Às vésperas do início da semeadura da soja no estado do Rio Grande do Sul, várias dúvidas surgem quanto ao manejo que será adotado nessas áreas, especialmente no que diz respeito a aplicação de fertilizantes.
Dentre os nutrientes essenciais a cultura está o fósforo, que constitui estruturas importantes de plantas e é responsável por diversas reações bioquímicas. Visando acelerar o processo de semeadura, tendo em vista a sua curta janela, frequentemente esse nutriente não é aplicado diretamente na linha de semeadura na forma de fertilizante NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), e com isso, é distribuído a lanço na forma de fosfato.
Entretanto, a aplicação a lanço pode apresentar algumas desvantagens à cultura e nas áreas em que é realizada. Segundo Barbosa et al. (2015), quando o fósforo é aplicado a lanço concentra-se na camada superficial do solo (0-2,5 cm), limitando a sua distribuição vertical no perfil, isso pode acarretar na concentração de raízes da cultura apenas na superfície, com isso os períodos em que a planta estará sob estresse hídrico poderá ser maior, pois as suas raízes terão menor volume em profundidade de solo explorado.
Figura 1: Distribuição do P no solo em função da profundidade e dos tratamentos.
Diferentemente de quando a aplicação é realizada na linha de semeadura, em que o fósforo é concentrado abaixo da semente, e a sua distribuição vertical no perfil do solo é maior. Neste sentido, é importante salientar que este nutriente é pouco móvel no solo, devido a sua adsorção específica, que consiste na ligação química entre o átomo de ferro do óxido e o átomo de oxigênio do fosfato, sendo assim, quanto mais próximo das raízes estiver, maior será a sua disponibilidade durante o desenvolvimento da cultura. Com isso, as raízes serão estimuladas a crescer em busca deste nutriente, aumentando o volume de solo explorado e, consequentemente, os efeitos dos períodos de estresse hídrico serão menores.
Outro aspecto importante a ser observado na escolha do modo de aplicação de fósforo são as plantas daninhas. Sabe-se que elas são plantas de oportunidade, que competem pelos mesmos recursos que a cultura: água, luz e inclusive nutrientes e entre eles está o fósforo.
Ao realizar a aplicação a lanço a distribuição de fertilizante será uniforme em toda a área, favorecendo não só a cultura, mas também as demais plantas presentes na área. Todavia, ao realizar a aplicação de fósforo diretamente na linha, a cultura será favorecida, pois como supracitado, este nutriente é pouco móvel no solo, e consequentemente a competição por ele será menor.
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Com isso, conclui-se que é de extrema importância compreender a dinâmica deste nutriente, a fim de escolher a melhor aplicação tendo em vista o desenvolvimento da planta. Apesar da aplicação a lanço ser vantajosa do ponto de vista da mecanização e até mesmo por propiciar maior eficiência no momento da semeadura, apresenta algumas desvantagens que devem ser levadas em consideração ao realizar o planejamento das operações.
Referência: BARBOSA; N.C.; ARRUDA, E.M.; BROD, E.; Hamilton Seron PEREIRA, H.S. Distribuição vertical do fósforo no solo em função dos modos de aplicação. Biosci. J., Uberlândia, v. 31, n. 1, p. 87-95, Jan./Feb. 2015.
Texto: Mariana Miranda Wruck– Bolsista do grupo PET Agronomia/UFSM.
Para esse assunto, não existe uma única resposta, depende de que condição de solo, cultura, etc…estamos tratando. No meu entendimento, esse é exatamente o contexto onde entra o profissional com vivência de campo e competência, para definir. Parabéns ao portal por abordar assunto relevante, para quem gosta de fertilidade do solo e nutrição de planta.