O capim-pé-de-galinha (Eleusine indica) é uma das principais plantas daninhas do sistema plantio direto, infestando diversas áreas de cultivo, e impactando significativamente a produtividade de culturas como soja e o milho. A planta apresenta elevada habilidade competitiva. Dependendo do período de convivência e densidade populacional, perdas de produtividade superiores a 80% podem ser observadas em soja (HRAC-BR, 2022).
Dessa forma, o controle do capim-pé-de-galinha é indispensável para assegurar a boa produtividade das culturas agrícolas, reduzindo a matocompetição por água, radiação solar e nutrientes, possibilitando com que, a planta expresse seu potencial produtivo. Dentre as principais medidas de controle dessa planta daninha, destaca-se o controle químico com o emprego de herbicidas.
Controle químico e casos de resistência
Ainda que o controle químico com o emprego de herbicidas pós-emergentes seja o método mais utilizado para o manejo do capim-pé-de-galinha, os casos de resistência dessa planta daninha a herbicidas tornam seu controle um tanto quanto complexo. Em culturas como a soja RR, graminicidas FOPs e DIMs, associados e /ou de forma isolada, em conjunto com o herbicida glifosato (inibidor da EPSPs), constituem as principais ferramentas de controle pós-emergente do capim-pé-de-galinha.
Contudo, desde 2003 casos de resistência de Eleusine indica vem sendo relatados no Brasil, aos principais herbicidas utilizados no controle dessa planta daninha. Segundo Heap (2024), em 2003 foi relatada a resistência de populações de capim-pé-de-galinha aos herbicidas inibidores da ACCase, cihalofop-butil, fenoxaprop-etila e setoxidim.
Em 2016, foi relatada a resistência dessa planta daninha ao herbicida glifosato, nas culturas da soja, milho e trigo. Posteriormente, em 2017, casos de resistência múltipla do capim-pé-de-galinha aos herbicidas fenoxaprop-etila, glifosato e haloxifop-metil (inibidores as ACCase e EPSPs), foram observados nas culturas do milho, feijão, soja e algodão (Heap, 2024).
Populações resistentes
Tendo em vista que os inibidores da ACCase e o glifosato são os herbicidas mais utilizados no controle pós emergente do capim-pé-de-galinha em soja, é fundamental conhecer e compreender os casos de resistência presentes em cada área de cultivo. Não necessariamente a população de capim-pé-de-galinha que apresenta resistência ao glifosato, também apresenta aos inibidores da ACCase (FOPs ou DIMs).
Isso demonstra que conhecer a população presente de capim-pé-de-galinha está diretamente relacionado ao sucesso do manejo. O posicionamento dos herbicidas pode influenciar diretamente na eficácia de controle dessa planta daninha, mesmo se tratando de populações resistentes, quando posicionados herbicidas cujas plantas apresentam sensibilidade.
Vale destacar que a época de controle (figura 1), também exerce influência sobre a eficácia de controle da planta daninha. Plantas adultas, já florescidas não são controladas pelos herbicidas glifosato e inibidores da ACCase em uma única aplicação, sendo necessário, realizar aplicações sequencias nessas condições (Correia & Araújo, 2019).
Figura 1. Pós-emergência inicial, normal, tardia e avançada de plantas de capim-pé-de-galinha.
Confira o que o professor e pesquisador Alfredo Albrecht tem a dizer sobre o tema.
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Referências:
CORREIA, N. M.; ARAÚJO, L. S. Eleusine indica: BIOLOGIA, RESISTÊNCIA E MANEJO. Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas, 2019. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/164z1FfkICJHLvEJU2gxIQuOeojsersT9/view >, acesso em: 11/03/2024.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 11/03/2024.
HRAC-BR. Capim-pé-de-galinha: saiba mais sobre essa planta daninha. Comite de Ação à Resistência aos Herbicidas, 2022. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/post/capim-p%C3%A9-de-galinha-saiba-mais-sobre-essa-planta-daninha >, acesso em: 11/03/2024.