Durante o ciclo de desenvolvimento, grande parte das culturas agrícolas sofre com o ataque de pragas, que dentre outros danos, causam significativa redução da produtividade. Embora o controle químico com o uso de inseticidas prevaleça na maioria das lavouras comerciais, ferramentas alternativas podem contribuir para o aumento da eficiência de controle de pragas.

Uma dessas ferramentas é a biotecnologia Bt. O Bacillus thuringiensis (Bt) é uma bactéria Gram positiva, que pode ser caracterizada pela sua habilidade de formar cristais proteicos durante a fase estacionária e/ou de esporulação (Carneiro et al., 2009). Os genes Bt são inseridos geneticamente em algumas das principais culturas agrícolas como soja, milho, algodão e cana-de-açúcar, possibilitando o controle de determinadas pragas que atacam essas culturas.

A partir da ingestão de partes de plantas com a tecnologia Bt, a proteína Cry se liga a receptores específicos no intestino do inseto causando sua morte (figura 1). Contudo, quando utilizada continuamente sem o adequado manejo, a tecnologia Bt pode apresentar dificuldades no controle aos insetos. Isso, por que a utilização contínua de um mesmo mecanismo para controle dos insetos pode causar resistência em alguns indivíduos (Santos, 2020).

Figura 1. Mecanismo de ação dos inseticidas Bt: como as toxinas contaminam o inseto.

Fonte: Araunah Agro.

Para a manutenção da funcionalidade da tecnologia Bt e manejo da resistência de insetos a essa biotecnologia, é fundamental o cultivo de áreas de refúgio, as quais tem como objetivo servir como habitat para o desenvolvimento de insetos suscetíveis a tecnologia Bt. O cruzamento entre insetos oriundo de áreas de refúgio e áreas Bt possibilita o desenvolvimento de indivíduos suscetíveis ao Bt, contribuindo para a manutenção da eficiência de controle da biotecnologia.



Figura 2. Cruzamento de insetos da lavoura de milho convencional e Bt.

Foto: Forseed.

Contudo, para um adequado manejo da resistência de pragas algumas orientações devem ser seguidas para a adoção de áreas de refúgio. Confira abaixo as recomendações do Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas (IRAC-BR) para a adoção de áreas de refúgio.

  • O refugio deve ser composto por plantas não Bt;
  • Não se deve realizar a mistura de sementes Bt e não Bt;
  • O tamanho da área de refugio varia em função do total cultivado com a cultura Bt, sendo indicado a adoção de 20% de áreas de refúgio para a cultura do algodão ou soja e 10% para o milho;
  • É recomendado que o ciclo vegetativo do híbrido ou variedade da área de refúgio seja similar ou mais próximo possível ao da cultura Bt;
  • O refúgio deve ser formado por um bloco de plantas não Bt, que se encontrem a menos de 800 metros da área Bt, logo, essa é a distancia máxima entre qualquer planta Bt e uma planta não Bt (figura 3);
  • Para o aumento da eficácia do refúgio, recomenda-se o cultivo de faixas de refúgio dentro do campo com a cultura Bt;
  • Seguir as orientações dos fornecedores das sementes sobre os limites para pulverização foliar no refúgio:

– Milho: não exceder duas pulverizações de inseticidas, as quais deverão ser realizadas até V6;

Algodão e soja: Seguir as recomendações de nível de ação (IRAC-BR, 2018).

Figura 3. Configuração em Bloco – Distância máxima da área de refúgio e da lavoura com plantas Bt.

Foto: Forseed.

Veja mais: Plantas com tecnologia Bt


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Referências:

CARNEIRO, A. A. et al. MILHO BT: TEORIA E PRÁTICA DA PRODUÇÃO DE PLANTAS TRANSGÊNICAS RESISTENTES A INSETOS-PRAGA. Embrapa, Circular Técnica, n. 135, 2009. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/milho-bt-teoria-e-pratica-da-producao-de-plantas-transgenicas-resistentes-a-insetos-praga.pdf/4af81f7d-c402-4c02-8ad2-a3700588388f >, acesso em: 03/06/2022.

COMITÊ DE AÇÃO À RESISTÊNCIA A INSETICIDAS: BRASIL. MANEJO DA RESISTÊNCIA A INSETICIDAS E PLANTAS Bt. IRAC-BR, 2018. Disponível em: < https://www.irac-br.org/_files/ugd/2bed6c_029627fdae5a499ca06c3eb4cb2fba0a.pdf?index=true >, acesso em: 03/06/2022.

FORSEED. ÁREAS DE REFÚGIO. Disponível em: < https://www.forseedsementes.com.br/boas-praticas-agronomicas/areas-de-refugio/ >, acesso em: 03/06/2022.

SANTOS, M. S. TECNOLOGIA Bt: IMPORTÂNCIA E CUIDADOS NA SUA UTILIZAÇÃO. Mais Soja, 2020. Disponível em: < https://maissoja.com.br/tecnologia-bt-importancia-e-cuidados-na-sua-utilizacao/ >, acesso em: 03/06/2022.

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