Durante o ciclo de desenvolvimento da soja, é comum a aplicação de defensivos agrícolas, bioestimulantes e fertilizantes foliares visando proporcionar boa sanidade para a planta e otimizar seu desempenho produtivo. Além dos tradicionais, fungicidas, herbicidas e inseticidas utilizados no controle de doenças, plantas daninhas e insetos respectivamente, alguns produtos são empregados em soja com o intuito de reduzir estresses abióticos e/ou ajuste fino na nutrição, como é o caso dos bioestimulantes e fertilizantes foliares.
Contudo, embora com benefícios cientificamente comprovados, cabe destacar que nem todo produto foliar aplicado em soja pode resultar no aumento da produtividade da cultura. Isso por que além da formulação e tipo de produto, a capacidade dos produtos foliares, sejam eles bioestimulantes ou fertilizantes, em trazer benefícios para a soja está condicionada ao momento de aplicação.
Para tanto, é necessário compreender a fenologia da soja. O período reprodutivo, representado pela letra “R” na escala fenológica da soja é o período de maior requerimento nutricional e hídrico da cultura. Embora com diferentes fases, é durante o desenvolvimento dos grãos [estágio R5 na escala de Fehr & Caviness (1977) e posteriormente subdividido em subperíodos para maior compreensão (figura 1)], que é possível observar a o crescente acúmulo de matéria seca e nutrientes nos grãos, sendo frequentemente relacionado a manejos nutricionais como a adubação foliar e também o emprego de substancias bioestimulantes.
Figura1. Subdivisão do estádio R5 da soja na escala de Fehr & Caviness (1977) proposta por Yorinori (1996).
Segundo Zanon et al. (2018), o estádio posterior (R6) é denominado “grão cheio ou completo”, ou seja, é possível observar a presença de grãos verdes preenchendo as cavidades dos legumes de um dos 4 últimos nós da haste principal, com folhas completamente desenvolvidas. Já o estágio em sequência (R7) é marcado pelo início da maturação fisiológica da planta, onde ocorre o máximo acúmulo de matéria seca nos grãos, e a planta não absorve mais água nem nutrientes. Em soja, R7 é compreendido como a presença de um legume de cor madura na haste principal da planta (Tagliapietra et al., 2022)
Figura 2. Ilustração de planta de soja em estádio R7.
Logo, embora haja uma variedade de produtos os quais possam ser aplicados via foliar na cultura da soja e em diferentes estádios segundo recomendações dos fabricantes e finalidade da aplicação, cabe destacar que aplicações foliares a partir de R7 não surtem efeito na produção de grãos ou sementes. Isso, porque a partir desse estádio, não há mais ligação entre a planta mãe e os grãos ou sementes (Zanon et al., 2018), sendo assim, todo ou qualquer produto aplicado na soja a partir desse estádio não surtirá efeito produtivo.
Com isso em vista, deve-se atentar para o estádio de desenvolvimento da soja, antes de realizar a aplicação de defensivos, fertilizantes foliares e/ou bioestimulantes, sendo que aplicações posteriores a R7 não implicarão em benefícios produtivos para a lavoura.
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Referências:
TAGLIAPIETRA, E. L. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 2, 2022.
ZANON, A. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Santa Maria, ed. 1, 2018.