Por Dr. Argemiro Luís Brum
Nesta semana bastante curta no Brasil, devido às festas de Carnaval, o mercado externo assistiu a novas baixas nas cotações da soja em Chicago. O bushel do produto fechou a quinta-feira (15) em US$ 11,62, contra US$ 11,93 uma semana antes. Trata-se da mais baixa cotação, para o primeiro mês cotado, desde 11 de dezembro de 2020, ou seja, há mais de três anos. Por sua vez, o farelo de soja registrou o fechamento deste dia 15/02 nos mais baixos níveis desde setembro de 2020.
Nos EUA, as atenções se voltaram para o tradicional Fórum Outlook da Agricultura, promovido pelo USDA nesta época do ano. O mesmo iniciou nesta quinta-feira (15) e traz os primeiros números projetados para a safra 2024/25 nos EUA. Comentaremos o mesmo em nosso próximo boletim.
As primeiras notícias que chegam é de que os agricultores dos EUA plantarão, neste ano, menos milho do que soja. Esse é um fator baixista para as cotações da soja no momento. A área de milho está projetada em 36,8 milhões de hectares, contra 38,3 milhões em 2023. Já em soja os mesmos semeariam 35,4 milhões de hectares, contra 33,8 milhões no ano passado. Ou seja, enquanto a área de milho cai em 3,8% a da soja aumentaria em 4,7%.
Já no Brasil, o mercado ficou relativamente estável, com viés de baixa na medida em que a colheita avança e as chuvas retornaram no sul do país. Ainda não está bem dimensionada a quebra de safra nacional devido ao clima, em relação ao inicialmente previsto, com as estimativas principais variando entre 149 milhões (Conab) e 154 milhões de toneladas (analistas privados), quando se esperava uma colheita acima de 160 milhões, com potencial total para 169 milhões de toneladas.
Mesmo assim, uma colheita importante, considerando que as chuvas igualmente retornaram na Argentina e o volume, a ser colhido no vizinho país, está mantido em 48 milhões de toneladas, contra 25 milhões da frustrada safra passada.
O preço médio gaúcho fechou a semana em R$ 111,70/saco, com as principais praças locais negociando em até R$ 110,00 o saco da oleaginosa, enquanto no restante do país os preços oscilaram entre R$ 95,00 e 105,00/saco.
A colheita da atual safra de soja, no Brasil, chegou a 23,8% da área total até o início da presente semana, estando mais adiantada em relação ao ano passado devido ao tempo mais seco e quente nas últimas semanas. No ano passado, nesta época, a colheita estava em 17,4% da área, enquanto a média histórica é de 19,7%. (cf. Pátria AgroNegócios)
Especificamente no Mato Grosso, a colheita atingia a 51,5% da área no dia 09/02, contra 44,9% na média histórica. A safra total deste principal produtor brasileiro está prevista, agora, em 38,4 milhões de toneladas, com recuo de 15,2% sobre o colhido no ano anterior, devido ao clima. (cf. Imea)
No Rio Grande do Sul, a colheita não iniciou enquanto no Paraná a expectativa é de que a colheita seja menor em 12% em relação ao esperado.Em tal contexto, e preocupada com o recuo nos preços e a manutenção dos altos custos de produção, a Aprosoja nacional aconselha cautela aos produtores rurais no momento da comercialização da atual safra. Segundo seus cálculos, com preços abaixo dos R$ 100,00/saco, particularmente no Centro-Oeste, a redução média da receita com a soja é de 33% na atual safra, em comparação com a safra do ano passado.
Em muitos locais do país as margens já estão negativas em função das perdas em produtividade, algo que os produtores gaúchos conhecem muito bem nestes últimos anos.
Mesmo assim, no Mato Grosso, a comercialização da atual safra atinge 40,6% da colheita esperada. Os baixos preços e as perdas climáticas fizeram os produtores locais diminuírem o ímpeto de vendas já que a média histórica, para esta época do ano, é de 60% da safra comercializada. O preço médio de venda do saco de soja, naquele Estado, está em R$ 100,65, com recuo de 1,18% sobre janeiro. Já a comercialização da safra futura (2024/25), no Mato Grosso, chegou a 1,3% no início da presente semana, contra 9,4% na média histórica para esta data.
Enfim, a exportação de soja pelo Brasil, em fevereiro, está estimada em 7,3 milhões de toneladas. Entretanto, os navios em espera para embarcar somam um total de 11,5 milhões. Como a colheita está adiantada devido ao clima mais seco e quente, os embarques se aceleram no início deste ano comercial. Por sua vez, a exportação de farelo de soja foi projetada em cerca de 2 milhões de toneladas, com um avanço de 777.000 toneladas sobre fevereiro do ano passado.(cf. Anec)
Quer saber mais sobre a Ceema/Unijuí. Clique na imagem e confira.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).