O patógeno Pratylenchus brachyurus, conhecido como o nematoide das lesões radiculares, tem causado sérios danos à soja. Devido ao seu hábito alimentar, parasitismo e por ser um endoparasita migrador com capacidade de sobrevivência na palhada e à falta de moléculas químicas eficientes, seu manejo tem sido um entrave no cenário agrícola. Alguns manejos culturais vêm mostrando relativa eficácia, como rotação de culturas com plantas não hospedeiras, utilizando variedades de milhetos e crotalárias.

Neste cenário de ausência de medidas efetivas e uma demanda cada vez maior por uma produção agrícola sustentável, agentes de biocontrole tem sido uma excelente alternativa no manejo de fitonematoides. Nos últimos anos, diversos bioagentes vêm ganhando destaque no controle dessas pragas, como Burkholderia cepacia (Meyer, 2003), Arthrobotrys spp. (Morton et al., 2004), Pseudomonas spp., Pochonia chlamydosporia, Purpureocillium lilacinum, Pasteuria penetrans e Bacillus spp. (Siddiqui e Mahmood, 1999).

 O controle biológico é uma alternativa ecologicamente sustentável no manejo de nematoides, quando comparado com o controle químico (Coimbra e Campos, 2005) e pode se dar utilizando fungos e/ou bactérias. Podem ser utilizados via tratamento de sementes e/ou aplicado no sulco de plantio (Soares e Santos, 2006). Bacillus spp. são encontrados na rizosfera das plantas, formando biofilme protetor na raiz, podendo atuar como agentes de biocontrole de nematoides. Bactérias são responsáveis pela produção de exsudatos que irão interferir no ciclo reprodutivo dos nematoides, em especial na eclosão dos ovos (Sharma; Gomes, 1996).



Um exemplo é o Bacillus subtilis, que através da produção de metabólitos tóxicos, afetam a eclosão de juvenis e a motilidade dos nematoides (Araújo et al., 2002). Os mesmos podem ainda produzir proteases e induzir enzimas de defesa da planta hospedeira (Kavitha et. al., 2007).

Em trabalho apresentado e publicado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 143, página 460 da sessão de Fitopatologia, realizado em Goiânia no ano passado, os autores ESSER, R., CAMPOS, M.S., TREVISAN, M., FERREIRA, M.G.C., IVANOFF, D., SILVA, M.S.G., CÁSSIA, R.S.J., CARVALHO, R., FERRO, H., BRUNETTA, R., FREIRE, E.S., avaliaram o manejo do P. brachyurus na cultura da soja utilizando o agente de biocontrole, Bacillus amyloliquefaciens BV03 no tratamento de sementes em condições de campo.

O trabalho pode ser acessado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 143, página 460 da sessão de Fitopatologia.

O experimento foi conduzido na Fazenda Fontes do Saber, na Universidade de Rio Verde (UniRV). A escolha da área levou em consideração talhões com baixas produtividades e histórico de alta população de P. brachyurus. Amostras de solos e raízes foram coletadas 30 dias após a semeadura da soja e levadas para o Laboratório de Fitopatologia da UniRV, para levantamento da população de P. brachyurus. Após a certificação de uma alta população na área, as plantas de soja já instaladas foram roçadas e a semeadura realizada na mesma linha da cultura anterior.



As sementes de soja foram tratadas com o agente de biocontrole, B. amyloliquefaciens BV 03, na concentração de 3×109 UFC/mL, nas doses de 0, 0,5, 1,0, 2,0 e 4,0 mL/Kg sementes. Como testemunha química foi empregado a abamectina (Avicta 500 FS®) na dose 1,25 mL/Kg de semente, além de uma testemunha absoluta que foi somente tratada com água. As caldas totalizaram 6 mL por kg de sementes seguindo a recomendação do MAPA. Aos 7 e 14 após a emergência (DAE) foi avaliado o stand de plantas das 4 linhas centrais. Aos 45 (DAE), coletou-se cinco plantas das linhas úteis de cada parcela e quantificou-se as populações de P. brachyurus no solo, pela técnica de Jenkins (1969) e das raízes pelo método de Coolen e D´Herde (1972).

 Não houve diferença estatística entre os tratamentos na avaliação de espécimes de P. brachyurus no solo e população de stand aos 7 e 14 DAE. Contudo, todos os tratamentos diferiram estatisticamente da testemunha absoluta, reduzindo a população de P. brachyurus nas raízes de soja. Entre as doses de B. amyloliquefaciens BV 03, destacou-se a dose de 2 mL/Kg de semente, com redução de 65,4% em relação a testemunha.

Conclui-se que, em condições de campo, o agente de biocontrole Bacillus amyloliquefaciens BV03 via tratamento de sementes é uma ferramenta eficaz no manejo integrado de Pratylenchus brachyurus em plantas de soja.

Na figura abaixo pode-se observar o resultado obtido pelos autores do trabalho.

O trabalho pode ser acessado nos anais do VIII Congresso Brasileiro de Soja, número 143, página 460 da sessão de Fitopatologia.

Elaboração: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

Foto de capa: Cristiano Bellé.

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