O trigo é considerado um importante cereal de inverno, que desempenha fundamental papel no sistema plantio direto (SPD), possibilitando maior uso da terra, além de contribuir para sustentabilidade da lavoura. O cultivo do trigo ainda possibilita a o uso de deferentes mecanismos de ação de herbicidas, e inseticidas, contribuindo para o manejo da resistência de plantas daninha e pragas a defensivos agrícolas.
Embora o cultivo do trigo agregue uma série de benefícios ao sistema de produção, a viabilidade da cultura também depende do seu retorno econômico, logo, a busca pelo aumento da produtividade e qualidade do trigo produzido é constante em um sistema de produção de grãos. Além das boas práticas agronômicas, da adequada nutrição e condução da lavoura, algumas estratégias de manejo e ferramentas são frequentemente empregadas no cultivo do trigo visando a obtenção de altas produtividade. Uma delas é o uso de bioestimulantes.
Os bioestimulantes, normalmente são produtos destinados a propiciar condições melhores de crescimento e desenvolvimento vegetal, por meio de estímulo da produção de hormônios vegetais, possibilitando o melhor crescimento do sistema radicular e parte aérea das plantas, dependendo da formulação, época e forma de aplicação. Cabe destacar que o uso de bioestimulantes ou fertilizantes foliares não substitui a adubação de base, independentemente da cultura, quantidade ou forma de aplicação.
Quando aplicar bioestimulantes no trigo?
Na cultura do trigo, visando melhores resultados produtivos, os bioestimulantes devem ser aplicados no tratamento de sementes, perfilhamento ou florescimento. Embora alguns estudos indiquem não haver diferença estatística significativa, em função do uso de bioestimulantes como observado por Chavarria; Pedersen; Deuner (2012) e Portella et al. (2016), é possível identificar diferenças de produtividade do trigo em função do uso de bioestimulantes, quando comparado a testemunha (tabela 1).
Tabela 1. Componentes de rendimento e produtividade de trigo da cultivar Marfim tratadas com Stimulate®, avaliados em dois anos (2009/2010). Passo Fundo, 2011.
A resposta do trigo a aplicação de bioestimulantes pode variar em função das condições ambientais, nutrição, cultivar e sistema de cultivo. Conforme observado por Klein et al. (2013), avaliando os efeitos de manejos de solo sobre as propriedades físicas do solo e da utilização de bioestimulantes sobre o rendimento de grãos de trigo, embora o uso de bioestimulantes no tratamento de sementes não tenha resultado em significativo aumento da produtividade do trigo a nível estatístico, quando associado ao manejo do solo no sistema plantio direto escarificado (PDE), é possível observar incremento de produtividade do trigo em compactação a testemunha (sem bioestimulante).
O experimento conduzido pelos autores consistiu em um delineamento de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e oito repetições, sendo o plantio direto (PD), plantio direto escarificado (PDE), e solo arado (SA) as parcelas principais. As subparcelas foram constituídas dos tratamentos de semente com bioestimulantes: Stimulate® (4 mL kg-1), Booster® (1 mL kg-1) e a testemunha (Klein et al., 2013)
Tabela 2. Rendimento de grãos de trigo em função do manejo de solo e tratamento de semente.
Embora seja possível observar diferenças de produtividade do trigo em função do uso de bioestimulantes, cabe destacar que o efeito benéfico ocasionado por eles está condicionado as condições nutricionais, de ambiente e manejo do sistema de produção, não substituindo a adubação de base. De modo geral, pode-se dizer que bioestimulantes em trigo contribuem um “ajuste fino” para a obtenção de altas produtividades, sendo necessário propiciar condições adequadas de nutrição e ambiente para que a planta possa expressar seu potencial produtivo e as respostas oriundas do uso de bioestimulantes.
Veja mais: Azevém em trigo – Herbicidas pré-emergentes são alternativas de manejo
Referências:
CHAVARRIA, G.; PEDERSEN, A. C.; DEUNER, C. C. BIOESTIMULANTES: ESTABELECIMENTO DE PLÂNTULAS E RENDIMENTO NA CULTURA DO TRIGO. Revista Plantio Direto – março/abril de 2012. Disponível em: < https://www.plantiodireto.com.br/storage/files/128/7.pdf >, acesso em: 10/05/2022.
KLEIN, V. A. et al. PROPRIEDADES FÍSICAS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE TRIGO EM FUNÇÃO DE MANEJO DO SOLO E USO DE BIOESTIMULANTES. Pesq. Agrop. Gaúcha, v. 19, ns.1/2, p. 24-32, 2013. Disponível em: < http://revistapag.agricultura.rs.gov.br/ojs/index.php/revistapag/article/view/117/91 >, acesso em: 10/05/2022.
PORTELLA, G. L. et al. ÉPOCA DE APLICAÇÃO DE BIOESTIMULANTE NA CULTURA DO TRIGO. Revista Cultivando o Saber, n. 2, v. 9, 2016. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/57a3b0ff4ec1d.pdf >, acesso em: 10/05/2022.