Além de desempenhar importante papel na rotação de culturas com a soja, em algumas propriedades agrícolas, o trigo contribui significativamente com a receita da propriedade, exercendo importante papel econômico. Logo, além da adequada nutrição e posicionamento da cultura, é essencial adotar um adequado manejo fitossanitário, que promova controle de pragas e doenças na cultura.
Dentre as principais doenças do trigo, o complexo de manchas foliares se destaca por poder acometer a cultura nos diferentes estádios do desenvolvimento do trigo (figura 1), ocorrendo principalmente no período da elongação ao final do florescimento.
Figura 1. Período de ocorrência das principais doenças no trigo.
O complexo de manchas foliares em trigo é causado por um grupo de fungos, sendo os principais patógenos Drechslera triticirepentis (mancha amarela), Bipolaris sorokiniana (mancha marrom) e Stagonospora nodorum (mancha de gluma). Esses patógenos possuem em comum a alta habilidade saprofítica, os sintomas formam lesões necróticas com halo clorótico e possuem capacidade de sobreviver nas sementes e restos culturais (Santana et al., 2021).
As manchas foliares evoluem para lesões nas folhas (figura 2), tendo como principal consequência, a redução da área fotossinteticamente ativa das folhas, e consequentemente, da produção de fotoassimilados e acúmulo deles nos grãos, reduzindo a produtividade do trigo caso as devidas práticas de controle não sejam adotadas.
Figura 2. Escala de severidade de sintomas de manchas foliares em trigo, adaptada de Lamari e Bernier (1989).
Conforme destacado por Costamilan et al. (2021), os sintomas típicos da mancha marrom são lesão de centro pardo-escuro e bordos arredondados e de tamanho indefinido (Figura 3 – A). Já a mancha de gluma ocorre mais nas brácteas florais e nos nós das plantas, existindo eventualmente a presença de picnídios (pontos pretos) nas lesões (Figura 3 – B), enquanto a mancha amarela é similar a mancha marrom, entretanto, apresenta halo amarelado (Figura 3 – C).
Figura 3. Sintomas de manchas foliares no trigo. A – mancha marrom; B – mancha de gluma; C – mancha amarela.
Vale destacar que uma característica comum dessas manchas foliares é que, sob condições de elevada umidade, elas têm desenvolvimento favorecido. Segundo Santana et al. (2012), é necessário tempo de molhamento foliar para que ocorra o desenvolvimento das manchas foliares, o que torna necessário intensificar o manejo e monitoramento das manchas foliares em anos de El Niño, em que, maiores volumes de chuvas são esperados para o Sul do Brasil. Logo, deve-se ficar atento a ocorrência das manchas foliares no trigo, especialmente se tratando de cultivares mais suscetíveis.
Veja mais: Publicação apresenta as principais pragas na cultura do trigo
Referências:
COSTAMILAN, L. M. et al. MANCHAS FOLIARES. Embrapa, Trigo, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/trigo/producao/doencas/manchas-foliares >, acesso em: 04/07/2023.
SANTANA, F. M. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MANCHAS FOLIARES DO TRIGO: RESULTADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS – SAFRAS 2018 E 2019. Embrapa, Circular Técnica, n. 64, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/224433/1/CircTec-64-o.pdf >, acesso em: 04/07/2023.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 04/07/2023.
Foto de capa: Foto: La Nacion – Argentina
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