Atualmente, os bioinsumos integram as principais ferramentas de manejo no controle de pragas e patógenos na cultura da soja, contribuindo para a redução do uso de agrotóxicos e aumento da sustentabilidade da cultura. Com significativa importância no manejo e controle de pragas, podemos destacar os parasitoides de ovos de insetos, os quais obrigatoriamente matam o hospedeiro (inseto-praga) e necessitam de apenas um indivíduo hospedeiro para completar seu ciclo de vida, sendo que o adulto tem vida livre (Bueno et al., 2022).
Normalmente, na cultura da soja se destacam as espécies hospedeiras das ordens Diptera e Hymenoptera, sendo a ocorrência delas fundamental para o controle natural de populações de pragas na cultura da soja, ou até mesmo no uso como biodefensivo quando inseridas no controle biológico de pragas. Embora haja outras espécies, uma das mais comuns e utilizada como parasitoide de pragas é o Telenomus podisi, capaz de parasitar ovos de Chinavia sp. (3,4% de parasitismo), Diceraeus melacanthus (25% a 50% de parasitismo), Euschistus heros (43,4% de parasitismo), Nezara viridula (0,1% de parasitismo) e Piezodorus guildinii com 20,9% de parasitismo (Bueno et al., 2022).
Por apresentar grande parasitismo em ovos de Euschistus heros, Bueno et al. (2022) destacam que o Telenomus podisi passou a ser uns dos agentes de controle biológico mais avaliado para uso no controle de percevejos em soja. O adulto desse inseto é um microhimenóptero (~1,0 mm) que se desenvolve (de ovo a adulto) dentro dos ovos do percevejo hospedeiro, matando-o e impedindo a emergência de ninfas. Assim, no ovo parasitado, ao invés da emergência de uma ninfa de percevejo, emerge um adulto do parasitoide, que continuará parasitando e controlando novos ovos de percevejo durante sua vida adulta (Bueno et al., 2022).
Figura 1. Telenomus podisi parasitando ovos do percevejo Euschistus heros.

Embora o Telenomus podisi possa ser naturalmente encontrado na natureza, normalmente a população existente é insuficiente para garantir um controle eficaz das populações de percevejo infestantes e garantir baixas infestações da praga, sendo assim, uma das alternativas possíveis como estratégia de controle biológico é a liberação desse parasitoide na lavoura. Contudo, alguns cuidados necessitam ser adotados para o uso adequado desse biodefensivo, sendo necessário entender que o Telenomus podisi não controla percevejos adultos, e sim ovos que darão origem a novos percevejos (ninfas).
Sendo assim, recomenda-se iniciar a liberação dessas microvespas quando for detectada a presença dos primeiros adultos dos percevejos nas lavouras (e os respectivos primeiros ovos), realizando duas a três liberações no intervalo de sete dias (Bueno et al., 2022). Logo, o monitoramento da área de produção é fundamental para o sucesso do controle realizado por esse biodefensivo, havendo necessidade de frequente monitoramento da lavoura. Confira abaixo os parasitoides de ovos registrados para comercialização como biodefensivos na agricultura.
Tabela 1. Parasitoides de ovos registrados para comercialização como biodefensivos na agricultura (Mapa, 2022).

Referência:
BUENO, A. F. et al. MANEJO DE PRAGAS COM PARASITOIDES. BIOINSUMOS NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, cap. 24, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1143066/bioinsumos-na-cultura-da-soja >, acesso em: 14/07/2022.