As cotações da soja em Chicago oscilaram durante a semana, porém, se mantiveram acima dos US$ 9,00/bushel. O mercado trabalhou na expectativa da reunião entre EUA e China, prevista para os dias 10 e 11 de outubro, em busca de uma solução para o litígio comercial entre os dois países, o qual já dura 18 meses.
Outro ponto que movimentou o mercado foi a expectativa pelo novo relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado em 10/10. Assim, na véspera destes dois eventos, Chicago fechou em alta, atingindo a US$ 9,23/bushel (o melhor valor desde janeiro). Após o anúncio do relatório e enquanto se desenrolavam as negociações entre EUA e China o fechamento da quinta-feira (10) ficou nos mesmos US$ 9,23, contra US$ 9,11/bushel uma semana antes.
O relatório indicou os seguintes números para a nova safra 2019/20 nos EUA e mundo:
- Redução da safra estadunidense de soja para 96,6 milhões de toneladas, quando o mercado esperava 97,2 milhões de toneladas;
- Redução dos estoques finais estadunidenses de soja para 12,5 milhões de toneladas. O mercado esperava 13,9 milhões de toneladas;
- Produção mundial em recuo para 339 milhões de toneladas, contra 341,4 milhões de toneladas em setembro;
- Os estoques finais mundiais ficam agora projetados em 95,2 milhões de toneladas, contra uma expectativa do mercado de 96,9 milhões. Para o ano comercial 2018/19 os estoques finais foram reduzidos para 109,9 milhões de toneladas, contra expectativa do mercado de 110,7 milhões;
- A produção brasileira e argentina estão projetadas em 123 milhões e 53 milhões de toneladas respectivamente;
- As importações chinesas de soja foram mantidas em 85 milhões de toneladas;
- O preço médio do bushel para os produtores de soja estadunidenses, em 2019/20, passa agora para a média de US$ 9,00.
Em contrapartida, as negociações sino-estadunidenses encontravam dificuldades para avançar, tirando parcialmente o ímpeto altista do mercado.
Todavia, esta situação acabou sendo compensada, em parte, por elementos concretos de mercado, tais como:
- as exportações líquidas estadunidenses de soja estão boas neste início de ano comercial 2019/20, atingindo a 2,08 milhões de toneladas na semana encerrada em 26/09 (negócios fechados para serem concretizados no novo ano comercial). O mercado esperava um volume entre 800.000 e 1,5 milhão de toneladas. Além disso, a China continuou comprando soja estadunidense. Na semana anterior mais de 700.000 toneladas foram vendidas para os chineses;
- o clima nos EUA, com excesso de chuvas nas regiões produtoras, atrasando a colheita, também preocupa no momento. Até o dia 06/10 apenas 14% da área havia sido colhida, contra a média de 34% nesta época do ano. Das lavouras que faltavam ser colhidas, 53% estavam entre boas a excelentes condições, 32% regulares e 15% entre ruins a muito ruins.
Quanto ao mercado brasileiro, puxado por Chicago e pela continuidade de um câmbio acima de R$ 4,00/dólar, os preços internos se mantiveram firmes. O balcão gaúcho fechou a semana na média de R$ 76,21/saco, enquanto os lotes giraram entre R$ 84,00 e R$ 84,50/saco. Nas demais praças os lotes oscilaram entre R$ 72,00 em Sorriso (MT) e R$ 86,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 83,00 no centro e norte do Paraná; R$ 79,00 em São Gabriel (MS); R$ 77,00 em Goiatuba (GO) e Pedro Afonso (TO); e R$ 78,50 em Uruçuí (PI).
Os preços só não foram melhores porque os prêmios nos portos voltaram a recuar, fechando a semana entre US$ 0,66 e US$ 0,86/bushel. Por outro lado, a comercialização da safra passada, até o dia 04/10, atingia a 92% do total, contra a média de 90% para esta época. O Rio Grande do Sul, com 85% e Santa Catarina com 80% negociados eram os Estados que menos haviam vendido soja. Já a comercialização antecipada da nova safra, na mesma data, chegava a 26% do total, contra 23% na média histórica.
Por Estado a mesma assim estava: RS com 15% (12% na média); PR 19% (18%); MT 32% (28%); MS 25% (24%); GO 30% (24%), SC 15% (13%); SP 22% (17%); MG 23% (21%); BA 22% (28%); MA 45% (36%); PI 40% (32%) e TO 40% (37%). (cf. Safras & Mercado)
Enfim, o plantio da nova safra chegava a 4% no dia 04/10, contra 6% na média histórica para esta época. O Paraná registrava 14% semeado, contra 20% na média; o Mato Grosso 7%, contra 8%; o Mato Grosso do Sul 3%, contra igualmente 8% de média. Os demais Estados produtores praticamente não haviam iniciado o plantio, salvo Goiás com 1,5% da área e Minas Gerais com 0,5%. (cf. Safras & Mercado)
Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.