O uso de microrganismos benéficos ao crescimento e desenvolvimento vegetal é cada vez mais presente na agricultura moderna. Dentre os principais microrganismos empregados com o intuído de potencializar o crescimento e desenvolvimento vegetal, destacam-se alguns gêneros e espécies de bactérias desempenhando relações de simbiose e associação com plantas, dependendo da natureza do microrganismos.
Dentre as bactérias mais comuns e utilizadas em culturas agrícolas, Azospirillum brasilense e as bactérias do gênero Bradyrhizobium são as mais conhecidas em virtude dos benefícios proporcionados a culturas como soja e milho. O Bradyrhizobium se destaca pela fixação biológica de nitrogênio quando em simbiose com leguminosas (Fabaceae) como soja, enquanto o Azospirillum brasilense é reconhecido principalmente por sua capacidade em atuar na promoção do crescimento e desenvolvimento vegetal, especialmente das raízes das plantas.
Embora não muito lembrado, um importante grupo de bactérias tem demonstrado importante contribuição ao sistema de produção agrícolas, especialmente para a cultura do milho. Trata-se das bactérias Bacillus aryabhattai. Encontrada na rizosfera do mandacaru (Cereus jamacaru), importante cacto da região da Caatinga, a bactéria Bacillus aryabhattai é capaz de aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação das plantas de milho ao estresse hídrico (Embrapa, 2021).
Segundo May et al. (2019), experimentos que utilizaram a inoculação de bactérias não patogênicas (Bacillus sp e Azospirillum), em condições de campo aberto ou casa-de-vegetação, mostraram aumento na produtividade de milho (Kavamura et al., (2013); Rodríguez-Salazar et al. (2009)) e de cana-de-açúcar (Santos et al., 2017). Rodríguez-Salazar et al. (2009) verificaram que 85% das plantas de milho inoculadas resistiram ao estresse hídrico, e ainda tiveram sua biomassa ampliada em 73%.
Resultados de pesquisas realizadas pela Fundação MS destacam que a inoculação de Bacillus aryabhattai na dose de 200 ml ha-1 em aplicação no sulco de semeadura do milho proporcionou aumento da produtividade de grãos do milho safrinha, sendo o modo de aplicação no sulco superior em relação aos tratamentos aplicados no tratamento de sementes, tratamento de sementes + foliar em V4 e em aplicação foliar em V4 (Tabela 1).
Tabela 1. Massa de 100 grãos e produtividade do milho safrinha 2018 em função de modos de aplicação da bactéria Bacillus aryabhattai em Maracaju, MS, 2018.
Dessa forma, fica evidente a contribuição do Bacillus aryabhattai na produtividade e sustentabilidade da cultura do milho, sendo uma promissora ferramenta de manejo, especialmente se tratando do cultivo do milho safrinha (milho segunda safra).
Veja mais: Micorrizas e a relação além da absorção de nutrientes pelas plantas
Referências:
EMBRAPA. BACTÉRIA ENCONTRADA NO MANDACARU VIRA BIOPRODUTO QUE PROMOVE TOLERÂNCIA À SECA EM PLANTAS. Embrapa Notícias, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/60941801/bacteria-encontrada-no-mandacaru-vira-bioproduto-que-promove-tolerancia-a-seca-em-plantas >, acesso em: 27/01/2023.
GITTI, D. C.; RIZZATO, L. A. MANEJO DA NUTRIÇÃO E SEUS EFEITOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO SAFRINHA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Milho Safrinha 2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Milho-Safrinha-2018.pdf >, acesso em: 27/01/2023.
MAY, A. et al. PROMOÇÃO DE CRESCIMENTO DE MUDAS PRÉ-BROTADAS DE CANA-DE-AÇÚCAR INOCULADAS COM Bacillus Aryabhattai EM DIFERENTES FREQUÊNCIAS DE IRRIGAÇÃO. Embrapa, Boletim de Desenvolvimento e Pesquisa, n. 80, 2019. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/195294/1/boletim-80-Andre.pdf >, acesso em: 27/01/2023.
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