enquanto o produto paranaense vem sendo negociado entre R$ 830,00 e R$ 840,00 localmente. Assim, em não havendo problemas de qualidade, o produto gaúcho pode continuar a abastecer o Paraná.
O que ajudou a este movimento foi o fato de que o trigo importado do Paraguai ficar mais caro nas últimas semanas devido a forte desvalorização do Real. Entretanto, o importante recuo cambial deste final de semana, se consolidar uma nova tendência, após a aprovação da Reforma da Previdência no Brasil, pode tornar novamente o trigo paraguaio competitivo, forçando baixas de preço do cereal brasileiro.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.