O objetivo do presente trabalho foi avaliar o comportamento da tensão superficial (TS) de dois inseticidas associados com diferentes adjuvantes.
Autores: MATHEUS COLAÇO MACHADO1, ADRIANO ARRUÉ MELO2, BRUNA LAISE HETTWER3, ERIC LUCHESE4, AUGUSTO LOPES5, MILENA CAYE5.
Introdução
A pulverização de produtos fitossanitários pode ser afetada pela solubilidade e estabilidade do produto, podendo ocorrer também a incompatibilidade na mistura de calda, viscosidade, formação de deriva, formação de espuma, volatilização, tensão superficial, que podem ser modificados com o uso de adjuvantes, que desempenham funções específicas, como por exemplo, adesivos, espalhantes, molhantes, dispersantes, tamponantes, emulsificantes, antievaporantes, redutor de espuma e redutor de deriva (OLIVEIRA, 2011).
Os adjuvantes são substâncias adicionadas à formulação de defensivos agrícolas ou à calda de pulverização para aumentar a eficiência do produto ou modificar determinadas propriedades da solução, visando facilitar a aplicação ou minimizar possíveis problemas que afetam a absorção devido à sua ação direta sobre a cutícula (VARGAS; ROMAN, 2006). A água, devido à sua elevada tensão superficial (72,6 mN.m-1), apresenta baixa capacidade de molhabilidade quando pulverizada na cutícula foliar das plantas, a qual apresenta características bioquímicas hidrofóbicas, ou seja, antagonistas à água (AZEVEDO, 2011). A utilização de adjuvantes reduz a tensão superficial da água de pulverização, diminuindo o ângulo de contato das gotas isoladas sobre a superfície foliar, fazendo com que elas alterem o seu padrão esférico característico (ANTUNIASSI; BOLLER, 2011).
Segundo Hazen (2000), as gotas de forma esférica tendem a impedir o contato com uma superfície hidrofóbica e, os adjuvantes, tendem a reduzir a tensão superficial e, consequentemente, aumentam a molhabilidade. A molhabilidade pode ser estudada a partir de várias técnicas experimentais, sendo as mais conhecidas a elevação de um líquido em um capilar e o espalhamento de uma gota líquida sobre uma superfície sólida. Sendo assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar esses efeitos dos adjuvantes sobre a tensão superficial de dois inseticidas.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório do grupo de pesquisa Manejo Inteligente de Tecnologia Aplicada – MITA, da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Santa Maria, RS. Para avaliar o efeito dos adjuvantes sobre a tensão superficial (TS) foram utilizados dois inseticidas, Lambda-cialotrina (Trinca Caps®, UPL) e Teflubenzuron (Nomolt 150®, BASF S.A.), associados a quatro adjuvantes diferentes. Os tratamentos utilizados para os inseticidas Lambda-cialotrina e Teflubenzuron foram T1 = água pura, T2 = inseticida, T3 = inseticida + Nimbus® (0,5%), T4 = inseticida + TA 35® (0,05%), T5 = inseticida + Extremo® (0,5%). Para a determinação da tensão superficial (TS) foi utilizado um goniômetro DS 25E. A tensão superficial foi realizada pelo método da gota pendente. Foi realizado o Teste de Tukey para a comparação das médias.
Resultados e Discussão
Os resultados experimentais obtidos estão apresentados a seguir, na tabela 1.
Tabela 1. Valores médios de tensão superficial dos inseticidas associados a diferentes adjuvantes.
A eficiência do adjuvante é dependente da sua capacidade de reduzir rapidamente a tensão superficial da água, na menor concentração possível (ANTUNIASSI; BOLLER, 2011). Sendo assim, observando a tabela 1, para o inseticida Lambda-cialotrina, o melhor tratamento foi o T5, Lambda-cialotrina + Extremo® (0,5%), que resultou numa TS de 26,66 mN m-1. Já com o inseticida Teflubenzuron, o melhor tratamento também foi o T5, Teflubenzuron + Extremo® (0,5%), com TS de 23,52 mN m-1. A partir de uma análise dos tratamentos utilizados, de ambos inseticidas, o adjuvante comercial Extremo® apresentou a menor tensão superficial e um valor significativo quando associado ao Lambda-cialotrina, sendo eficiente em reduzir a tensão superficial, quando comparado aos demais produtos.
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Conclusões
O adjuvante Extremo® apresentou, em ambos tratamentos, valores significativamente menores de TS quando comparado aos demais produtos, demonstrando um melhor desempenho da associação desses inseticidas com Extremo®.
Referências
ANTUNIASSI, U. R., BOLLER. W. Tecnologia de aplicação para culturas anuais. Ed. 1. Passo Fundo: FEPAF, 2011. 279 p.
AZEVEDO, L.A.S. Adjuvantes agrícolas para a proteção de plantas. Ed. 1. Rio de Janeiro: Independente, 2011. 264p.
HAZEN, J. L. Adjuvants – Terminology, Classification, and Chemistry. Weed Technology, 2000. OLIVEIRA, R. B. Caracterização funcional de adjuvantes em soluções aquosas. 2011. 134 f. Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura)-Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2011.
VARGAS, L.; ROMAN, E. S. Conceitos e aplicações dos adjuvantes. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2006. 10 p. html. (Embrapa Trigo. Documentos Online, 56). Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do56.htm.
Informações dos autores
1Aluno de graduação, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria/RS Brasil, Fone (55) 99969 6827 matheus_c_m@hotmail.com;
2Engenheiro Agrônomo, Professor Adjunto, Dep. Defesa fitossanitária, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria/RS;
3Engenheira Agrônoma, Aluna de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Agronomia, UFSM, Santa Maria/RS;
4Engenheiro Agrônomo, Aluno de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, UFSM, Santa Maria/RS;
5Aluno de graduação, Universidade Federal de Santa Maria, UFSM, Santa Maria/RS.