O objetivo do presente estudo foi analisar o comportamento germinativo de sementes de capim-amargoso em diferentes profundidades de semeadura.

Autores: João Paulo Costa¹, Maria T. B. da Silva2, Aurélio C. S. Moreira3, Gabriella D. O. P. Carneiro4

Trabalho publicado nos Anais do evento e divulgado com a autorização dos autores.

Introdução

O capim-amargoso (Digitaria insularis (L.) Fedde) é uma espécie nativa de regiões subtropicais e tropicais a América. No Brasil, esta espécie tem se tornado uma planta daninha dominante em lavouras de cereais, café, pomares e áreas de oleaginosas, principalmente após o advento do sistema de plantio direto (LEMES et al., 2010; HEAP, 2013).

A dominância do capim-amargoso em lavouras se deve as suas características de agressividade, como grande produção de biomassa, grande produção de sementes e formação de rizomas (GAZZIERO et al., 2012). Além disso, alguns biótipos dessa espécie apresentam resistência ao glyphosate (inibidor da enolpiruvilshiquimato-3-fostato sintase–EPSPs) e aos herbicidas do grupo químico ariloxifenoxipropionato (inibidores da acetil-coA carboxilase –Accase) (HEAP, WEEDSCIENCE, 2018).

O objetivo do presente estudo foi analisar o comportamento germinativo de sementes de capim-amargoso em diferentes profundidades de semeadura.

Material e métodos

O experimento foi conduzido em casa de vegetação, localizada no Centro Universitário de Patos de Minas, município Patos de Minas, estado de Minas Gerais. O delineamento estatístico experimental utilizado foi o de blocos casualizados (DBC), com cinco tratamentos e quatro repetições.

As sementes passaram pelo processo de quebra de dormência, que foi realizado utilizando soluções de 30 ml de ácido sulfúrico e 70 ml de água destilada, sendo mergulhadas nessa solução por 20 minutos e logo após realizada assepsia superficial mediante a imersão em solução de hipoclorito de sódio 2% por 5 minutos, seguida de lavagem em água destilada.

Para o teste de profundidade foram dispostas 25 sementes por repetição, que foram semeadas em vasos de 5 dm-3, onde o solo para a realização do experimento foi coletado na Escola Agrotécnica Afonso Queiroz, localizada em Patos de Minas – MG, e em seguida peneirado por peneira de 3mm e logo após colocado em sacos plásticos e autoclavado por uma hora a uma temperatura de 120 graus para evitar qualquer tipo de infestação indesejada durante o experimento.

As sementes foram submetidas a profundidades de 0, 2, 4, 8 e 12 cm, onde 0 a semente ficou sob a superfície do vaso e o restante semeadas e cobertas com a quantidade de solo em cada profundidade. Para ser colocado o solo nos vasos, foram dispostas dentro das mesmas, folhas de jornais para evitar a saída do mesmo pelos buracos, mas sem evitar que a água ficasse armazenada.

Os vasos foram irrigados diariamente para manter a umidade do solo adequada. Todos os vasos foram colocados de forma aleatória sendo feito o sorteio de cada tratamento para evitar erros experimentais. Se o coleóptilo fosse visível acima da superfície do solo as sementes eram consideradas emergentes.

As contagens foram realizadas com o IVE (índice de velocidade de emergência) onde foram feitas contagens diárias até os 21 dias sendo consideradas germinadas as sementes com raízes de aproximadamente 2 mm (REHMAN et al., 1996).


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Os dados foram submetidos a análise de variância a 5% de probabilidade pelo teste F e feito o ajuste por análise de regressão.

Resultados e discussão 

Apenas na profundidade de 12 cm não foi observado à emergência de sementes de capim-amargoso. A maior porcentagem de emergência e maior IVE ocorreu aos 0 cm de profundidade (Figura 1).

Quando enterradas a 8 cm, as sementes de capim-amargoso foram capazes de emergir, mas em porcentagens inferiores quando comparadas as menores profundidades (Figura 1).

Figura 1: Porcentagem de germinação de capim-amargoso submetido a diferentes profundidades.

Isso pode ter ocorrido devido à pouca quantidade de reserva disponível nas sementes de capim-amargoso, mas também, pelo fato de que as sementes que estavam em menores profundidades estavam sujeitas a melhores condições de temperatura, o que ocasiona um maior índice germinativo, (NETO et al 2016).

Conclusão 

Pode se concluir que práticas que promovam o enterro das sementes de capim-amargoso a profundidades superiores a 8 cm podem auxiliar no manejo dessa espécie.

Referências 

GAZZIERO, F.D. et al.  Capim-Amargoso: mais um caso de resistência a glifosato. Revista Edição 764/2012. Disponível em: <http://edcentaurus.com.br/agranja/edicao/764/materia/4572> Acesso em: 23 fev. 2018.

HEAP, I. O Levantamento Internacional de Ervas Daninhas Resistentes a Herbicidas. Conectados. Internet. Disponível em <www.weedscience.org.> Acesso em: 18 jun. 2018.

LEMES, L. N. et al. Weed interference on coffee fruit production during a four-year investigation after planting. African J. Agric. Res., v. 5, n. 10, p. 1138-1143, 2010.

NETO, G. O. JÚNIOR; CONSTANTIN P. R. O. J; BIFFE D. F., G. B. P. BRAZ, G. B. P., TAKANO, H.  K. Influência da profundidade de semeadura na emergência de capim-amargoso.  Anais do XXX Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas, Conhecimento e Tecnologia a Serviço do Agricultor. UFSC, 2016. 813 pg.

REHMAN, S.; HARRIS, P.J.C.; BOURNE, W.F.; WILKIN, J. The effect of sodium chloride on germination and the potassium and calcium contents of Acacia seeds. Seed Science and Technology, Zurich, v.25, p.45-57, 1996.

Informações dos autores: 

1Graduando em Agronomia, Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM/MG -Brasil;

2Graduando em Agronomia, Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM/MG -Brasil;

3Graduando em Agronomia, Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM/MG -Brasil;

Engenheira Agrônoma, Centro Universitário de Patos de Minas – UNIPAM/MG -Brasil;

Disponível em: Anais do XXXI Congresso Brasileiro da Ciência das Plantas Daninhas 2018. Rio de Janeiro- RJ.

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