O Brasil é o país com a maior biodiversidade do mundo. Segundo dados do Governo Federal, conta com mais de 116.000 espécies animais, mais de 46.000 espécies vegetais e três grandes ecossistemas marinhos. Só pensando em plantas, espalhadas por seis biomas terrestres (Caatinga, Cerrado, Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pampas e Pantanal), a média nacional corresponde de 15 a 25% de todas as existentes no planeta.
O bioma marinho também tem muito a oferecer. Em 2023, a Comissão Europeia anunciou o financiamento do projeto BlueRemediomics, que vai explorar e catalogar diferentes espécies do fundo do mar para agilizar a criação de novos processos dentro das indústrias com menor impacto nos oceanos, reduzindo o desperdício e aumentando a reutilização de produtos e subprodutos naturais.
Diante dessa grande diversidade, marinha e terrestre, um número muito maior de seres vivos também está presente nessa conta e tem papel fundamental em todo o ecossistema: os microrganismos. Estima-se que haja mais de um trilhão de microrganismos diferentes nos diversos ecossistemas da Terra. E cerca de 99% deles ainda permanecem inexplorados pelos seres humanos. Por sua diversidade, o Brasil é um dos locais com maior potencial em bioprospecção e bioeconomia do mundo.
A definição e o momento do país
Bioprospecção pode ser definida como a procura por organismos vivos, sejam eles vegetais, animais, microrganismos ou até mesmo moléculas, genes e outros compostos que sejam de interesse acadêmico, tecnológico e biotecnológico, ou que possuam potencial industrial (para setores como cosmético, alimentar, farmacêutico, entre outros). A pesquisa consiste em explorar os mais distintos biomas terrestres e aquáticos em busca de novos seres que, para aplicação comercial, por exemplo, possam colaborar para a composição de novos produtos.
Na saúde, um exemplo é o programa Emerge Biodiversidade, da Aché Laboratórios Farmacêuticos, que explora os biomas brasileiros para desenvolvimento de insumos medicinais. Já a Unilever busca, nos últimos anos, abandonar os ingredientes de base fóssil para produtos de limpeza, por exemplo. Na agricultura, a bioprospecção pode ajudar – e vem sendo cada vez mais aplicada – no desenvolvimento de novas NBSs (nature-based solutions, ou soluções baseadas na natureza), tecnologias biológicas capazes de reduzir o uso de pesticidas e herbicidas químicos.
A bioprospecção é uma das técnicas mais antigas da história humana. No país, tem sido aplicada há cerca de 15.000 anos, desde a chegada das primeiras populações indígenas, e, mesmo assim, ainda há muito a ser explorado. A importância e riqueza do tema é tamanha que, em 2010, durante a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, foi criado o Protocolo de Nagoia, um acordo internacional incluindo mais de 140 países que estabelece as diretrizes para as relações comerciais entre o país provedor de recursos genéticos e aquele que vai utilizá-los, estabelecendo padrões de pagamento de royalties, estabelecimento de joint ventures, direito a transferência de tecnologias e capacitação, entre outros. O Brasil ratificou o Protocolo em 2021, mas o acordo foi promulgado no Diário Oficial da União apenas no final de 2023, passando a valer já no ano passado.
Na busca por genes, moléculas, mecanismos e processos bioquímicos de interesse, uma das ferramentas utilizadas são as “ômicas”, um conjunto de técnicas moleculares que auxiliam na compreensão das diferentes moléculas biológicas que dão funcionalidades a um organismo. Através desse estudo, é possível mapear as propriedades e pensar na aplicabilidade das características desse organismo.
“Os microrganismos nativos dos mais diversos biomas guardam enorme potencial para uso como biofertilizante, bioestimulantes e agentes de biocontrole. O acesso a essa biodiversidade é fundamental, e certamente poderá fornecer microrganismos que gerem benefícios não só para a agricultura, mas também para toda a cadeia”, afirma Rafael de Souza, CEO e cofundador da biotech Symbiomics.
Um dos maiores casos de sucesso nessa aplicação, voltados à agricultura, foi o desenvolvimento de inoculantes à base de Bradyrhizobium para fixação biológica de nitrogênio (FBN). O uso da bactéria noduladora para esse fim é hoje utilizado em quase a totalidade da área plantada de soja no país e representa uma economia anual de mais de US$ 2 bilhões para o Brasil, segundo a Embrapa.
A biotech Symbiomics é outro bom exemplo sobre como transformar a bioprospecção em negócio. Ao explorar diferentes ambientes naturais, a empresa tem acesso a uma enorme diversidade microbiana com múltiplas aplicações. Em seu laboratório, possui ferramentas para isolar e identificar milhares de microrganismos de forma mais rápida e menos custosa, e, a partir daí, selecionar aqueles capazes de competir eficientemente com a microbiota natural da planta e do solo. Ao colonizarem os cultivares agrícolas de forma mais robusta, promovem um impacto direto na produtividade vegetal.
“Combinamos tecnologias de sequenciamento, machine learning, edição genética e outras ferramentas de análises para descobrir a melhor combinação de microrganismos para uma aplicação específica e, assim, ajudar a promover uma agricultura mais sustentável, com menos químicos e menos nociva ao meio ambiente e à saúde humana”, finaliza Jader Armanhi, COO e cofundador da biotech.
Sobre a Symbiomics
A Symbiomics é uma empresa de biotecnologia. Fundada em 2021, tem como objetivo transformar globalmente a agricultura com produtos biológicos de nova geração. A companhia desenvolve soluções de alto desempenho para aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável e com menor impacto ambiental. Os produtos contêm microrganismos utilizados para múltiplas aplicações, como nutrição vegetal, biocontrole, sequestro de carbono e bioestimulante. O departamento de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa trabalha com o que há de mais avançado no mercado em genômica, microbioma e análise de dados para aumentar a produtividade de culturas agrícolas por diversos meios, como biofertilização, aumento da resiliência a estresses ambientais e controle biológico.
www.symbiomics.com.br | https://www.linkedin.com/
A Symbiomics é uma empresa de biotecnologia. Fundada em 2021, tem como objetivo transformar globalmente a agricultura com produtos biológicos de nova geração. A companhia desenvolve soluções de alto desempenho para aumentar a produtividade agrícola de forma sustentável e com menor impacto ambiental. Os produtos contêm microrganismos utilizados para múltiplas aplicações, como nutrição vegetal, biocontrole, sequestro de carbono e bioestimulante. O departamento de Pesquisa & Desenvolvimento da empresa trabalha com o que há de mais avançado no mercado em genômica, microbioma e análise de dados para aumentar a produtividade de culturas agrícolas por diversos meios, como biofertilização, aumento da resiliência a estresses ambientais e controle biológico.