O Paraná já colheu mais de 2,5 milhões de toneladas que, somadas às colheitas de São Paulo (258,7 mil tons) e Minas Gerais (214,5 mil tons) representa uma disponibilidade de 3,0 milhões de toneladas, mas a comercialização está lenta, muito lenta, porque:

  • a) os preços do trigo estão subindo e o agricultor deixa subir para ver até onde vai;
  • b) ele pode esperar, porque está super capitalizado pelos grandes lucros da soja, do milho e do próprio trigo neste ano de 2020;
  • c) os compradores de farinhas estão percebendo os preços subirem e estão aumentando a demanda para se estocarem antes da alta.

Tudo isto está fazendo os preços na colheita subirem muito, quase tocando os preços do trigo de safra velha. Ora, estes movimentos escondem perigosas armadilhas a médio e longo prazos. O que na realidade o agricultor está fazendo é ele próprio estocar o trigo, deixando para vender mais tarde, o que significa, aumentar a oferta a partir de fevereiro/março para frente, exatamente como aconteceu na temporada de 2017/18, quando os preços de março em diante foram menores do que os de novembro/dezembro. Não há nenhuma garantia de que isto vá ocorrer, mas já aconteceu e é uma possibilidade real.



A TF Agroeconômica tem uma ferramenta exclusiva que projeta os custos do carregamento do trigo que está sendo colhido, mês a mês, para ajudar seus assinantes a avaliar se vale ou não a pena guardar o produto ou vendê-lo logo. No caso do trigo que está sendo colhido agora em outubro, colocamos os preços atuais nos dois principais estados produtores do país e projetamos o custo do carregamento da posição até o próximo mês de abril, isto é, os números constantes em cada mês equivalem ao mesmo número de agosto, só acrescido dos custos. Para valer a pena, o preço do mercado terá que ser maior do que mostrado na tabela.

Como se vê, um preço de R$ 1.320 em abril é exatamente o mesmo que o preço atual de R$ 1.230 no Paraná, não valendo a pena ter guardado o trigo. Para valer a pena terá que ser maior que isto. Mas, será que os mercados de pão, massas e biscoitos aguentarão pagar sistematicamente mais de R$ 1.320,00 por toneladas de matéria-prima?

A experiência do segundo semestre de 2019 mostra que não. Só foi possível pagar este preço diluído no preço médio do ano, que começou em R$ 750,00/t no RS e R$ 850,00/t no Paraná. Neste ano não temos estes preços baixos.

O segundo ponto é o fato de a demanda por farinhas estar muito forte neste momento. Os próprios moinhos estão desconfiando deste aumento da demanda. Acreditam que os compradores, percebendo o aumento inevitável dos preços, estejam se estocando para baixar a demanda em breve e forçar a queda dos preços das farinhas, ficando de fora do mercado, mas tendo estoques suficientes em casa.

Então, já temos dois fatores que muito provavelmente ocorrerão no futuro próximo:

  • a) grandes estoques de matéria-prima na mão dos produtores/cooperativas/cerealistas;
  • b) grandes estoques de farinha na mão dos compradores.

CONCLUSÃO: O resultado disto, se não houver um terceiro fator forte o suficiente para inverter esta tendência, será a de preços baixos da matéria-prima a médio e longo prazos.



Fonte: T&F Agroeconômica

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