Os percevejos fitófagos, as lagartas desfolhadoras, os coleópteros, a mosca-branca, os ácaros e os tripes são as principais pragas que atacam a cultura da soja no Brasil. Somado a isso, a principal ferramenta empregada no controle desses insetos é o uso de inseticidas químicos. No entanto, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) trabalha fortemente com objetivo de reduzir a resistência genética dos insetos juntamente com uma boa eficiência de controle, racionalizando o uso dos produtos químicos, aliando manejos biológicos, culturais, genéticos e comportamentais.
A tomada de decisão é influenciada por vários fatores, como os princípios ativos disponíveis, o alvo a ser controlado, o preço dos produtos em questão e sua eficiência de controle. A associação de inseticidas químicos e biológicos deve ser pensada de forma conjunta com os fatores citados, de modo que essa combinação seja sinérgica, seja compatível e tenha um bom custo-benefício.
O número de formulações disponíveis no mercado para o controle biológico de diferentes insetos tem aumentando gradualmente, bem como o seu uso por parte dos produtores. Os bioinseticidas à base de fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, bactérias como Bacillus thuringiensis e também com base em Baculovírus são os mais utilizados, principalmente no controle de lagartas (Figura 1).
Figura 1. Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) infectada por baculovírus.
Foto: Daniel R. Sosa-Gómez.
No trabalho de Kuss et al. (2016) foi avaliada a eficiência de diferentes inseticidas químicos e biológicos no controle de Helicoverpa armigera. Observou-se resultados de mortalidade acumulada de 60 %, com três dias de exposição das lagartas ao Bacillus thuringiensis (Bt), e 75 % para o tratamento com Baculovírus após oito dias de exposição. Além disso, foi possível perceber que embora os inseticidas biológicos sejam promissores, ainda possuem ação lenta e controle abaixo do satisfatório para insetos muito grandes, como lagartas de ínstares mais avançados.
Desse modo, a associação de produtos químicos com biológicos pode ser benéfica de acordo com a situação da infestação. Para corroborar com essa idéia, o trabalho de Desenso (2017) demonstrou que a associação de clorpirifós com os bioinseticidas à base de Bacillus thuringiensis e Baculovírus proporcionou incremento significativo na taxa de mortalidade de H. armigera (independente da dose), quando comparado aos bioinseticidas sem mistura, evidenciando possível ação sinérgica.
Seguindo essa linha de estudo, Lima et al. (2020) avaliaram tratamentos com inseticidas biológicos e químicos, de forma associada ou isolada, com objetivo de quantificar a eficiência de controle sobre mosca-branca, percevejos e coleópteros (Tabela 1).
Tabela 1. Tratamentos com associação entre inseticidas biológicos e químicos, em três aplicações, para controle de pragas na soja.
Fonte: Lima et al. (2020).
No referido trabalho foi observado que os tratamentos contendo inseticidas químicos, seja isolado (tratamento 2) ou em combinação com biológicos (tratamentos 3, 5 e 6), apresentaram menor número de percevejos, com eficiência variando de 92 a 97 %. Porém, a mistura contendo somente inseticidas biológicos (tratamento 4) apresentou maior número de percevejos que todos os demais tratamentos, com exceção da testemunha, resultando numa eficiência de controle de apenas 49 %.
Somado a isso, o controle de mosca-branca com inseticidas químicos foi baixo, seja isolado ou em associação com biológicos. O melhor resultado foi obtido com o tratamento 3 (mistura de químico com biológico), que apresentou 78 % de controle. Ainda, para o controle de coleópteros (cascudinhos, metaleiros e vaquinhas da família Chrysomelidae), o melhor resultado foi obtido com o tratamento 4 (mistura somente de biológicos). Porém, aos dois dias após a segunda e após a terceira aplicação, tornou-se evidente a alta eficiência do inseticida químico, principalmente pelo efeito de choque, seja isolado ou em associação com biológicos, variando de 90 a 99 % de controle.
Portanto, a associação de inseticidas químicos e biológicos pode apresentar efeito sinérgico e aumentar significativamente a eficiência de controle sobre pragas da soja. Ainda existe muito a ser pesquisado e testado em diferentes situações, mas essa associação tem demonstrado resultados promissores.
Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM
REFERÊNCIAS:
Desenso, P.A.Z. Associação de inseticidas sintético e biológicos no manejo de Helicoverpa armigera (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Chapadão do Sul. Dissertação de mestrado. 24 de abril de 2017. Disponível em https://ppgagronomiacpcs.ufms.br/files/2018/01/Disserta%C3%A7%C3%A3o_Paulo-Augusto-Zucchi-Desenso.pdf. Acesso em 05 de julho de 2021.
Kuss, C.C.; Roggia, R.C.R.K.; Basso, C.J.; Oliveira, M.C.N.; Pias, O.H.C.; Roggia, S. Control of Helicoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae) in soybean with chemical and biological insecticides. Pesq. agropec. bras. Brasília, v.51, n.5, p.527-536, maio 2016. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-204X2016000500527&script=sci_abstract&tlng=pt. Acesso em 06 de julho de 2021.
Lima, D.T.; Fernandes, R.H.; Almeirda, D.P.; Rosa, V.C.S.; Freitas, B.V. Associação de inseticidas químicos e biológicos no controle de pragas na cultura da soja. Instituto de Ciência e Tecnologia Comigo (ITC). Anuário de Pesquisas – Agricultura. Volume 3, 2020.
PRECISO DO NOME DE UM INSETICIDA QUIMICO OU BIOLÓGICO PARA COMBATER LARVAS DO LIMÃO.
BICHO FURÃO