Com altas produtividades e baixa renda, o agricultor brasileiro tem motivos especiais para aprimorar o modelo de gestão de suas lavouras. Além da baixa renda, o risco de perda da qualidade ambiental das áreas produtivas leva a indesejáveis intervenções tecnológicas nem sempre bem sucedidas. Todos sabem o custo da compactação e os efeitos do desequilíbrio biológico. Com o mercado remunerando parece que o comportamento ambiental dos produtores fica comprometido e o que se vê é o acelerado avanço na ampliação de lavouras ocupando áreas frágeis e de manejo complexo.

Um simples estudo de variabilidade estatística pode mostrar que com as médias de produtividade das propriedades brasileiras muitas áreas não são rentáveis e apresentam sérios problemas na capacidade produtiva. Quando a renda cai e aumenta a dependência de fertilizantes e agrotóxicos há sérios sinais da necessidade de um redesenho no manejo produtivo. O agricultor ganha dinheiro, mas perde eficiência. São as duas faces da agricultura brasileira. A média atual de produtividade é o resultado de um modelo de gestão onde inúmeras propriedades apresentam áreas rentáveis, mas passivamente estão convivendo com manejo inadequado, portanto trilham num sombrio futuro produtivo. Geralmente o bom comportamento do mercado de commodities é traiçoeiro e leva agricultores manterem a inadequada estratégia de manejo.

O manejo considerável desejável é aquele que preconiza o constante propósito de qualificar a cobertura do solo com o cultivo de plantas de alto desempenho fisiológico. A condição de uma cobertura plena com qualidade significa que coberto por palha ou por plantas verdes o solo não sofre estresse térmico e nem hidrológico mantendo uma atividade biológica diversificada (ABD) intensa e equilibrada. Nestas condições toda lavoura expressa seu potencial produtivo e alta rentabilidade. A uniformidade e regularidade da biomassa condiciona a perenidade produtiva e rentável da área.

O manejo considerado indesejável é aquele que apesar de momentaneamente gerar lucro e é ineficaz em longo prazo e constrói áreas altamente impactadas. A falta de qualidade na cobertura produz muitos vazios na superfície expondo o solo às chuvas torrenciais e ao sol intenso. Não é difícil encontrar áreas cultivadas com muitos pontos que no período das chuvas a água empoça e no período seco a temperatura do solo eleva-se limitando a vida. As plantas cultivadas em área de empoçamento sofrem do estresse hidrológico que provoca sérias paralisações no desempenho fisiológico comprometendo sua produção. As plantas cultivadas em área com alta temperatura sofrem do estresse térmico, que compromete a fotossíntese bem como atividades do sistema radicular.

Continuar a conviver com propriedades agrícolas que apresentam modelos de manejo com duas faces antagônicas certamente não faz bem a saúde da agricultura brasileira.

Fonte: FEBRAPDP – Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.