Com todos os mercados de trigo totalmente paralisados, contando os danos das últimas geadas e chuvas, com a certeza de que os níveis de preços serão mudados daqui para frente, nos permitiremos apresentar informações mais importantes, sobre a avaliação das safras feitas nesta quarta-feira pelos participantes da Câmara Setorial Nacional de Trigo, da qual a T&F Agroeconômica participou como convidada.

O resumo das apresentações é o seguinte:

1.AVALIAÇÃO DA SAFRA DE TRIGO 2020/21 NESTA SEMANA

1.1. MINAS GERAIS E GOIAS – Em Minas Gerais a colheita do sequeiro já terminou e agora os trabalhos se voltam para a colheita do trigo irrigado. A avaliação é a de que a produtividade é a maior dos últimos 20 anos, segundo o Dr. Eduardo Abrahim, elevando o potencial produtivo para algo próximo a 300 mil toneladas a partir de uma produtividade média de 4.400 toneladas. Em Goiás houve uma surpresa boa: a área plantada foi maior do que inicialmente prevista, a qualidade do trigo está apresentando ph 85/86, excelente para fazer farinha.

 O potencial produtivo já superou 150 mil toneladas, podendo chegar a 180 mil toneladas nesta safra.

1.2. SÃO PAULO – Geadas não chegaram no estado, safra se desenvolvendo muito bem, colheita começou há duas semanas, mas teve que ser interrompida por chuvas. Potencial produtivo entre 280/300 mil toneladas. Os preços subiram: antes da geada eram de R$ 1.100,00/t depois dela passou para R$ 1.200,00/t FOB, mínimo.

1.3. PARANÁ – Como o estado tem regiões bem diferentes de plantio de trigo, o impacto das geadas e chuvas também foi diferente. No Norte do estado, que vinha tendo problemas com seca, sofreu com o impacto de chuvas de 150 mm em 3 dias, afetando o FN. Mas, não teve problemas de geadas. No meio do estado, regiões de Ivaiporã, Campo Mourão e Maringá, também não tiveram problemas de geadas, mas de seca inicialmente e chuvas na semana passada. A região Oeste sofreu com seca, depois excesso de chuva, acamamento e doenças, mas também não teve problema de geada.

A região Sudoeste foi a mais impactada, com os maiores danos de geadas, que estão sendo levantados. A região Central e dos Campos Gerais teve um pouco de problema com seca, mas, como é a última a plantar no estado, as plantas ainda não estavam em estágios susceptíveis às geadas. Espera-se uma boa produtividade. O potencial produtivo inicial era de 3,74 milhões de toneladas e deverá passar agora para um pouco mais de 3,0MT (nova estimativa sairá nesta semana). A nova estimativa das condições das lavouras, passou de 83% boas para 73% boas, 15% médias para 20% médias e 2% ruins para 7% ruins.

1.4. SANTA CATARINA – A área aumentou entre 10% e 15% e, como planta mais tarde, as geadas não afetaram as lavouras. Potencial produtivo é de 180 mil toneladas

1.5. RIO GRANDE DO SUL – Com regiões bem distintas, os efeitos das chuvas e geadas foram diferentes. Nas Missões o trigo estava em fases de emborrachamento e formação de grão e deve ter sofrido perdas entre 15% e 20% na quantidade e uma perda considerável, que ainda está sendo avaliada, de qualidade. O potencial produtivo, que era de 2,7 milhões de toneladas, agora está sendo estimado em pouco mais de 2,0 MT.

O grande medo de todos serão os efeitos sobre a qualidade dos trigos; estima-se inicialmente perdas entre 30% e 40% nas regiões atingidas. Será necessário um grande esforço extra para a segregação dos vários tipos que forem produzidos nesta safra.

2. CABOTAGEM – A Câmara se incorpora ao esforço do governo por melhorar o transporte por cabotagem o Brasil, devendo contribuir com sugestões e indicação de nomes para o setor.

3. MICOTOXINAS – A imprecisão atual dos percentuais e suas aplicações leva risco ao setor de moinhos, que é, em última análise, o responsável por responder pela condição sanitária das farinhas. A Câmara fará apelo para melhor definição dos padrões.

4. EXPANSÃO DO TRIGO NO BRASIL CENTRAL – Caso inédito nesta safra de dois corretores gaúchos buscando trigo em Minas Gerais, por dois motivos: maior disponibilidade do produto, por já ter a colheita adiantada e excelente qualidade. Mas os preços não foram compatíveis (ainda).

A maior qualidade do trigo no Cerrado é a previsibilidade. Não há eventos climáticos inesperados, como acontece no Sul. O estado de Minas Gerais tem 2,0 milhões de hectares aptos ao plantio de trigo, que poderiam produzir, sozinhos, algo como 9,0 milhões de toneladas, cerca de 28,6% a mais do que todo o Brasil deverá produzir nesta safra.

Se somente um terço das áreas irrigadas que já estão implantadas nos estados de MG/GO/DF fossem plantadas com trigo, a produção poderia crescer em 1,5 milhão de toneladas a mais. Para isto precisaria haver mais moinhos compradores na região, que é privilegiada em relação a frete para os principais centros consumidores, além de uma forte divulgação das vantagens do plantio de trigo junto aos produtores locais.

Um dos problemas em Minas Gerais é a tributação: a venda de trigo de São Paulo para Minas paga 2% de ICMS e de Minas para São Paulo paga 12%! Isto impede o fluxo e o aumento de produção no estado. Além de MG, GO e DF, a região do MATOPIBA também tem muitas áreas que podem receber o plantio de trigo, mas, para isto, precisa implantar um sistema de compras e fluxo de comercialização, que ainda não existe. Mas, existe forte demanda e todo o sistema de produção a soja que pode ser aproveitado.



Fonte: T&F Agroeconômica

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.