Uma das plantas daninhas mais presentes em ambientes agrícolas é o capim-amargoso (Digitaria insularis). A espécie apresenta rápido crescimento e desenvolvimento, além de elevada habilidade competitiva, o que torna o capim-amargoso, uma preocupante planta daninha no sistema de produção de soja.
Os danos variam em função do período de convivência e densidade populacional da planta daninha. Resultados do Supra Pesquisa demonstram que, populações de apenas 1 planta m² de capim-amargoso, podem causar reduções de produtividade de até 21% na soja. A medida em que há o aumento da densidade populacional da planta daninha, tem-se o aumento da redução da produtividade da soja, podendo ultrapassar 50% em casos mais extremos.
Figura 1. Interferência de diferentes populações de capim-amargoso (Digitaria insularis) na produtividade da soja.
Considerando o expressivo impacto que essa planta daninha pode causar na produtividade da soja, o controle eficiente do capim-amargoso é imprescindível para a obtenção de boas produtividades. No entanto, o capim-amargoso apresenta algumas características e particularidades que dificultam o controle eficiente dessa planta daninha.
A planta apresenta capacidade de formar touceiras a partir de pequenos rizomas, apresenta florescimento durante praticamente todo o ano e elevada capacidade de produção de sementes, revestidas por pelos que facilitam a sua disseminação (Rizzardi, 2019). Lamas (2021) destaca que uma planta de capim-amargoso pode produzir até 100 mil sementes durante seu ciclo.
Essas características fisiológicas da planta, atreladas a resistência de algumas populações a determinados herbicidas, dificulta o manejo e controle do capim-amargoso em soja. Atualmente, a nível global, há relatos de seis casos de resistência do capim-amargoso a herbicidas, dos quais, três são no Brasil e o restante em países vizinhos. Os casos mais preocupantes estão relacionados a resistência múltipla aos herbicidas Inibidores da ACCase e EPSPs, herbicidas mais utilizados para o controle pós-emergente em soja.
Tabela 1. Casos de resistência do capim-amargoso (Digitaria insularis) a herbicidas.
Tendo em vista que algumas populações de capim-amargoso apresentam resistência aos principais graminicidas utilizados para o controle dessa planta daninha em pós-emergência da soja, estratégias alternativas de manejo necessitam ser adotadas a fim de controlar essas populações resistentes e reduzir a matocompetição com a soja.
Em vídeo, o Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht destaca a importância de se trabalhar com herbicidas pré-emergentes, especialmente em área com histórico de infestações. Em populações não resistentes, associações de herbicidas com glifosato tem contribuído para o controle do capim-amargoso.
Sobretudo, em áreas com histórico de falhas de controle, e/ou com casos de resistência das plantas daninhas a herbicidas, é crucial trabalhar com estratégias que permitam o controle anterior a pós-emergência da soja.
Além do emprego de herbicidas pré-emergentes, aplicações sequenciais na pré-semeadura da soja têm contribuído para o controle eficiente do capim-amargoso, especialmente quando utilizados herbicidas inibidores da Protox e da glutamina sintetase, principalmente quando posicionados no rebrote do capim-amargoso.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do Professor e Pesquisador Alfredo Albrecht.
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Referências:
RIZZARDI, M. A. CAPIM-AMARGOSO: UM NOVO PROBLEMA NAS LAVOURAS DO RIO GRANDE DO SUL? Up. Herb: Academia das Plantas Daninhas, 2019. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/int/capim-amargoso-um-novo-problema-nas-lavouras-do-rio-grande-do-sul >, acesso em: 23/02/2024.
LAMAS, F. M. ARTIGO: A SOBREVIVÊNCIA DAS PLANTAS EM AMBIENTES RESTRITIVOS. Embrapa: News, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/66776098/artigo-a-sobrevivencia-das-plantas-em-ambientes-restritivos#:~:text=O%20capim%2Damargoso%20tamb%C3%A9m%20se,apresentam%20alta%20capacidade%20de%20dispers%C3%A3o. >, acesso em: 23/02/2024.
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 23/02/2024.
