O presente trabalho tem por objetivo caracterizar as fases de
desenvolvimento da cultura da soja de acordo com características marcantes e relacionar com estas os principais manejos recomendados de acordo com a escala fenológica, permitindo sua utilização de forma prática pelos produtores rurais.
Autores: Bruno Marcos Nunes Cosmo¹; Tatiani Mayara Galeriani²; Willian Aparecido
Leoti Zanetti³.
Introdução
O setor agropecuário é considerado um dos mais importantes em nível global e nacional, no Brasil o seguimento foi responsável por cerca de 20 a 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, nas últimas décadas. Dentre as culturas de destaque a Companhia Nacional do Abastecimento – Conab (2016), coloca a soja como sendo a principal em extensão de área cultivada e volume da produção total. A soja é considerada a cultura oleaginosa mais produzida e consumida no mundo, sendo o Brasil o segundo maior produtor. Entretanto, ressalta-se que apesar da elevada importância, os manejos e tratos culturais realizados na cultura muitas vezes são um desafio para os produtores com relação ao momento e a forma de realização. Para facilitar a compreensão técnica e científica no estudo de diferentes culturas, lança-se mão da fenologia, termo que se refere a parte da botânica destinada a estudar as diferentes fases de crescimento e desenvolvimento das culturas.
Estas fases são denominadas fases fenológicas e são definidas por caracteres marcantes, expressos em geral de forma morfológica, mas relacionados à processos fisiológicos (Câmara, 2006). Cientificamente pode ser simples a compreensão das fases da cultura, entretanto, sua observação prática muitas vezes não é constatada por parte dos produtores rurais, fator que pode prejudicar ou impedir o máximo aproveitamento de determinado manejo. Neste contexto, o presente trabalho tem por objetivo caracterizar as fases de desenvolvimento da cultura da soja de acordo com características marcantes e relacionar com estas os principais manejos recomendados de acordo com a escala fenológica, permitindo sua utilização de forma prática pelos produtores rurais.
Material e Métodos
O presente trabalho foi realizado visando elaborar uma escala preferencial de manejos na cultura da soja, sobreposta a escala fenológica de desenvolvimento da cultura. Para atingir tais objetivos realizou-se uma pesquisa bibliográfica com a finalidade de levantar dados para caracterizar cada fase de desenvolvimento da cultura da soja, em seguida realizou-se nova pesquisa / levantamento bibliográfico, aliada a coleta de informações com produtores e técnicos de algumas cidades da região oeste do Paraná, para enquadrar alguns dos principais manejos realizados na cultura dentro das fases de desenvolvimento.
Resultados e Discussão
Como resultados deste trabalho, destaca-se a caracterização das fases fenológicas da soja, bem como o enquadramento dos principais manejos realizados na mesma diante destas fases. Para gerar tais resultados foram utilizadas informações levantadas de acordo com os seguintes autores: Borkert et al. (1994), Câmara (2006), Sediyama (2009), Licht (2014), Lopes (2014), Canal Rural (2015), Melotto et al. (2016); Rodrigues (2016), Lourenção et at. (2017) e Lourenção et at. (2018).
De acordo com as informações levantadas a cultura da soja apresenta duas grandes fases de desenvolvimento, sendo elas a fase vegetativa e reprodutiva, estas por sua vez são subdivididas em vários estádios menores, os estádios são designados por letras e números, sendo a letra V para os estádios na fase vegetativa e R nos estádios da fase reprodutiva.
A contagem do estágio V ocorre considerando-se os nós acima do nó cotiledonar, quando as folhas do nó estiverem completamente desenvolvidas (os bordos dos folíolos não mais se tocarem) assim o primeiro par de folhas (unifolioladas), configuram o estádio V1. A Tabela 1, apresenta a descrição dos principais estádios de desenvolvimento da cultura.
Tabela 1. Caracterização dos Estádios de Desenvolvimento da Soja.
A mudança de estádios ocorre entre 5 a 7 dias, podendo oscilar conforme o clima e fertilidade. Nestes estádios podem ser realizados manejos específicos visando o máximo aproveitamento da atividade e também o melhor aproveitamento por parte da planta, nesse sentido a Figura 1, mostra os manejos de forma simplificada conforme o estádio.
Figura 1. Manejos Simplificados na Cultura da Soja conforme a Fenologia.
Conclusão
Como encerramento destaca-se que os manejos na cultura da soja devem ser realizados de acordo com o monitoramento e acompanhamento da cultura e sua interação com o clima, nível tecnológico do produtor e afins. Entretanto, um conhecimento generalizado sobre os procedimentos a serem realizados pode facilitar e melhor as práticas realizadas pelos produtores rurais.
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Referências
BORKERT, C. M. et al. Seja o doutor da sua soja. Brasil: Potafos, 1994. 17p.
CANAL RURAL. Entenda o Calendário da soja. Canal Rural, 2015.
CÂMARA, G. M. S. Fenologia é ferramenta auxiliar de técnicas de produção. Visão Agrícola, 1:63-66, 2006.
CONAB. A produtividade da soja: Análise e perspectivas. Brasília: Conab, 2016.
LICHT, M. Soybean growth and development. Lowa: Lowa State University, 2014. 28p.
LOPES, A. L. C. Dossiê técnico: Cultivo e manejo da soja. Brasil: SRBT, 2013. 37p.
LOURENÇÃO, A. L. F. et al. Tecnologia e produção: Soja 2016/2017. Curitiba: Midiograf, 2017.
LOURENÇÃO, A. L. F. et al. Tecnologia e produção: Soja 2017/2018. Curitiba: Midiograf, 2018.
MELOTTO, A. M. et al. Tecnologia e produção: Soja 2015/2016. Curitiba: Midiograf, 2016.
RODRIGUES, R. A. Soja (Glycine max): Morfologia e fisiologia. Goiás: UFG, 2016. 49p.
SEDIYAMA, T. Tecnologias de produção e usos da soja. Londrina: Mecenas, 2009. 314p
Informações dos autores
¹ Mestrando em Irrigação e Drenagem, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu/SP.
² Mestranda em Agricultura, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu/SP.
³ Mestrando em Irrigação e Drenagem, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), Botucatu/SP.
Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.